Menina que nasceu sem nervos auditivos aprende a falar após ganhar ouvido biônico

Evie nasceu com surdez profunda, mas só aos 16 meses de idade é que testes revelaram que ela não contava com o nervo auditivo, o que significava que sua única chance de vir a escutar só se daria com um implante de tronco encefálico, um tipo de ouvido biônico capaz de restaurar a audição em casos extremos de surdez.
A bebê de 23 meses de idade sofre de espectro óculo-aurículo vertebral, uma condição muita rara e sem cura que afeta os olhos, ouvidos e a espinha.

Os pais da criança, Emily e David Small, de Horndean, no condado de Hampshire, na Grã-Bretanha, só dispunham de 19 meses para realizar o implante ou encarar a perspectiva de que sua filha não poderia ouvir pelo resto de sua vida.

O procedimento precisava ser realizado antes de a criança alcançar seu segundo aniversário, porque os caminhos no cérebro começam a se fechar a partir dessa idade.

Em princípio, o casal foi aconselhado a submeter sua filha a um implante coclear - um dispositivo eletrônico, que conta com uma parte externa, formada por um microfone e um microprocessador de fala e um transmissor, e uma parte interna, com receptor e um estimulador que visa acionar o nervo auditivo.

O problema é que para Evie o aparelho não teria efeito, uma vez que ela não possui nervos auditivos.

''Isso significava que um implante cochlear não era uma opção, já que não havia por onde o som trafegar. Seria como ter um par de fones de ouvido e um aparelho de som, mas não ter um plug onde conectá-los.'', relembra David Small, em referência à ausência de nervos auditivos da filha.
Única opção

Se os pais de Evie, que têm outros quatro filhos, quisessem que sua filha passasse a ouvir, um implante auditivo de tronco cerebral ou tronco encefálico, seria a única opção. Esste tipo de implante se vale de uma prótese que pretende restaurar a audição de pessoas cuja surdez impede a realização de um implante coclear.

Na ausência do nervo, a alternativa passa a ser o estímulo direto do nervo auditivo que fica no tronco cerebral.

Os pais de Evie pretendiam operar a criança na Grã-Bretanha, onde apenas duas cirurgias desse tipo foram realizadas, mas uma equipe de especialistas capaz de realizar o procedimento só poderia ser formada após as autoridades do setor de saúde locais terem obtido financiamento, o que tardaria meses.

Após terem realizado pesquisas na intenet, o casal descobriu o professor Vittorio Colletti, um especialista de Verona, na Itália, que realizou com êxito mais de 90 cirurgias de implante de tronco encefálico.
De acordo com o pai da pequena Evie, ''só mesmo dois especialistas em todo o mundo são capazes de implantar um ouvido biônico. O professor Colletti é o principal profissional do setor''.

Quando o casal recebeu a notícia de que a operação custaria 40 mil euros (cerca de R$ 81 mil) eles montaram um fundo intitulado Help for Hearing (Ajuda para Escutar), para angariar a quantia.

David Small contou ter recebido um cheque de uma pessoa de 93 anos que disse saber o que era ser surdo e uma contribuição de um doador anônimo que deu mil libras (cerca de R$ 3,2 mil).

Com a cirurgia, realizada em Verona no dia 25 de junho, Evie teve 12 eletrodos inseridos em seu tronco cerebral, que alimenta um microfone situado fora de seu crânio e que transforma sons em sinais eletrônicos que são transmitidos para o cérebro.
'Mamãe'

Apenas duas semanas após o dispositivo estar funcionando, Evie já era capaz de dizer sua primeira palavra, ''mamãe'.

''Foi de partir o coração ouvi-la falar sua primeira palavra, é algo impossível de verbalizar'', contou Emily, de 37 anos, a mãe de Eve.

Ela agora é capaz de ouvir uma vasta gama de frequências e está realizando fonoaudiologia.

De acordo com seus pais, ela passou a ser capaz de ouvir tudo, inclusive palavras, com clareza.

O autor da cirurgia disse ao casal que dentro de cinco anos a menina será capaz de falar ao telefone. Ela terá de seguir realizando fonoaudiologia até os cinco ou seis anos de idade.

Os pais de Evie dizem que darão continuidade a iniciativas para angariar fundos para auxiliar crianças com problemas auditivios ou totalmente incapazes de ouvir.

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Fonte: [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]

Conheço profissionais da área que são contra esse tipo de procedimento.

No início da história dos surdos havia muita selvageria com quem não ouvia... isso em fins da idade média, até matavam os surdos, ou em outros casos eles eram excluídos, por lei, da herança.

Então a comunidade surda defende a surdez. É algo estranho, mas já vi debates sobre essa defesa que me deixavam realmente pensativa sobre o que é melhor para um surdo: Comunicar-se por gestos ou se submeter a diversos procedimentos dolorosos afim de que seja adaptável à sociedade...

