Como a DC destruiu a vida de Joe Shuster

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No começo dos anos 50, Joe Shuster começou a fazer quadrinhos pornográficos para sobreviver, depois que ele e seu amigo Jerry Siegel perderam os direitos autorais do Superman para National Periodical (futura DC Comics).

Estes trabalhos pornôs tinham uma grande peculiaridade: o traço usado por Joe era o mesmo para ilustrar o Superman e os demais personagens de seu universo. Por isso, ao vermos estes quadrinhos sadomasoquistas, de cara, notamos que o personagem principal é o Superman e a mulher possuída sexualmente por ele é a repórter Lois Lane. Ao fazermos uma análise desse fato, percebemos que não foi apenas por dinheiro. Foi também por pura desforra contra a maldita National. Mas, este trabalho durou pouco por causa do Código de Ética, que foi criado para censurar quadrinhos com conteúdo de terror e, principalmente, erótico.
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Com a censura, Joe voltou a ficar com “uma mão na frente e a outra atrás” e, quando caminhava pelas ruas do centro de Nova York e via seu personagem sendo desenhado de maneira totalmente diferente da dele, pelo genial Curt Swan, ficava frustrado e pensava consigo mesmo “Criei algo tão genial, mas quem esta lucrando é a National, que agora mudou até o jeito desenhá-lo, para que ninguém se lembre do meu estilo”.


Nos anos 60, já sem poder pagar o aluguel de seu apartamento, foi morar com a sua mãe (na época, tinha mais de 50 anos e era solteiro e sem filhos). Com a visão comprometida, impossibilitando-o de desenhar, o piedoso Stan Lee o chama para trabalhar na Marvel, onde artefinaliza, com muita dificuldade, alguns trabalhos para a editora concorrente da DC, ganhando, assim, alguns trocados. Fica pouco tempo neste emprego. Além de pagarem muito mal, por ser assediado e, principalmente, pelo problema de visão, que se agravou e o deixou com apenas 60% dela. Depois que saiu da Marvel, decidiu encerrar a sua carreira como desenhista e foi trabalhar como entregador, único emprego possível para o co-criador (quase cego) do Superman. Jerry Robinson afirmou sobre este fato, que “Shuster, certa vez, foi entregar um pacote na sede da DC e embaraçou todos empregados que comentavam em sussurros bem audíveis a situação degradante que a DC criou para um dos criadores do seu personagem mais importante”. É tanto que, ao verem isso, os empregados da editora, na época, fizeram, naquele momento, uma “vaquinha”, que arrecadou 100 dólares. Um deles entregou a quantia arrecadada para o velho Shuster e o aconselhou a procurar outro emprego.

No inicio da década de 70, a mãe de Shuster morre e ele fica sem ter como pagar o aluguel. É forçado a mudar-se e residir, a partir de 1976, em um lar de idosos da Califórnia. Na época, tinha apenas 40% da visão, ou seja, se antes era difícil desenhar, agora se tornava impossível. Ainda nos 70, Siegel decide ajudar o amigo e começa uma campanha, junto com outros profissionais de quadrinhos, reivindicando uma pensão e um plano de saúde para ele e Joe. Na época, a DC concordou em pagar uma pensão de 20 mil dólares (uma verdadeira esmola) por ano e um plano de saúde aos dois. Os executivos achavam que a campanha promovida por Siegel e os demais, poderia prejudicar o lançamento de Superman: The Movie, de 1978. Mas, a grande recompensa para Joe, mesmo sem enxergar, era que, a partir daquele momento, o nome dele e de seu amigo, finalmente, seriam creditados, pela DC Comics, nas revistas e produtos relacionados ao super-herói.

Entretanto, mesmo depois que a editora passou a pagar esta miséria a Shuster, ele e o amigo ainda tentavam processar a DC para ter direito de receber todo o lucro que era gerado pelo personagem. Porém, esse objetivo não foi alcançado, porque, em uma triste manhã chuvosa de 30 de julho de 1992, ele foi encontrado morto em seu minúsculo apartamento, em Los Angeles. Deixando, assim, muitos executivos milionários da DC Comics felizes.