Jogador de basquete ainda em atividade se assume gay e torna-se o primeiro em todos os esportes americanos.

Nesta segunda-feira, no meio da primeira rodada dos Playoffs, só se falava do pivô reserva do Washington Wizards. Era Jason Collins, que começou a última temporada no Boston Celtics, foi para a capital americana na mesma troca que envolveu Leandrinho e, com o fim da temporada, virou Free Agent. O esquecido veterano virou assunto porque foi capa da Sports Illustrated, que publicou um bonito depoimento em primeira pessoa onde Collins assume publicamente sua homossexualidade.

O assunto causou muita repercussão porque Collins se tornou o primeiro jogador ainda em atividade a se assumir gay, e não só na NBA, mas em todos os esportes americanos. No basquete, o também pivô John Ameachi, que jogou no Cavs, Magic e Jazz entre 1995 e 2003, assumiu publicamente ser gay apenas em 2007. Causou sua polêmica, especialmente após o Tim Hardaway dar piti ao saber que tinha convivido com um homossexual na liga (um tempo depois, porém, Hardaway pediu desculpas e disse apoiar a causa). Mas o assunto logo morreu porque Ameachi não tinha que encarar companheiros de time, torcida e adversários no jogo seguinte, estava aposentado.

Um depoimento do John Ameachi à ESPN gringa, que foi publicado hoje no ExtraTime, mostra bem o ambiente machista da NBA e o motivo claro de ninguém querer sair do armário enquanto está dentro do mundinho do basquete profissional.

“O vestiário da NBA é o lugar mais esplendoroso em que eu já estive. Caras desfilando seus corpos perfeitos. Eles falam sobre suas façanhas sexuais. Se admiram em frente ao espelho, passando perfume no corpo e gel no cabelo. Admiram os anéis e correntes uns dos outros. Há uma intensa camaradagem entre eles. Não pude deixar de rir comigo mesmo: ‘E eu sou o gay’.

Homossexualidade é uma obsessão entre jogadores, atrás apenas de riqueza e mulheres. Os caras com os quais eu joguei simplesmente não gostavam de bichas – e reafirmavam isso insistentemente. Mas eles não conheciam bichas o suficiente para odiá-las. Mesmo sentando ao meu lado no avião e treinando comigo diariamente, todos estavam convencidos de que nunca tinham visto uma. Com o tempo, percebi que sua postura antigay era muito mais uma convenção da masculinidade. Homofobia é uma postura esperada de jogadores.

O depoimento de Collins à SI tem muitos pontos legais, que certamente vamos abordar num post mais extenso a ser feito durante a offseason. Mas algumas coisas valem a pena ser comentadas desde já:

- Muito legal que jogadores como Kobe Bryant, Chris Bosh, Kevin Durant, Jason Terry e Steve Nash foram a público declarar apoio à Jason Collins. Quando caras de renome apoiam, quem está contra pensa duas vezes em destilar seu preconceito. Mas o depoimento mais engraçado foi o de Doc Rivers, que disse, em tom de brincadeira, quando conversou com o pivô: “Eu não me importo com isso, eu só queria que você me conseguisse mais rebotes, era com isso que eu me importava”.

- A NBA, via David Stern, também demonstrou apoio ao pivô. Claro que eles, oficialmente, nunca seriam contra, mas também poderiam ter ignorado. Ao se pronunciarem publicamente via comissário, também inibem possíveis comentários negativos de algum jogador.

- Segundo o Wizards, 100% das camisetas compradas no site deles no dia de ontem foram personalizadas com o nome de Collins. Se ninguém a comprou para queimá-las em praça pública, é um ótimo sinal de aceitação.

- Em contrapartida às coisas boas, muitos comentários mesmo quando tentavam ser positivos, soaram como “APESAR dele ser gay…”

- O lado ruim de Collins ter se exposto a essa altura de sua carreira é que existem grandes chances dele não jogar mais na liga. E talvez isso não tenha NADA a ver com o fato dele ser gay!

- Collins já tem 34 anos, há muitas temporadas não é relevante em qualquer time e, como já comentamos aqui, os pivôs defensivos, lentos e “brucutus” são cada vez menos necessários na liga. Ou alguém aí quer uma versão mais velha e piorada do Kendrick Perkins? Mas o que vão achar caso ele não consiga emprego para a próxima temporada?

Ainda há muito o que se falar sobre o assunto. Especialmente sobre o excesso de macheza na NBA e nos esportes em geral, onde nenhum gay se assume e onde mulheres só servem para ser assessora de imprensa ou fisioterapeuta. Trataremos disso quando acabar a loucura dos Playoffs.

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por sinal deu uma polêmica incrivel nos comentários

A mulher que ele tinha um relacionamento( gata por sinal) disse que já sacava....