Caçadores de bruxas em Papua-Nova Guiné
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Caçadores de bruxas em Papua-Nova Guiné
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Caçadores de bruxas em Papua-Nova Guiné (Imagem via).
Para a maioria das pessoas do Ocidente, termos como “bruxaria” e “feitiçaria” evocam imagens de mulheres delirantes coletando frutinhas à luz da lua no meio do mato. No entanto, algumas das pessoas das regiões mais remotas da Papua-Nova Guiné possuem uma crença mais extrema no poder do oculto. Na verdade, lá eles levam isso tão a sério que, algumas semanas atrás, moradores formaram gangues armadas e atacaram duas mulheres acusadas de feitiçaria na ilha de Bougainville.
A defensora dos direitos das mulheres e ex-professora Helen Rumbali, sua irmã Nikono e suas duas sobrinhas adolescentes foram capturadas e torturadas com facas e machados por três dias, antes que a gangue decapitasse Helen e ferisse seriamente Nikono. Finalmente, depois de mais quinze dias de negociação tensa com membros da comunidade local, a polícia conseguiu garantir a libertação das três reféns restantes. Nos últimos anos, incidentes assim se tornaram comuns na PNG. Mês passado, seis mulheres acusadas de feitiçaria foram torturadas com ferro em brasa como parte de um “sacrifício” de Páscoa num vilarejo em Southern Highlands. Apesar do crescimento do problema, a violência relacionada à feitiçaria geralmente não é denunciada.
“É algo que vem acontecendo há tempos”, diz Kate Schuetze, pesquisadora da Anistia Internacional. “Mas há um grande estigma em reportar violência relacionada à feitiçaria. Pessoas acusadas de feitiçaria frequentemente precisam fugir de suas áreas, por isso não querem informar a polícia ou a mídia sobre o que está acontecendo.”
Apesar das mortes relacionadas à feitiçaria não serem um fenômeno novo na PNG, a questão tem ganhado significativa atenção recentemente, depois que imagens de uma mulher de 20 anos sendo queimada viva por acusações de bruxaria chegaram até a mídia internacional em fevereiro. Desde então, novos relatórios sobre violência do tipo têm sido condenados pela comunidade internacional.
A força policial da Papua-Nova Guiné é mal paga, mal estruturada e notoriamente corrupta. Em muitos dos novos casos, a polícia estava presente durante as mortes, mas afirmou estar em menor número e, por isso, ser incapaz de prevenir a violência. Schuetze explica que embora a falta de pessoal e recursos realmente seja um problema comum entre as autoridades locais, dificilmente isso é uma desculpa aceitável.
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Policiais da Papua-Nova Guiné.
“Os policiais mandados para intervir acreditam frequentemente nas mesmas coisas que essas comunidades, então às vezes acham que é justificado que essas pessoas se livrem de alguém que acreditam ser uma feiticeira”, ela diz.
Geralmente essas mortes são desencadeadas por alguma tragédia misteriosa e inexplicada em comunidades rurais remotas. Se um morador morre ou fica gravemente doente, membros da comunidade começam a especular sobre o que pode ter causado isso e, na falta de uma resposta mais óbvia, a magia é geralmente estabelecida como explicação. Os acusados costumam ser membros mais marginalizados da sociedade e, mesmo que os homens sejam ocasionalmente vitimados, as mulheres são particularmente vulneráveis aos ataques, compreendendo cerca de seis a cada sete casos relatados. Para piorar, depois de acusadas, muito pouco é feito para proteger essas mulheres.
“Uma das coisas que ouvimos das mulheres na PNG é que, se você for acusada de feitiçaria, eles podem fazer o que quiserem com você e ninguém vai impedi-los — isso também vale para a polícia.”