Mononoke Hime escreveu:Conheço profissionais da área que são contra esse tipo de procedimento.
No início da história dos surdos havia muita selvageria com quem não ouvia... isso em fins da idade média, até matavam os surdos, ou em outros casos eles eram excluídos, por lei, da herança.
Então a comunidade surda defende a surdez. É algo estranho, mas já vi debates sobre essa defesa que me deixavam realmente pensativa sobre o que é melhor para um surdo: Comunicar-se por gestos ou se submeter a diversos procedimentos dolorosos afim de que seja adaptável à sociedade...

Eu não tenho experiência no assunto e muito menos na área, mas minha intuição me diz que essa primeira opção seria mais natural e quem sabe inclusiva, eu diria até que devem haver mais soluções comunicativas além dos gestos.

Pra ouvir este mundo barulhento da porra, eu juro que talvez preferisse ser surdo (mas por favor, não toquem nos meus olhos... ).

Entendo quem é contra, mas eu sou a favor, pq? unica coisa que temos é o cerebro, e devemos utiliza-lo e a audição é importante para um ser humano, vc poder ouvir "eu te amo" ou o primeiro choro de seu filho, as aonda do mar, tem muita coisa a ser apreciada, pense em uma pessoa que nunca escutou nada na vida, e derrepente começa a escutar, deve ser a mesma sensação de vc morar sempre em uma cidade, nunca sair e dela e um belo dia vc se muda para um lugar maravilhoso e todos os dias aprecia o local que vc mora. Mas sempre com a cuidado de não excluir que não tem recursos ou simplesmente naõ quer fazer isso

São ótimos argumentos Herege, lendo a sua opinião eu concluo que o melhor mesmo é deixar os indivíduos decidirem por si mesmos, sem julgamentos externos (geralmente) precipitados.

Eu creio que se tivesse um filho surdo, poderia pensar nesses procedimentos... porém, ao saber dos argumentos dos surdos que se submeteram a procedimentos, até mais rudimentares que este citado no tópico, nasce a dúvida do que deve ser adaptável...

Lembro também do filme "à primeira vista" com Val Kilmer,

Spoiler:

Casos como esse já aconteceram com o famoso implante coclear em surdos...

Olha acho o seguinte.... não operaria ou falaria para alguém operar para ser integrado a sociedade, mas para poder escutar o vento batendo nas árvores, o canto dos pássaros, o voz de seu filho ou qualquer outro som que vale qualquer sacrifício.

E mesmo que seja temporário.... será que não vale?

Esse papo dos certos surdos para mim está mais pautado no ego de não se rebaixar a ser como os outros e de não querer se esforçar ou sacrificar para conguistar alguma coisa do que realmente "orgulho de ser deficiente".

Victor Pax escreveu:Olha acho o seguinte.... não operaria ou falaria para alguém operar para ser integrado a sociedade, mas para poder escutar o vento batendo nas árvores, o canto dos pássaros, o voz de seu filho ou qualquer outro som que vale qualquer sacrifício.

E mesmo que seja temporário.... será que não vale?

Esse papo dos certos surdos para mim está mais pautado no ego de não se rebaixar a ser como os outros e de não querer se esforçar ou sacrificar para conguistar alguma coisa do que realmente "orgulho de ser deficiente".

Pode até ser. No começo também pensei assim, pois presenciei agrupamentos de surdos inclusos em colégios regulares... eles se distanciam das pessoas, não fazem parte dos demais grupos... na época achei que era coisa de jovens, mas refletindo agora...será?

Bom faço um paralelo com um brasileiro em outro pais (e vice versa).

Ele vai se "agrupar" com outros brasileiros ou estrangeiros, mas duvido que ele ache que os outros têm de falar portugues pois é o que ele fala e recriminar qualquer um que queira aprender a lingua nacional para poder não só se comunicar com as pessoas, mas poder entender o que passa na TV ou nas músicas, o que está escrito nos jornais e revistas, etc.

Esse lance da escola acho que tem muita participação dos pais/professores ao tratar a criança como "especial" ou querer "padronizar" como acontece com alunos inteligentes que se destacam... puxam ele para mediocridade acabando com o gosto por aprender em prol de uma "socialização".
Bom socialização na escola se faz no pré primário, depois disso se vai na escola para aprender e a socialização é "efeito colateral" do contato e se os pais e professores estivesse relamente interessados na socialização ao invéz de sabotar a educação da criança iria conduzi-la aonde ela realmente acontece, em clubes, na vizinhança, em parques, em gremios, em esportes (futebol/basquete/vólei/natação/etc), em festas, em eventos teatrais/esportivos.... mas dá trabalho, né... tem de educar e quem tem de fazer isso é a escola.

O mesmo acontece com um aluno surdo, onde não é socializado e realmente não vai ser na escola nos intervalos entre a aula ou uma explicação que isso vai acontecer.

Aliás socializar como se a criança "não fala a mesma lingua" ou os pais (com razão) tem de ficar mais apreensivos com acidentes já que a criança não percebe um carro ou uma bola vindo que não seja pela sua frente?

Então acho errado um surdo porque não quer ou não pode escutar (nem todos tem como) querer que nenhum possa (como certas professoras fazem com alunos "seu filho(a) não pode aprender a ler antes que todas as demais saibam... elas vão ficar magoadas... ele vai ter de seguir o padão delas").