Wild Cards - O Começo de Tudo

Novo livro com a marca George R.R. Martim. Apesar de ter seu nome estampado enorme na capa o autor escreveu apenas um dos contos desse volume. Se bem que o universo onde as histórias se passam foi idealizado por ele. O romance é antigo, de 1986, e só esta sendo publicado aqui no Brasil por causa do sucesso de Game of Thrones. Mesmo assim há algumas histórias nessa compilação que foram criadas em 2010. O gênero super-herói que é tão explorado nos quadrinhos agora é visto em formato de romance. O livro irá agradar mais aos fãs de HQ, é impossível não relacionar a perseguição sofrida pelos super seres com os plots de X-men, por exemplo. Mesmo assim o publico leigo no assunto pode vir a apreciar também.

No mundo de Wild Cards nos anos 1940 um cometa cai na Terra espalhando um vírus chamado Carta Selvagem. As pessoas que são infectadas por esse vírus acabam se transformando. Noventa por cento morre, nove por cento viram deformados e um por cento ganham super poderes. Os vários contos se passam em uma realidade alternativa. Fatos históricos são revistos em um mundo onde pessoas com poderes é uma realidade. Apesar de cada conto ter um autor diferente alguns personagens são recorrentes, pois as histórias são sempre do mesmo universo. Nesse volume se dá mais destaque ao alienígena Tachyon (um médico telepata que veio a Terra avisar os humanos sobre a ameaça do vírus Carta Selvagem) e no piloto Jetboy (um herói humano da primeira guerra mundial). Não sou muito bom em história mundial, mas quem for mais chegado nessa matéria vai acabar se divertindo mais com as brincadeiras que o livro faz recontando fatos históricos. Alguns eu identifiquei como, por exemplo, a disputa entre a Rússia e os EUA na guerra fria, que no livro as duas nações empregaram espiões com poderes. Em um conto que se passa nos anos 1970 mostra como o movimento Punk influenciou a população de coringas.

Há dois tipos de infectados principais, mas a medida que você vai lendo a história vai se inteirando a outros diferentes tipos de infectados. Até o momento, nesse volume, é descrito quatro tipos:

Ás: apenas um por cento dos infectados tem a sorte de se tornar um ás. Ganham super poderes como voar, ter super força, parar o tempo, atravessar parede, mover objetos com a mente… São os verdadeiros super-heróis e alguns deles acabam ganhando status de celebridade.

Coringa: a grande maioria dos infectados acabam se transformando em monstros, seres com várias deformidades. Como se já não bastasse a feiura, alguns ficam aleijados e fracos. Alguns até possuem algum poder especial, mas são bem inferiores ao dos áses.

Dois de paus: são áses com poderes que não tem muito uso prático. Como controlar o crescimento do próprio cabelo, mudar a cor de sua pele, ou levitar moedas.

Rainha negra: os noventa por cento dos infectados morrem porque acabam ganhando habilidades que levam elas ao óbito. Como, por exemplo, uma mulher que expele fogo do corpo, mas não é capaz de resistir as queimaduras ou um velhinho que fechou todos os seus orifícios, levando a morte por asfixia.

Ao recontar a história do mundo o livro acaba abordando temas como preconceito, nesse quesito sofrido pelos Coringas que são os segregados. Apesar de falar sobre preconceito contra seres fantásticos o livro também fala um pouco sobre racismo e homofobia. O primeiro na ótica do personagem Fortunato e o último por causa do personagem Tachyon que apesar de ser hétero, e até meio galinha, tem um visual que muitos consideram afeminado, pois é cabeludo e usa roupas coloridas. É interessante a parte em que o ête lê a mente das pessoas a sua volta e vê que muitos desejam matá-lo só por causa do seu estilo de se vestir.

Os contos são muito bons e trazem histórias fechadas, você não precisa nem Lê-los em ordem. Só leia antes o primeiro, pois é ele que traz as bases desse universo. Como cada conto é de um autor diferente o nível das histórias no quesito violência e sexo variam muito. As mais pesadas, disparado, é a “A Noite Longa e Obscura de Fortunato”, que até tem um pouco de terror, e “Fios” que fala sobre prostituição e estupro. Tirando essas duas as demais são leves.

Saldo final super positivo. E olha que geralmente prefiro romance com história única do que com contos. Se bem que para essa trama talvez só funcionasse esse formato. Já que o centro não é um personagem ou um plot, mas sim um mundo paralelo inteiro. Apesar de ser vendido como uma hq de super-heróis em formato de livro acho que o romance não tem muito a ver com heróis Marvel e DC cujo principal meta é trocar socos entre si. A maioria das histórias nem brigas tem. Se fosse para achar um paralelo talvez seja com algo da linha Vertigo. Que ao meu ver é maduro não por ter sexo e violência, apesar de os ter, mas sim por abordar assuntos mais polêmicos. Mais livros Wild Cards serão lançados ainda esse ano. Talvez não os compre, pois tenho outros títulos em mente. Mas, enfim, se você quer um bom romance para ler esse é uma boa pedida.

parece bacana.

Parece ser muito bom mesmo, tenho ouvido falar muito bem dele pelas "interwebs". Vou coloca-lo no topo da lista.

Comprei o livro e mesmo estando ainda nas primeiras cem páginas vou reafirmar a indicação, vale mesmo muito a pena. Nestas primeiras partes já achei bem positivo serem vários autores, pois além da mudança de foco e protagonista, ocorre a mudança do estilo de narrativa. Alan, obrigado pela indicação.