A.R.R.A.F.
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

(Texto de professor da PUC) Cobranças convergem para "um sistema político mais eficiente"

2 participantes

Ir para baixo

(Texto de professor da PUC) Cobranças convergem para "um sistema político mais eficiente"  Empty (Texto de professor da PUC) Cobranças convergem para "um sistema político mais eficiente"

Mensagem por zkrk Sex Jun 21, 2013 11:05 pm

Cobranças convergem para "um sistema político mais eficiente"


Nota do editor: Enquanto a seleção tenta recuparar a alma e as conquistas; a luta por terra retrata o secular abismo entre interesses ruralistas e direitos indígenas; enquanto a inflação ressurge resistente sob variadas feições, do tomate às tarifas públicas, a voz das ruas acorda para expor uma insatisfação com o andar da carruagem política. Deflagrada pelo aumento das passagens de ônibus, a onda de protestos pelo país impõe reflexões mais complexas do que sugerem sua natuteza horizontal e apartidária, derivada das redes sociais, e os protocolares reconhecimentos à legitimidade das manifestações – descontados, claro, os espasmos de violência produzidos por uma minoria radical. Para tentar compreender melhor um fenômeno cuja dimensão história ainda carece de tempo, o Portal publica uma série de reportagens e artigos.

No texto abaixo, o cientista político e professor da PUC-Rio Ricardo Ismael avalia que, depurados os excessos e a pauta de reivindicações difusa, os manifestantes cobram uma "democracia e um sistema político mais ágeis e eficientes", que gastem melhor o dinheiro. "É evidente que a vida vai retomar à normalidade, mas se abriu a tampa da panela de pressão", compara.



Texto de Ricardo Ismael*

O ponto de convergência do processo social que culminou nas manifestações por todo o país é a reação ao aumento do preço do transporte – ao invés de acontecer em janeiro, como ocorre tradicionalmente, a mudança aconteceu agora, no meio do ano e em pleno período letivo. Tinha-se o conhecimento de apenas um movimento social que lutava por melhores condições no transporte da cidade, o Movimento Passe Livre (MPL), em São Paulo, que logo se colocou contra esse aumento nas passagens e estimulou a criação de outros grupos. 

Outro ingrediente que ampliou o movimento e fez com que ele tomasse outra dimensão foi a repressão policial que aconteceu em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. Até mesmo estudantes que não estavam diretamente envolvidos nas manifestações se engajaram nos protestos em solidariedade aos colegas agredidos. Trata-se, portanto, de uma reação de estudantes independente de legendas políticas: em cada capital ou região metropolitana que aumentou as passagens, os prefeitos são de partidos diferentes. O movimento é contrário ao aumento das passagens, e não ao prefeito Haddad, do PT, ou ao prefeito Eduardo Paes, do PMDB. Este é um dos méritos destas manifestações, porque à medida que um movimento como esse se partidariza, ou deixa que os partidos o abracem, cria-se uma certa dificuldade para a sua consolidação. Afastado das siglas, o manifesto não foi interpelado por questões como "estão protestando contra as passagens ou pra fortalecer a oposição?" e pôde ser ampliado.

Há, sim, uma crítica aos partidos tradicionais pela sua falta de respostas às demandas sociais por transporte, educação e saúde públicos e de qualidade. Os protestos acenderam um sinal amarelo nestes partidos, que começam a se preocupar com a renovação do sistema partidário e o crescimento de legendas como PSOL e Rede, da presidenciável Marina Silva, neste vácuo político. As manifestações não significam que haja alheamento completo dos estudantes às siglas, mas a conexão entre partidos políticos e movimento social merece maior reflexão. Perdeu-se, por exemplo, a tradição dos partidos de esquerda da participação dos jovens na indicação de candidatos.

É necessário, por parte de quem está no poder, o esforço de entender a convergência nas manifestações de rua e encaixá-la na agenda. Não há liderança, não se trata de algo que vem de cima pra baixo. Tal horizontalidade faz necessária a identificação desta "causa principal": o preço das passagens, em que os prefeitos devem manter o foco pelo bem das negociações. Não se pode tender à subjetividade fragmentária de cada um, apesar da beleza observada na Avenida Rio Branco em função da variedade cartazes e pedidos da massa. Os manifestantes podem gritar contra a PEC 37, a saúde, a educação e os estádios da Copa do Mundo, mas o ponto de convergência, que conferiu coesão ao movimento, é o ser contra o aumento das passagens.

Quanto aos governos estaduais, houve mudança na postura dos governadores em relação aos estudantes. Em uma semana, a repressão e a Tropa de Choque foram retiradas, suspensas. Isso fez com que aqueles que vão tentar a reeleição, ou estão apoiando certos candidatos, como Alckmin e Sérgio Cabral, se desgastassem menos frente a um eleitorado que apoiou os protestos.

Já na esfera federal, a repercussão deve fazer com que o governo não aumente a taxa de juros que frearia o crescimento, muito menos faça um corte de gastos fiscais que comprometam investimentos sociais, as principais demandas das ruas.

O possível desdobramento eleitoral no plano estadual é o fortalecimento dos partidos de oposição tanto no Rio quanto em São Paulo, enquanto nas presidenciais deve haver mais dificuldade à reeleição de Dilma Rousseff em primeiro turno.

Nesta quinta-feira haverá uma manifestação ainda maior que a de segunda, de pessoas que querem participar desse processo histórico. É preciso que os protestos tenham tempo. Logo as pessoas não vão protestar todos os dias, elas têm coisas a fazer. É evidente que a vida vai retomar à normalidade, mas nesse momento se abriu a tampa da panela de pressão. Não vejo nos manifestantes busca por inviabilizar a democracia representativa. Eles querem que esta democracia e o sistema político possam responder às demandas sociais de maneira mais ágil e eficiente, gastem melhor o dinheiro e não se limitem apenas ao discurso de campanha. 

* Professor de Ciência Política da PUC-Rio

FONTE: http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/Jornal/Pais/Cobrancas-convergem-para-%22um-sistema-politico-mais-eficiente%22-20382.html
zkrk
zkrk
Farrista desafio aceito!
Farrista desafio aceito!

Mensagens : 3093
Data de inscrição : 01/07/2010

Ir para o topo Ir para baixo

(Texto de professor da PUC) Cobranças convergem para "um sistema político mais eficiente"  Empty Re: (Texto de professor da PUC) Cobranças convergem para "um sistema político mais eficiente"

Mensagem por Questao Sex Jun 21, 2013 11:07 pm

nenhum cientista politico previu o que aconteceu e provou que as pesquisas não sabem de nada já que a dilma tinha alta popularidade e nas pesquisas o povo estava satisfeito e tudo isso aconteceu,agora todo mundo fala o obvio

_________________
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
"Seu verdadeiro lar está dentro do seu coração e continua com você onde quer que você vá; mas um lugar legal e aconchegante é um motivo maravilhoso para voltar para casa!"
-J.R.R.Tolkien
Questao
Questao
Farrista além das fronteiras da sanidade
Farrista além das fronteiras da sanidade

Mensagens : 28229
Data de inscrição : 12/06/2010
Idade : 39

http://www.anovatocadocoelho.blogspot.com

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo


 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos