Immortel Ad Vitam (2004)

Sempre adorei filmes de fantasia bem surreais, se você compartilha comigo esse gosto muito provavelmente irá gostar de Immortel Ad Vitam. Um filme francês de 2004 que é baseado em uma HQ francesa dos anos 1980. A história mistura deuses egípcios e um mundo futurista cheio de aliens, mutantes, ciborgues e carros voadores. Uma mistura que provavelmente só poderia ter saído da mente de um autor de quadrinhos, principalmente de europeus. Se você estiver interessado na HQ eu a vi vendendo na livraria Saraiva na mesma semana em que estou criando essa postagem. Esta sendo vendida por 69 reais em formato capa dura, com papel de excelente qualidade. O nome da revista é A Trilogia Nikopol. A história da HQ e do filme é basicamente a mesma, só que a HQ é ainda mais violenta e mais sexualizada (o que é bem comum nesses casos de adaptação).

Em 2095 o mundo está repleto de alienígenas e pessoas com órgãos sintéticos ou com genética alterada, os mutantes. Jill é uma garota pálida de cabelos azuis que não tem memória sobre seu passado. Ela é capturada pela Eugenics, uma empresa que faz transplantes cibernéticos e trabalha com manipulação do DNA. Essa empresa 30 anos atrás sofreu ataques de um ativista chamado Nikopol que foi preso em uma prisão criogênica por isso. No meio de tudo isso aparece uma pirâmide sobrevoando a cidade, nessa pirâmide os deuses egipcios liberam Hórus, essa divindade foi sentenciada a morte por se rebelar contra seu panteão. Resultado: ele tem apenas sete dias (o tempo de uma batida de um coração de um deus) para gerar um herdeiro. Uma tarefa que ele só conseguirá se fecundar Jill, pois só o corpo dela pode formar um embrião divino. Pra tanto Hórus precisa primeiro encontrar um corpo hospedeiro pra possuir.

Como o mundo está repleto de mutantes, Hórus acaba rejeitando vários hospedeiros, a possessão acabava falhando, causando a morte dos possuídos. Sua única opção é liberar Nikopol, por ele ser um humano antigo ele é um dos poucos a se manter puro, sem implante ou mutação. O tornando o hospedeiro ideal. Junto de Hórus, Nikopol parte pra "interagir" com Jill enquanto enfrenta os assassinos enviados pela Eugenics, comandados por um senador corrupto.

O filme é uma mistura de live action com desenho digital, o que faz algumas cenas parecerem introdução de jogo do Playstation 2. Algo que não entendi muito bem o porquê é que algumas personagens que tem aparências humanas normais são representadas por CGs ao invés de serem feitas por atores de carne e osso. O visual da cidade é muito legal, dando destaque aos carros voadores, que apesar de serem do futuro tem um visual meio retrô, lembrando carro antigo. O filme tem um pouco de sangue e um pouco de conteúdo sexual, mas eu não achei nada exagerado, dificilmente vai chocar alguém. Algo bem diferente que nas Hqs. Por exemplo, na Hq os deuses andam peladões com tudo de fora, no filme pelo menos botam um tapa-sexo.

Filme maravilhoso, como eu disse voltado pra quem gosta de fantasia bem alternativa. Um filme com visual cyber-punk bem interessante. As partes surreais que mais gostei, por achá-las as mais absurdas, foram a cena em que Nikopol perde uma perna e Hórus faz uma nova pra ele com uma viga de metal e a do tubarão vermelho voador. Outro ponto positivo do filme é a trilha sonora feita pela banda Sigur Rós que acaba reforçando o lado retrô da obra. Uma última dica, ao assistir Immortel prestem atenção nos cantos de tela e nos fundos das cenas, as vezes aparecem detalhes interessantes.

Fiquei meio espantado que quem trabalhou em conceito com 3D para o filme foi Chris Thunig com trabalhos em Troia (Troy), Cruzadas (Kingdom of Heaven), Gladiador.