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Poema-me, Poeme-se, Poetizemos nós

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Mensagem por Convidad Qua Fev 02, 2011 3:36 am

Manteve Miguel L com muito bom gosto.

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Mensagem por Jamm Qua Fev 02, 2011 9:30 am

Trem de ferro


Café com pão
Café com pão
Café com pão


Virge Maria que foi isso maquinista?


Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro)


Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
Da ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
Oô...
(café com pão é muito bom)


Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matar minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...


Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...
(trem de ferro, trem de ferro)



(Manuel Bandeira in "Estrela da Manhã" 1936)
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Mensagem por Convidad Qua Fev 02, 2011 8:16 pm

Manuel Bandeira faz coisas triviais soarem cruciais!

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Mensagem por Convidad Qua Fev 02, 2011 8:21 pm

FILIAÇÃO

Murilo Mendes



Eu sou da raça do Eterno

Fui criado no princípio

E desdobrado em muitas gerações

Através do espaço e do tempo .

Sinto-me acima das bandeiras ,

Tropeçando nas cabeças dos chefes .

Caminho no mar , na terra e no ar .

Eu sou da raça do Eterno ,

Do amor que unirá todos os homens :

Vinde a mim , órfãos da poesia ,

Choremos sobre o mundo mutilado .



Mineirinho surrealista porrêta!


Última edição por Mairon em Qua Fev 02, 2011 8:43 pm, editado 1 vez(es)

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Mensagem por Convidad Qua Fev 02, 2011 8:43 pm

[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
Ferreira Gullar



Os mortos


os mortos vêem o mundo
pelos olhos dos vivos

eventualmente ouvem,
com nossos ouvidos,
certas sinfonias
algum bater de portas,
ventanias

Ausentes
de corpo e alma
misturam o seu ao nosso riso
se de fato
quando vivos
acharam a mesma graça

Este fantástico conterrâneo do Questão faz poesia de primeira.


Última edição por Mairon em Qui Fev 03, 2011 3:35 am, editado 1 vez(es)

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Mensagem por Convidado Qua Fev 02, 2011 9:48 pm

[quote="chrisliter"]
Mairon escreveu:
chrisliter escreveu:

As obras de Poe tem um ar lúgubre tenebroso e envolvente simplesmente um dos meus favoritos Cool Cool

Não sou exatamente fã da obra de Poe (embora goste bastante de algumas da suas histórias: A Gato Preto, O Barril do Amontillado, O Poço e o Pêndulo e O poema O Corvo), que é formada por um terror mais mundano, mas respeito a importância de seu trabalho. Gosto bem mais de Lovecraft (que sofreu bastante influência de Poe)!

Lovecraft realmente é bom,só acho que em alguns contos dele deveria ter deixado mais curto tipo ''o depoimento de Randolph Carter'' que na minha opinião é bom,mais enrolação deixa muito ''chato''

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Mensagem por Convidad Qui Fev 03, 2011 2:15 pm

Recado aos Amigos Distantes

Meus companheiros amados,
não vos espero nem chamo:
porque vou para outros lados.
Mas é certo que vos amo.

Nem sempre os que estão mais perto
fazem melhor companhia.
Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.

Pelo vosso campo imenso,
vou cortando meus atalhos.
Por vosso amor é que penso
e me dou tantos trabalhos.

Não condeneis, por enquanto,
minha rebelde maneira.
Para libertar-me tanto,
fico vossa prisioneira.

Por mais que longe pareça,
ides na minha lembrança,
ides na minha cabeça,
valeis a minha Esperança.

Cecília Meireles, in 'Poemas (1951)

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Mensagem por Convidad Qui Fev 03, 2011 2:17 pm

Ode ao burguês

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos;
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o èxtase fará sempre Sol!

Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
"–Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
–Um colar... –Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!"

Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burgês!...