O número de assassinatos ligados à feitiçaria disparou nos últimos anos, graças à mobilidade cada vez maior das populações distintas do país. “Uma coisa que ouvimos muito é que às vezes essas crenças se espalham porque as pessoas estão se mudando muito mais para partes diferentes do país. Elas levam os sistemas de crenças de seus vilarejos para as novas comunidades”, diz Schuetze. Embora o problema tenha se espalhado por muitas regiões do país, o número preciso de casos é difícil de determinar por causa do estigma ligado à denúncia desses crimes. Schuetze falou com um padre que trabalha nas Highlands da Nova Guiné, que suspeita que cerca de 150 pessoas sejam mortas por ano com violências relacionadas à feitiçaria só nessa província .
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Um caçador de bruxas da Papua-Nova Guiné segura o crânio de uma suposta feiticeira (Imagem via).
Apesar das crenças culturais fortemente enraizadas estarem no centro da epidemia de assassinatos de “feiticeiras”, talvez certas questões sistêmicas e jurídicas também possam ser responsabilizadas. Um dos fatores que mais contribui para isso é a Lei da Feitiçaria, que oficialmente proibiu o uso de magia negra no país. Fazendo isso, a lei legitima casos específicos de violência, tratando a feitiçaria como um fenômeno reconhecido legalmente. Em resposta à crescente pressão internacional e ao número cada vez maior de mortes, o primeiro-ministro do país, Peter O'Neill, finalmente pediu a revogação da Lei da Feitiçaria no começo deste mês. É um passo significativo para erradicar o problema, mas os críticos dizem que esse movimento sozinho não vai parar a violência.
Ainda assim, enquanto a espiral de problemas continua, já é possível vislumbrar alguns sinais de que a maré está mudando. Semana passada, uma sentença de 30 anos de prisão foi dada a um assassinato brutal em Northern Highland — um marco resultado da primeira morte relacionada à feitiçaria na região a chegar a um tribunal nacional, de acordo com o comissário de polícia local. Apesar de avanços como esses serem passos bem-vindos na direção certa, uma solução a longo prazo parece fora de alcance, pelo menos por enquanto.
Ronan O'Kelly
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Caçadores de bruxas em Papua-Nova Guiné (Imagem via).
Para a maioria das pessoas do Ocidente, termos como “bruxaria” e “feitiçaria” evocam imagens de mulheres delirantes coletando frutinhas à luz da lua no meio do mato. No entanto, algumas das pessoas das regiões mais remotas da Papua-Nova Guiné possuem uma crença mais extrema no poder do oculto. Na verdade, lá eles levam isso tão a sério que, algumas semanas atrás, moradores formaram gangues armadas e atacaram duas mulheres acusadas de feitiçaria na ilha de Bougainville.
A defensora dos direitos das mulheres e ex-professora Helen Rumbali, sua irmã Nikono e suas duas sobrinhas adolescentes foram capturadas e torturadas com facas e machados por três dias, antes que a gangue decapitasse Helen e ferisse seriamente Nikono. Finalmente, depois de mais quinze dias de negociação tensa com membros da comunidade local, a polícia conseguiu garantir a libertação das três reféns restantes. Nos últimos anos, incidentes assim se tornaram comuns na PNG. Mês passado, seis mulheres acusadas de feitiçaria foram torturadas com ferro em brasa como parte de um “sacrifício” de Páscoa num vilarejo em Southern Highlands. Apesar do crescimento do problema, a violência relacionada à feitiçaria geralmente não é denunciada.
“É algo que vem acontecendo há tempos”, diz Kate Schuetze, pesquisadora da Anistia Internacional. “Mas há um grande estigma em reportar violência relacionada à feitiçaria. Pessoas acusadas de feitiçaria frequentemente precisam fugir de suas áreas, por isso não querem informar a polícia ou a mídia sobre o que está acontecendo.”
Apesar das mortes relacionadas à feitiçaria não serem um fenômeno novo na PNG, a questão tem ganhado significativa atenção recentemente, depois que imagens de uma mulher de 20 anos sendo queimada viva por acusações de bruxaria chegaram até a mídia internacional em fevereiro. Desde então, novos relatórios sobre violência do tipo têm sido condenados pela comunidade internacional.
