Deputados acusam Enem de "doutrinação" por abordar feminismo

ediv_diVad escreveu:Marquissismo cultural! Golpe comunista! Vai pra Cuba!

A corda, brasiu!

Há lugar com menos espaço para pensamentos divergentes do que igrejas e quartéis? Há lugar onde há mais doutrinação do que em ambientes extremamente hierarquizados onde você só é ensinado a obedecer (e temer) os de cima?

A hierarquização da natureza - e portanto a naturalização da hierarquia - é de longe a pior desgraça ideológica que já infectou a humanidade. Essa doença se manifesta quando alguém justifica a intolerância e a violência com "porque Deus quis assim" ou "só estava cumprindo ordens".

Observem qual é o papel das mulheres nas instituições militares e religiosas e entendam porque Feliciano e Bolsonaro estão atacando uma prova que abordou o feminismo e a violência contra a mulher.

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Na época em que cursei o ensino fundamental, lembro que ensinavam pra gente na sala de aula que o Brasil tinha sido "descoberto" por Pedro Álvares Cabral, que a Princesa Isabel tinha decidido abolir a escravidão por "bondade" e que o Duque de Caxias (aquele fascínora que incendiou hospitais lotados de crianças durante o massacre brasileiro no Paraguai) era um herói nacional.

Aliás, o próprio sistema escravista só tinha sido necessário porque os índios - vejam só que insolentes! - não gostavam de trabalhar para a Coroa Portuguesa, que se viu obrigada assim a estimular o comércio e a exploração de seres humanos nascidos na África.

Já no ensino médio, lembro que na disciplina de Literatura a gente só lia autores homens (vai ver porque as mulheres nunca gostaram de escrever ou porque não escreviam nada digno de leitura, né?).

Também aprendi que uns milicos muito preocupados com o gravíssimo risco que o Brasil corria de sofrer um golpe tiveram que ter pulso firme pra garantir a segurança nacional: só lhes restou a alternativa de armar uma "revolução" pra acabar com a baderna que assolava o país.

Eu lembro de tudo isso e penso: que saudade do tempo em que a educação brasileira não estava contaminada por nenhuma ideologia.

Nenhuminha.

Era tudo neutríssimo.

Atílio Alencar

ediv_diVad escreveu:

Na época em que cursei o ensino fundamental, lembro que ensinavam pra gente na sala de aula que o Brasil tinha sido "descoberto" por Pedro Álvares Cabral, que a Princesa Isabel tinha decidido abolir a escravidão por "bondade" e que o Duque de Caxias (aquele fascínora que incendiou hospitais lotados de crianças durante o massacre brasileiro no Paraguai) era um herói nacional.

Aliás, o próprio sistema escravista só tinha sido necessário porque os índios - vejam só que insolentes! - não gostavam de trabalhar para a Coroa Portuguesa, que se viu obrigada assim a estimular o comércio e a exploração de seres humanos nascidos na África.

Já no ensino médio, lembro que na disciplina de Literatura a gente só lia autores homens (vai ver porque as mulheres nunca gostaram de escrever ou porque não escreviam nada digno de leitura, né?).

Também aprendi que uns milicos muito preocupados com o gravíssimo risco que o Brasil corria de sofrer um golpe tiveram que ter pulso firme pra garantir a segurança nacional: só lhes restou a alternativa de armar uma "revolução" pra acabar com a baderna que assolava o país.

Eu lembro de tudo isso e penso: que saudade do tempo em que a educação brasileira não estava contaminada por nenhuma ideologia.

Nenhuminha.

Era tudo neutríssimo.

Atílio Alencar