Sobre a polêmica das sacolas

Tenho ouvido falar muito da polêmica das sacolas de supermercado.

Vou tocar em alguns pontos....

Qual o problema com as antigas?

Primeiramente elas foram idealizadas, são fabricadas e distribuídas com uma única e específica função... o transporte de produtos do supermercado (ou de onde seja) para o carro ou para a casa do comprador.

Se nós as utilizamos para outro fim, seja como saco de lixo ou estofo de almofada (tem loco para tudo) ou as levamos para a reciclagem (tem quem faz isso?!?!... raro heim...), por um lado estamos dando um destino e aumentando o “tempo útil” desse produto, mas por outro estamos dando um destino a este que não é o idealizado para tal.
Mesmo a reciclagem dele (e dos plásticos em geral, pois “plástico” é compostos de vários tipos que não podem ser amalgamados) o resultado (diferente da reciclagem do papel, do metal e do vidro) é um produto de pior qualidade (sem a mesma resistência, sem a mesma elasticidade/resiliência, etc) que o plástico original.

Quando utilizamos as sacolas de plástico para embalar lixo (embora seja uma postura ecológica de reaproveitar e reduzir a quantidade/necessidade de outros produtos) tem um grave problema, pois o plástico retarda a degradação do lixo nos aterros, depois de em contato com o lixo o plástico “não pode” ser facilidade reciclado, pode inadvertidamente ser consumido por algum animal (muitos os confundem com comida e sofrem as conseqüências), nos aterros o plástico “impermeabiliza” o solo e quando degradado em porções menores resulta em uma parte do solo que não tem afinidade físico-química com nada, empobrecendo o solo (apesar da estrondosa quantidade de matéria orgânica que o cerca), as tintas que os revestem são tóxicas e acabam poluindo o solo ou sendo carreadas pelas águas para córregos e rios, entre outros problemas.

Por seu multiuso as sacolas plásticas de supermercado têm outro problema.
Eu e você até pegamos a quantidade de sacolas que precisamos para levar nossas compras, mas grande parte da população praticamente embala cada item da compra em uma ou mais sacolas (quando não depois enfia a mão no bolo de sacolas e enfia um bom punhado nos bolsos).
Sacolas essas feitas para transporte que vão acabar em aterros, calçadas, rios, galerias de esgoto, mares, arbustos/árvores, etc e que levariam anos e anos e anos para se degradarem em partículas inertes.

Então... e a opção por sacolas biodegradáveis?

Bom, ser biodegradável significa que vai se degradar (se fracionar em pedaços cada vez menores) mais rapidamente... em meses ao invés de mais de 100 anos... e não que vai sumir e a questão da toxicidade das tintas permanece, as feitas de subprodutos de petróleo (mas com aditivos que permitem que ela se degrade em alguns meses... por volta de 18 meses) tem muitas características negativas das não biodegradáveis (como emissão de toxinas e gases) e as feitas de fontes naturais vão competir com a produção para alimento, já que são feitas de amido de mandioca/batata/milho e são bem mais caras que as de petróleo.
E lembremos que mesmo sendo biodegradáveis (ou fotodegradáveis) elas tem o mesmo efeito nocivo (sufocamento/morte de animais, entupimento de galerias, etc só que durante um tempo de existência menor) e devem ser usadas como as sacolas plásticas DEVERIAM ser usadas... com cuidado no descarte porque se houver a ilusão de que se é biodegradável e assim se manter a atual pratica de uso e descarte de sacolas o dano (seja ela plástica ou biodegradável) dará no mesmo.

Se as pessoas as usassem em quantidade limitada (condizente com o que seria necessário para transportar as suas respectivas compras) e apenas estendessem a utilização destas não haveria tanto problema, mas reconheçamos que a quase totalidade da população usa as sacolas para não ter de gastar na compra de produtos específicos para o fim que as sacolas plásticas não foram feitas (ou seja, tentam “ganhar em cima” dos estabelecimentos comerciais que oferecem as sacolas para transporte de mercadorias) e depois as jogam de qualquer jeito em qualquer lugar.

Aí a lógica de cobrar pelas sacolas tem pelo menos o efeito de fazer a pessoa usar as sacolas que precisa para as compras que fez.

Mas e em compras de mês?

