Anticristo - 2009

Anticristo (Antichrist)

País: Dinamarca, Alemanhã, França, Suécia, Itália, Polônia
Ano de Produção: 2009
Direção: Lars Von Trier
Roteiro: Lars Von Trier
Forografia: Anthony Dod Mantle
Gênero: Drama, Terror

Sinopse: Casal (Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg) devastado com morte do único filho muda-se para uma casa no meio da floresta para superar o episódio. Mas os questionamentos do marido, psicanalista, sobre a dor do luto e o desespero de sua esposa desencadeiam uma espiral de acontecimentos misteriosos e assustadores. E as consequências dessa investigação psicológica são as piores possíveis.

Elenco:

Willem Dafoe
Charlotte Gainsbourg

Trailer:

“Trabalho para mim mesmo. Não devo satisfação a ninguém. Não tive escolha (ao fazer o filme). Foi a mão de Deus, eu temo. E eu sou o maior diretor de cinema do mundo. Não sei se Deus é o melhor Deus do mundo”

Resposta exasperada de Trier à um crítico exasperado após assistir e não entender o filme Anticristo.

Diretor de filmes densos e polêmicos Lars Von Trier choca, provoca e intriga com Anticristo.
Anticristo é o tipo de filme que você pode compreender ou não, amar, odiar ou amar mesmo sem entende-lo.
Trier não pede desculpas pelo filme, mas ajuda a compreende-lo ao falar que o filme foi filmado durante uma grave depressão do diretor que realizou o filme como uma forma de terapia, onde a trama é mero pretexto pra contar alguns de seus sonhos durante esse período. Isso não diminui sua obra que é passiva de muitas interpretações já que está recheada de simbolismos.

O filme conta a história de um casal interpretado por (Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg) que perdem o filho em um trágico acidente onde o menino caiu de uma janela enquanto os pais faziam sexo. O homem, um psicanalista, resolve cuidar de sua mulher que sofre demasiadamente a perda da criança e para isso se isolam em uma cabana cravada no meio de uma floresta chamada Éden e é a partir daí que o filme começa a tomar corpo e a desafiar nossa mente.

No prólogo todo em um preto e branco belíssimo em câmera lenta, nos mostra de maneira explícita o homem e a mulher fazendo sexo enquanto a criança consegue sair de seu berço e subir na janela, e acaba caindo no mesmo instante em que o casal atinge o orgasmo; tudo isso acompanhado de uma obra de Handel. A criança morrer no exato momento em que o casal fazia sexo serve como introdução para dois temas que irão permear todo o filme: o sexo e a morte, e o embate entre razão e emoção representada pelo natureza, a natural e a humana. O menino cai da janela no exato momento do orgasmo, naquele instante em que a razão não comanda mais e os sentidos anulam qualquer vontade contrária aquilo, aonde é travada a luta contra a natureza. O filme segue essa direção, colocando a razão em cheque e em contraponto nossa natureza.

Segue-se para o capítulo 1 "Luto"; onde a mulher entra em um sofrimento demasiado e o homem tenta ajudar sua mulher com o que sabe e utiliza-se da análise e jogos psicológicos para identificar qual é o maior medo da mulher e faze-la confronta-lo. Eles então seguem para a cabana que fica no lugar chamado Éden e é nessa hora que Trier faz uso de simbologia para indicar que aquilo não está nem perto de ser o Paraíso. Durante a trilha para a cabana a mulher afirmar que o chão está queimando, e o homem em contrapartida diz que o chão não pode queimar, mas vemos as marcas de queimaduras nos pés dela. Cansada a mulher deita-se à sombra de uma árvore. O homem caminha mais um pouco a frente e vê uma corça com metade de seu filhote ainda dentro de si e a metade que aparece está morta; então ela o olha e vai embora. A simbologia nos mostra que daí pra frente vamos viajar para o inferno, seja ele físico com as queimaduras nos pés, ou seja retificando a frase “o inferno somos nós”, já que o chão pareceu queimar apenas a mulher que era quem mais se culpava e quem temia o local. A corça segundo uma antiga lenda que nos conta que ela seria capaz de encontrar água apenas com a audição se nunca perdesse a esperança, logo, ela representa a esperança que se vai e nos lembra que segundo a mitologia grega nos portões do Hades estavava a lúgubre inscrição “Abandone toda a esperança aquele que aqui entrar”.

O segundo capítulo “Dor (caos reina)”. Esse capítulo nos mostra todo o lado soturno da natureza, o lado cruel, onde tudo o que nasce tem unicamente o propósito de morrer; isso é evidenciado quando a mulher diz “a natureza é a igreja de satã”, o contrário de Deus, a vida. Isso se evidencia quando a mulher ouve a própria floresta chorar, a nossa natureza que não aceita o final ao qual somos todos fadados e é essa natureza, representada pela floresta que a razão representada pelo homem tenta compreender, não é a toa que nesse capítulo uma raposa eviscerada come suas próprias carnes olha para o homem e diz “o caos reina” é a natureza se torna o anticristo, aquilo que não podemos compreender, mas tentamos com a razão domar, e sairmos do estado de natureza.