De Paulicéia desvairada (1922)
Mário de Andrade

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Mensagem por Convidado Qui Fev 03, 2011 2:21 pm

ótimo tópico

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Mensagem por Jamm Sáb Fev 12, 2011 12:49 am

Paulo Leminski : Moinho de versos


moinho de versos
movido a vento
em noites de boémia

vai vir o dia
quando tudo que eu diga
seja poesia


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Mensagem por Convidad Seg Fev 14, 2011 12:07 pm

Versos da Morte

A MORTE, liberta o escravo...
A MORTE, submete o REI e o PAPA...
E paga a cada um seu salário...
E devolve ao pobre o que ele perde.
E toma do rico o que ele abocanha.

(Hélinand de Froidmont, em "Versos da Morte".)

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Mensagem por Convidad Seg Mar 14, 2011 3:26 pm

Ode ao gato
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Os animais foram
imperfeitos,
compridos de rabo, tristes
de cabeça.
Pouco a pouco se foram
compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça, vôo.
O gato,
só o gato
apareceu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.

O homem quer ser peixe e pássaro
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato
quer ser só gato
e todo gato é gato
do bigode ao rabo,
do pressentimento à ratazana viva,
da noite até os seus olhos de ouro.

Não há unidade
como ele,
não tem
a lua nem a flor
tal contextura:
é uma coisa só
como o sol ou o topázio,
e a elástica linha em seu contorno
firme e sutil é como
a linha da proa
de uma nave.
Os seus olhos amarelos
deixaram uma só
ranhura
para jogara as moedas da noite

Oh pequeno
imperador sem orbe,
conquistador sem pátria
mínimo tigre de salão, nupcial
sultão do céu
das telhas eróticas,
o vento do amor
na imterpérie
reclamas
quando passas
e pousas
quatro pés delicados
no solo,
cheirando,
desconfiando
de todo o terrestre,
porque tudo
é imundo
para o imaculado pé do gato.

Oh fera independente
da casa, arrogante
vestígio da noite,
preguiçoso, ginástico
e alheio,
profundissimo gato,
polícia secreta
dos quartos,
insignia
de um
desaparecido veludo,
certamente não há
enigma
na tua maneira,
talvez não sejas mistério,
todo o mundo sabe de ti e pertence
ao habitante menos misterioso,
talvez todos acreditem,
todos se acreditem donos,
proprietários, tios
de gatos, companheiros,
colegas,
díscipulos ou amigos
do seu gato.

Eu não.
Eu não subscrevo.
Eu não conheço o gato.
Tudo sei, a vida e seu arquipélago,
o mar e a cidade incalcullável,
a botânica,
o gineceu com os seus extrávios,
o pôr e o mesnos da matemática,
os funis vulcânicos do mundo,
a casaca irreal do crocodilo,
a bondade ignorada do bombeiro,
o atavismo azul do sacerdote,
mas não posso decifrar um gato.
Minha razão resvalou na sua indiferença,
os seus olhos tem números de ouro.

(Navegaciones y Regresos, 1959)

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Mensagem por Questao Ter Nov 01, 2011 4:03 pm

Meu amigo que eles temem encontrar


Eles me dizem do medo quando meu amigo chegar
Eles dizem que tudo afinal vai acabar
Mas certo como existe o começo e o fim
Eu conversei com o amigo que eles temem encontrar
Ele me disse, meu amigo diga a eles:
Que o fim é todo o dia
Você pode correr
Mas cedo ou tarde seu tempo acaba
Diga ao traidor
Diga ao conspirador
Diga ao agitador
Diga que seu tempo está acabando
Todos encontrarão o que eles temem de ver
Por isso não ligue para o que eles tem a dizer
Viva a vida como quiser viver
Pois você não tem mais tempo a perder

_________________
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Mensagem por Convidado Ter Nov 01, 2011 4:44 pm

Esse é essencial para o dia de amanhã:

Poema de Finados - Manuel Bandeira

Amanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.


Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.


O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.

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Mensagem por Jamm Qua Mar 14, 2012 5:24 pm

O Navio Negreiro
(Tragédia no mar)

I


'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.


'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...


'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...


'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...


Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.


Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!


Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!


Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!


Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia,
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................


Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!


Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.
Jamm
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