É... eu sou um dos que fazem uma compra mensal (pela comodidade de ir ao supermercado apenas uma vez) e reconheço que ter de colocar as caixas de papelão dentro do carrinho, colocar as compras dentro, levar o carrinho até o carro e levantar as caixas com compras do carrinho para o porta malas pode ser meio trabalhoso, mas tenho optado em colocar as compras ao invés de caixas em sacolas de pano/nylon e isso ajuda em muito a carregar e descarregar o carro (até mais de quando usava N sacolas plásticas que inevitavelmente rasgavam ou furavam inutilizando-as para diversos fins posteriores).

PÔ... mas cobrar pelos sacos ou sacolas?!?

É... o ideal seria (como no caso das sacolas de plástico e dos sacos de papel usados durante décadas) ser o preço delas embutido no valor da compra, assim não saberíamos que elas tem um custo e continuaríamos usando as sacolas que os supermercados nós “dão de graça” e até continuar dando uma de esperto em cima dos comerciantes colocando cada produto em uma sacola diferente para ficar com mais sacolas... mas isso como citei trás um custo social e ambiental que nós mesmos protestamos em pagar (em especial quando aquele monte de sacolas entope a boca de lobo) ou pelo menos deveríamos protestar em muitos outros casos citados acima.
Podemos também buscar alternativas (como as sacolas que citei para carregar compras)
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Mas não existe uma grande hipocrisia em cima dessas sacolas ecológicas?

É... tem... eu mesmo acho que já que vai fazer o serviço que se faça direito e sacos de lixo (e outros que a sacola plástica substitui para nós que queremos... economizar) passem com o incentivo do governo a serem feitos com materiais (foto e bio) degradáveis, afinal o mesmo problema que uma sacola de supermercado trás o saco de lixo (e outros) trás, então que a solução que estas trazem seja a mesma também.

Mas toda essa polêmica tem um efeito (no meu entender) positivo... o de “chacoalhar” as pessoas, fazendo-as sair da sua passividade e marasmo fazendo-as pensar um pouco e mais importante que uma mudança de materiais (seja do saco plástico para o biodegradável, seja deste para a sacola) seria uma mudança de atitudes (que reconheçamos é a origem do problema com as sacolas plásticas)... mas nesse não queremos nem em tocar no assunto, né.

Lembrando que qualquer mudança (ou permanência) de atitude, seja para melhor ou para pior tem um custo.
Seja um custo social.
Seja um custo financeiro.
Seja um custo cultural.
Seja um custo político.
Seja um custo ambiental.
Seja um custo pessoal.

Sempre vai haver um custo, pois não existe mágica, existe tecnologia (embora muitos tenham uma visão de ciência como algo mágico que vai tirar a solução de todos os problemas de dentro da cartola ou ao apertar de um botão).

Antigamente existiam sacolas de papel. Acho que deveriam voltar a usá-las...

O principal problema aqui no Brasil é a inexistência de um bom sistema de reciclagem de lixo. Se o governo investisse nisso, a quantidade de lixos nos aterros seria mínima.

De que adianta combater sacolas plásticas se grande parte do lixo produzido é de plástico? Mais uma vez estão querendo tapar o sol com a peneira...

Realmente.
Tanto que coloquei que todos os plásticos (pelos menos os de vida curta) deveriam ser feitos foto ou bio degradáveis.
Aliás campanhas de substituição do uso de utensílios de plástico por outras alternativas melhor recicláveis (vidro/metal/papel) deveriam ser feitas.

E de novo quem paga a conta é o povo, e não os supermercados...

Quem utiliza as sacolas plásticas?

Se fossem usadas pelas pessoas restritas unica e exclusivamente ao transporte de mercadorias até concordaria, mas da mesma forma que a energia elétrica, a pintura das paredes, o salário e uniformes dos funcionários, a água dos bebedouros, os impostos do supermercado e o lucro do dono, as sacolas são pagas pelos compradores e quanto menos usar para a função de transporte de mercadorias menos a pessoa vai pagar.

Aliás eu (e muitas pessoas) não pagamos um centavo a mais pelas sacolas.

Para os outros materiais de plástico, como potes, copos, recipientes não é o mesmo tipo de plástico das sacolas. E por isso quando se recicla eles "faz mais sentido", na ideia de que ele irá se transformar em outro recipiente plástico e não em uma sacola. E apesar de realmente termos muito plástico, o contingente de sacolas gastas e descartada por pessoa/ano é muito mais significativo (tenho os dados em algum lugar dos meus favoritos, depois procuro). Mas isso não é desculpa para não haver o recolhimento de materiais reciclados e exigir isso das prefeituras.