Em “Desespero (Genocídio)” a natureza humana se mostra superior a razão, ela aflora de maneira violenta e auto destrutiva. A mulher surta e começa a atacar o homem emasculando-o perfurando sua perna para colocar um peso incapacitando o homem de andar. Ele foge e se refugia num velho buraco de raposa e enquanto a mulher o procura um corvo que estava escondido no mesmo buraco que o homem começa a grasnar delatando onde ele está. A mulher tenta tirá-lo de lá a força, mas não conseguindo pela brutalidade oferece-se como que arrependida. Os dois seguem para a casa e lá a mulher tenta novamente matar o homem com uma tesoura, mas antes corta o próprio clítoris.
Trier trabalha com três significados muito fortes no filme desencadeados pela perda do menino; o sofrimento, a dor e o desespero, a trajetória dos três mendigos que quando reunidos desencadeiam o processo de inanição da razão e fazem aflorar nossa natureza, dita má, mas que é também responsável pelos nossos instintos de sobrevivência que se sobrepõem a qualquer razão humana. É por isso que no fim de tudo o homem mata a mulher, não como símbolo do triunfo racional, mas como a transfiguração da razão em natureza. Não sabemos nos resignar, nem quando a natureza é generosa e não compreendemos que o caos é passivo de sua própria ordem. É isso que o homem, nossa razão não compreende, não aprendemos com a natureza, nem com paixão, nem com resignação, e tentamos intervir sempre da maneira mais falha possível, perdendo muitas vezes nossa razão tão preciosa pra nós.

O filme é dedicado a Andrei Tarkovskij e foi isso que me fez entende-lo. Ambos os filmes, uma pavorosa exploração da alma humana para aprendizado de resignação e conciliação a natureza humana. Lars nos diz em meio a símbolos que lhe foram mostrados em sonhos que quem não compreende a condição humana e não consegue aprender com ela, quem nunca fez o sacrifício de Tarkovskij, não reconhecerá o Paraíso, a natureza, nem o Homem.

Quanto ao prólogo... Bem o prólogo... Interpretem!
XP

Nota: 8,0

Preciso assistir pelo menos agora eu entendo algumas coisas que ouvi de amigos e amigas sobre esse filme...

marcelo l. escreveu:Preciso assistir pelo menos agora eu entendo algumas coisas que ouvi de amigos e amigas sobre esse filme...

O que eles falam sobre o filme?

Os dois ficaram muito sem ter idéia do que dizer, eu fiquei com a impressão pela conversa deles que era uma recontagem da fábula João e Maria com dois adultos tratando de temas psicanaliticos. O problema de um filme denso sem saber situar no universo é sempre complicado agora depois de ter lido o seu texto fica mais fácil gostar ou não claro, agora no caso deles que foram sem nada perdesse muito.

marcelo l. escreveu:Os dois ficaram muito sem ter idéia do que dizer, eu fiquei com a impressão pela conversa deles que era uma recontagem da fábula João e Maria com dois adultos tratando de temas psicanaliticos. O problema de um filme denso sem saber situar no universo é sempre complicado agora depois de ter lido o seu texto fica mais fácil gostar ou não claro, agora no caso deles que foram sem nada perdesse muito.

Mas eu pastei pra encontrar essas coisas. Conversei com o Lucas que me contou da fabula da Corça e fui colhendo um monte de pesquizas pra poder entender isso.
Ja ouvi que eram Adão e Eva, Deus e Jesus e agora João e Maria pra você ter uma idéia.

Sr. Elton escreveu:“...eu sou o maior diretor de cinema do mundo. Não sei se Deus é o melhor Deus do mundo”

Seria Von Trier, o Liam Gallagher dos diretores ?

Sr. B escreveu:

Sr. Elton escreveu:“...eu sou o maior diretor de cinema do mundo. Não sei se Deus é o melhor Deus do mundo”

Seria Von Trier, o Liam Gallagher dos diretores ?

kkkk
Tecnicamente sim XP

Assisti meia hora desse filme e desisti.
Diálogos loooooongos e chatos.
Filme recomendado para pseudointelectuais. hahaha

thekkk escreveu:Assisti meia hora desse filme e desisti.
Diálogos loooooongos e chatos.
Filme recomendado para pseudointelectuais. hahaha

O filme me agradou, mesmo não sendo o seu melhor filme.
As simbologias são belíssimas, e de chato, ao meu ver, não tem nada. Cada um com a sua opinião, claro...

thekkk escreveu:Assisti meia hora desse filme e desisti.
Diálogos loooooongos e chatos.
Filme recomendado para pseudointelectuais. hahaha

Não necessáriamente pseudointelectuais, mas enfim, gosto é gosto não é.
Você conhece o trabalho do Trier além do Anticristo?

Sr. Elton escreveu:

thekkk escreveu:Assisti meia hora desse filme e desisti.
Diálogos loooooongos e chatos.
Filme recomendado para pseudointelectuais. hahaha

Não necessáriamente pseudointelectuais, mas enfim, gosto é gosto não é.
Você conhece o trabalho do Trier além do Anticristo?

Não, não conheço o trabalho, e dps desse filme menos ainda quero conhecer.

Vale a pena.
Trier não é um diretor qualquer, muito pelo contrário. É uma figura ímpar com bons filmes, na filmografia.

thekkk escreveu:

Sr. Elton escreveu:

thekkk escreveu:Assisti meia hora desse filme e desisti.
Diálogos loooooongos e chatos.
Filme recomendado para pseudointelectuais. hahaha

Não necessáriamente pseudointelectuais, mas enfim, gosto é gosto não é.
Você conhece o trabalho do Trier além do Anticristo?

Não, não conheço o trabalho, e dps desse filme menos ainda quero conhecer.

Se você quer sentir ódio, ou cair aos prantos ao se sentir puto, como você se sentiu com Anticristo, Trier é o cara pra lhe mostrar o que o cinema é capaz, cada filme ele lhe trasmite algo, é sério, não é papo de fã boy não XP