A força policial da Papua-Nova Guiné é mal paga, mal estruturada e notoriamente corrupta. Em muitos dos novos casos, a polícia estava presente durante as mortes, mas afirmou estar em menor número e, por isso, ser incapaz de prevenir a violência. Schuetze explica que embora a falta de pessoal e recursos realmente seja um problema comum entre as autoridades locais, dificilmente isso é uma desculpa aceitável.
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Policiais da Papua-Nova Guiné.
“Os policiais mandados para intervir acreditam frequentemente nas mesmas coisas que essas comunidades, então às vezes acham que é justificado que essas pessoas se livrem de alguém que acreditam ser uma feiticeira”, ela diz.
Geralmente essas mortes são desencadeadas por alguma tragédia misteriosa e inexplicada em comunidades rurais remotas. Se um morador morre ou fica gravemente doente, membros da comunidade começam a especular sobre o que pode ter causado isso e, na falta de uma resposta mais óbvia, a magia é geralmente estabelecida como explicação. Os acusados costumam ser membros mais marginalizados da sociedade e, mesmo que os homens sejam ocasionalmente vitimados, as mulheres são particularmente vulneráveis aos ataques, compreendendo cerca de seis a cada sete casos relatados. Para piorar, depois de acusadas, muito pouco é feito para proteger essas mulheres.
“Uma das coisas que ouvimos das mulheres na PNG é que, se você for acusada de feitiçaria, eles podem fazer o que quiserem com você e ninguém vai impedi-los — isso também vale para a polícia.”
O número de assassinatos ligados à feitiçaria disparou nos últimos anos, graças à mobilidade cada vez maior das populações distintas do país. “Uma coisa que ouvimos muito é que às vezes essas crenças se espalham porque as pessoas estão se mudando muito mais para partes diferentes do país. Elas levam os sistemas de crenças de seus vilarejos para as novas comunidades”, diz Schuetze. Embora o problema tenha se espalhado por muitas regiões do país, o número preciso de casos é difícil de determinar por causa do estigma ligado à denúncia desses crimes. Schuetze falou com um padre que trabalha nas Highlands da Nova Guiné, que suspeita que cerca de 150 pessoas sejam mortas por ano com violências relacionadas à feitiçaria só nessa província .
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Um caçador de bruxas da Papua-Nova Guiné segura o crânio de uma suposta feiticeira (Imagem via).
Apesar das crenças culturais fortemente enraizadas estarem no centro da epidemia de assassinatos de “feiticeiras”, talvez certas questões sistêmicas e jurídicas também possam ser responsabilizadas. Um dos fatores que mais contribui para isso é a Lei da Feitiçaria, que oficialmente proibiu o uso de magia negra no país. Fazendo isso, a lei legitima casos específicos de violência, tratando a feitiçaria como um fenômeno reconhecido legalmente. Em resposta à crescente pressão internacional e ao número cada vez maior de mortes, o primeiro-ministro do país, Peter O'Neill, finalmente pediu a revogação da Lei da Feitiçaria no começo deste mês. É um passo significativo para erradicar o problema, mas os críticos dizem que esse movimento sozinho não vai parar a violência.
Ainda assim, enquanto a espiral de problemas continua, já é possível vislumbrar alguns sinais de que a maré está mudando. Semana passada, uma sentença de 30 anos de prisão foi dada a um assassinato brutal em Northern Highland — um marco resultado da primeira morte relacionada à feitiçaria na região a chegar a um tribunal nacional, de acordo com o comissário de polícia local. Apesar de avanços como esses serem passos bem-vindos na direção certa, uma solução a longo prazo parece fora de alcance, pelo menos por enquanto.
Ronan O'Kelly
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marcelo l.- Farrista "We are the Champions"
- Mensagens : 6877
Data de inscrição : 15/06/2010
Re: Caçadores de bruxas em Papua-Nova Guiné
deviam ser caçados e mortos canalhas!
elcioch- Estou chegando lá
- Mensagens : 5875
Data de inscrição : 14/06/2010
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