No caso de carregar as compras de supermercado, do mesmo jeito que quando se usava sacolas plásticas e se comprava mta coisa tinha dificuldade, vai ter dificuldade carregando utilizando algo alternativo. Eu uso umas sacolonas de nylon bem resistentes e tenho aqueles carrinhos de compra pequenos.

Um argumento que todos usam é que compraremos sacolas plásticas para colocar o lixo então dá na mesma. Primeiro que existem sacolas de lixo que são biodegradáveis (sim como dito no texto elas tbm tem mtos contras). E segundo que quem já separa o lixo para a reciclagem já tem uma quantidade de lixo orgânico muito pouco, e falo sério, diminui muito! E agora pela net se ensinam a fazer "sacolas de lixo" de papel de jornal para colocar o lixo orgânico mais seco! Há sem dúvida muitas maneiras de se diminuir a quantidade de plástico descartado e é por isso que a lei tem de servir para mudar certos hábitos das pessoas. Na mesma maneira que houve com o cinto de segurança, que foi necessário multar e encher o saco.

Fabiola, só complementando.

Para os outros materiais de plástico, como potes, copos, recipientes não é o mesmo tipo de plástico das sacolas. E por isso quando se recicla eles "faz mais sentido", na ideia de que ele irá se transformar em outro recipiente plástico

Lembrando qeu esse novo recipiente vai ser de um qualidade muito inferior aos utilizados para sua confecção... por isso a importância de fazer a escolha por outros materiais para a mesma função.

contingente de sacolas gastas e descartada por pessoa/ano é muito mais significativo (tenho os dados em algum lugar dos meus favoritos, depois procuro).

Seria legal, pois estou aprimorando o texto original pela contribuição dos foristas daqui e de outros fóruns.

agora pela net se ensinam a fazer "sacolas de lixo" de papel de jornal para colocar o lixo orgânico mais seco!

Olha minha amiga... isso serias uma cosia muito legal de repassar para a gente (embora eu mesmo nem saiba o que comprar jornal a muitos anos... o da caixa dos gatos pego com minha mãe quando a visito).

Primeiro que existem sacolas de lixo que são biodegradáveis

O problema atualmente é o alto custo dessas sacolas.
Sacos de 15 litros: R$ 7,00 , sacos de 100 litros: R$ 29,50 por cem peças (preto).
De 30 litros (o que uso em casa) R$ 7,99 20 unidades.
Eu não acho tão caro, mas poderia ser ajudado pelo governo para popularizar..

O problema é que a grande maioria das pessoas já se acostumou com a facilidade. As sacolas vêm às vezes até mesmo sem a gente pedir (eu tenho que recusar em média uma por dia), e para transportar, separar e descartar coisas é uma facilidade imensa e que as pessoas acham que é gratuita. Ninguém nota o valor das sacolas inserido nas compras, mas se tiver que desembolsar 5 reais por um pacote de sacos de lixo muita gente vai chiar.

Nós sabemos que os supermercados dificilmente vão baratear seus produtos, até porque a diferença é pequena no custo final. Muita gente vai lembrar desse detalhe, de que afinal de contas vamos continuar pagando pelas sacolas. E em dobro, porque pra descartar o lixo depois vamos ter que comprar sacos de lixo.

Mas a grande dificuldade nessa questão é mesmo fazer as pessoas saírem da zona de conforto que é ter sempre um grande número de sacolas disponíveis.

Outro problema (de certa forma relacionado ao tópico) é que os supermercados pararam de distribuir as sacolinhas pelo motivo errado. Eles não estão preocupados com o meio ambiente, mas sim em economizar x milhões de Reais por ano com as sacolas. Senão, eles repassariam a economia com o gasto das sacolas para os preços dos produtos (nem que fosse 1 centavo por produto...). Vi uma entrevista com um gerente do Pão de Açúcar onde ele disse que o supermercado não vai repassar a economia com as sacolas para os preços porque o Pão de Açúcar vai investir esse dinheiro em "ações de sustentabilidade". Ahan...

São distribuídas, no mundo, entre 500 bilhões e um trilhão de sacolas plásticas por ano. Um produto que têm custo zero para o cliente, mas requer injeções de recursos para solucionar as complicações que elas causam a longo prazo.

Muitas pessoas ainda acreditam que a solução está na reciclagem, mas como as sacolas são descartadas incorretamente, geralmente misturadas a outros resíduos, elas ficam contaminados e inviabilizam o processo. Além disso, o problema do excesso persiste. São 800 sacolas por ano para cada brasileiro enquanto existem várias alternativas como as bolsas de feira, as sacolas retornáveis e os carrinhos.

