O Estranho - 1946

FICHA TÉCNICA:

Título Original: The Stranger
Título Nacional: O Estranho
Ano De Lançamento: 1946
País De Origem: EUA
Tempo De Duração: 1h 35min
Gênero: Drama/Noir
Direção: Orson Welles
Roteiro: Anthony Veiller / Victor Trivas
Fotografia: Russell Metty
Música: Bronislau Kaper
Direção De Arte: Albert S. D'Agostino

SINOPSE:
Em 1946 o Sr. Wilson, da comissão das Nações Unidas para os crimes de guerra descobre que um fugitivo líder nazista, Franz Kindler, está nos EUA usando uma identidade falsa. Depois de seguir outro nazista, que deixara fugir deliberadamente, Wilson chega a cidade de Harper. Passa a desconfiar de Charles Rankin, um professor Universitário da cidade e que está noivo de Mary Longstreet, filha de um juíz da Suprema Corte.

ELENCO:
Edward G. Robinson
Loretta Young
Orson Welles
Philip Merivale
Richard Long
Konstantin Shayne
Byron Keith
Billy House
Martha Wentworth

ANÁLISE:
Welles, The Stranger, Noir e o Cinema
Como justificativa da ambivalência de sentimentos e do comportamento humano, nada mais preciso que este filme de Welles se chame "The Stranger", e claro, que se encontre nas digressões do gênero Noir. Há uma dificuldade de compreensão, por parte de certos perrsonagens, tão evidente e gritante, que a estranheza de cárater não se reduz apenas na enigmática figura de Orson Welles (Charles Rankin/Franz Kindler), vejam, por ex. sua noiva Mary (Loretta Young), e seu pai, o juíz Adam Longstreet (Philip Merivale). Em determinado momento Mary, mesmo com a evidência dos fatos se nega a crer na culpabilidade de Charles, já seu pai parece ignorar o real perigo que sua filha possa correr. É como se a maldade estivesse no cerne da sociedade, e o enfrentamento, uma atitude desnecessária, sem fundamento, sem possibilidade, e a maior prova diso fosse o passado, que não se muda, e portanto, convive com o presente. Recordações, lembranças, estão sempre no centro das narrativas de Welles, onde o passado é investigado, à procura de respostas e soluções para redenção, ou, meramente para a continuidade da vida, para o segmento...Na estilosidade técnica do gênero (Noir), Welles se aproveira até o osso de suas variações, usa e abusa da luminosidade, do jogo de sombras, ( reparem no contraste dos rostos de Charles e Mary, quandos eles se confrontam), dos ângulos, da precisão dos movimentos, ora em longos takes sem cortes, ora em closes, ora em planos médios, ora tomadas aéreas. Mas é da ambiguidade do gênero, usada de forma personalíssima, que Welles mais se aproveita, para contar uma história simples, sem os caminhos intrìnsecos percorridos em outros filmes, de uma narrativa de fácil assimilação, sem nem mesmo surpresas, aquilo que parece ser, de fato é, e as respostas, cedo ou tarde, aparecem, a ambiguidade se faz prevalecer na técnica, no estilo e nas imagens...Já os seus personagens nos revela o fascínio dos detalhes, dos pequenos detalhes

É sabido por quem conhece a trajetória de Welles no cinema, toda a dificuldade encontrada por ele para a realização de seus filmes, tudo por culpa de uma estréia bombástica, que todos nós sabemos qual foi. Welles pagou o preço pela ousasdia, por ser genial demais, e a realização de projetos encomendados foi cada vez maior, para não dizer somente. E "O Estranho" , acaba por refletir esta imagem do artista, que mesmo sob interferências, imprimia um registro, uma marca pessoal. Como cinema "The Stranger" possui momentos de brilhantismo, que fazem com que todo contexto se solidifique, se engrandece. Os detalhes, não se esqueçam.

A sequência final do filme, confluindo-se dessa premissa, é exemplar, e não poderia se desenvolver em melhor cenário, nem sob aspecto mais edificante, na torre de uma igreja, observada pelo tempo: o relógio, entre frestas e sombras e se utilizando, como uma espécie de benção, do cinema "Negro" de Hollywood.

Desde o início de sua carreira, Welles sempre esteve ao largo deste pragmatismo vivente, da obviedade, do concreto, da falta de ambição, assim sendo, nada mais justo, que dar as mãos ao cinema dos excluídos, e daí, extrair a genialidade, e imprimi-la, aqui e acolá, nos detalhes, em certos momentos - maiores ou menores -, mas sobretudo, na imprecisão do cinema.

Quando o filme termina, ficamos com a impressão que Welles se divertiu muito, sentado na sua cadeira de diretor. Brincou de fazer cinema, e deve ter rolado de rir da cara de seus produtores.

Por vezes, é melhor ser marginalizado, viver na sarjeta cometendo delitos. O crime...pode compensar.Roberto F. Fagundes (Fonfagu)

Screens:

Belo filme dirigido por Welles, um tanto esquecido hoje em dia.
Embora não seja prefeito, mais uma vez Welles não teve domínio total da produção, tem momentos extraordinários, e um final digno de antologia!

Taí um filme q não consegui assistir até hj!! Uma pena para quem gosta de filmes noir!!!!

Eu lembro quando o fonfagu criou esse tópico e disponibilizou os links para download, mas infelizmente, não consegui assistir. A primeira vez que eu conferi, foi numa "mostra de cinema" que teve no meu curso, mas foi no primeiro ano que eu entrei, então não me recordo muito bem. Pretendo assistir nas férias, sem falta.