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Uso de sacolas plásticas caiu 20% nos últimos três anos
notícia de BH

Nos últimos três anos, uma campanha do Instituto Nacional do Plástico (INP), que propõe o uso de sacolas mais resistentes, conseguiu reduzir o volume de unidades usadas em 20%.
Dados do INP mostram que em 2007, quando a campanha teve início, os supermercados compraram 18 bilhões de sacolas. Em 2008, o número caiu para 16,4 bilhões. Em 2009, foram 15 bilhões, 20% menos do que há três anos. A expectativa para 2010 é que esse volume caia mais 16%.


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esses são os dados, tanto no site do MMA quanto em sites da indústria de plástico se encontram esses dados.

Victor Pax escreveu:Fabiola, só complementando.
Lembrando qeu esse novo recipiente vai ser de um qualidade muito inferior aos utilizados para sua confecção... por isso a importância de fazer a escolha por outros materiais para a mesma função.

sim, verdade, aliás a melhor escolha é sempre evitar ao máx produtos super embalados, e inclusive aquelas bandejinhas de isopor terríveis que tbm agora são extremamente comuns.
o Site do MMA define bem:

"É também procurar comprar produtos em embalagens que tragam quantidades adequadas para sua família (por exemplo: se a sua família é grande, compre as bebidas nas embalagens maiores; se for pequena, evite as embalagens grandes e, conseqüentemente, o desperdício). É saber que há diversos produtos que vêm concentrados, contendo em apenas uma embalagem o equivalente a muitas delas do produto normal. É não comprar embalagens descartáveis de refrigerantes e bebidas quando houver a possibilidade de comprá-las em vasilhames retornáveis. É preferir produtos que ofereçam a opção de refil - e assim ajudar a economizar os recursos naturais na fabricação de novas embalagens.

A geração de resíduos cresce com o aumento do consumo - e as embalagens são o maior indicador desse crescimento. Quanto maior o consumo, maior a produção de embalagens. E embalagem é algo pelo que você paga, leva para casa e joga fora. O consumo consciente de embalagens é levar em conta que toda embalagem que vai de carona em nossas compras tem um impacto na natureza - seja na sua fabricação ou no seu descarte."
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Olha minha amiga... isso serias uma cosia muito legal de repassar para a gente (embora eu mesmo nem saiba o que comprar jornal a muitos anos... o da caixa dos gatos pego com minha mãe quando a visito).

aqui:

A verdadeira mazela atual da humanidade é a explosão demográfica. A maioria das outras acontece em decorrência dela.
Atuar nas outras mazelas não chega a ser paliativo, mas não resolve o problema.
Imagine numa hipótese mais que improvável que o mundo fosse reduzido a cem milhões de seres humanos ao invés de sete ou oito bilhões que os de hoje em dia. Nesse cenário, o impacto ambiental de sacolas plásticas ou da emissão de gás carbônico não seriam nem uma questão.

Hal 9000 escreveu:A verdadeira mazela atual da humanidade é a explosão demográfica. A maioria das outras acontece em decorrência dela.
Atuar nas outras mazelas não chega a ser paliativo, mas não resolve o problema.
Imagine numa hipótese mais que improvável que o mundo fosse reduzido a cem milhões de seres humanos ao invés de sete ou oito bilhões que os de hoje em dia. Nesse cenário, o impacto ambiental de sacolas plásticas ou da emissão de gás carbônico não seriam nem uma questão.

É verdade, esse é o grande problema da humanidade.

Quando alguma espécie, devido a algum desequilíbrio, se prolifera demais, costumamos chamar de "praga".

É preciso educar o povo, educação melhora tudo, inclusive faz pensar se é mesmo uma boa idéia ficar colocando filho no mundo.

Fiz umas alterações no texto original.

Tá, proibem as sacolinhas plásticas....mas e os sacos de lixo? E as fraldas descartáveis?

L.Anne escreveu:Tá, proibem as sacolinhas plásticas....mas e os sacos de lixo? E as fraldas descartáveis?

Hoje eu utilizo 2 a 3 sacos de lixo por semana, antes eu usava umas 10 a 15 sacolas de supermercado...

Criei minhas filhas à base de fralda de tecido, lavava e todo mundo me achava mão de vaca, mas eu não tava nem ai pra o que a galera pensava. Achava cara a fralda descartável e achava que esquentava muito as bebês... funcionou para que largassem as fraldas. Ambas filhas pararam de usar fralda mais cedo que muitas crianças...