sonho de Rui Falcão: TRABALHADORES ROMENOS LIGADOS AO PARTIDO SOCIALISTA LOCAL INDO AS RUAS NOS PROTESTOS DE SEUS CONCIDADÃOS
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sonho de Rui Falcão: TRABALHADORES ROMENOS LIGADOS AO PARTIDO SOCIALISTA LOCAL INDO AS RUAS NOS PROTESTOS DE SEUS CONCIDADÃOS
Há pouco mais de 20 anos, o povo da Romênia se rebelou contra seu governo. No entanto, seu levante foi um pouco mais estranho do que o que está acontecendo na Turquia, Egito, Brasil e no sul da Europa hoje.
Depois que membros da oposição liberal organizaram protestos contra a Frente de Salvação Nacional recentemente eleita — o primeiro partido a subir ao poder depois da revolução de 1989 — o governo socialista convocou os mineiros e outros trabalhadores de toda a Romênia para reprimir as manifestações, já que a polícia não tinha conseguido dispersar as multidões de revoltosos.
No dia 14 de junho de 1990, cerca de 10 mil mineiros armados com bastões de madeira e barras de ferro foram trazidos para Bucareste em trens especiais. Quando chegaram, eles rapidamente começaram a espancar e,eventualmente,matar e ferir gravemente muitos dos liberais, monarquistas e estudantes que se atreveram a falar contra seu governo, insatisfeitos com o fato de que muitos dos líderes da FSN, incluindo o presidente Ion Iliescu, eram ex-membros do Partido Comunista Romeno recentemente deposto.
Andrei Iliescu é um fotógrafo que estava trabalhando para a Agence France-Press (AFP) durante as revoltas que aconteceram entre 13 e 15 de junho de 1990. Estas fotos são o registro doque ficaria conhecido como o Mineriad de Junho de 1990.
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Quando vejo fotos da Praça Taksim hoje, não consigo deixar de pensar no que aconteceu em junho de 1990 na Praça da Universidade em Bucareste. Eu tinha me mudado para o hotel InterContinental em frente à praça para ficar o mais perto possível dos protestos, que começaram no dia 22 de abril e terminaram em 15 de junho. O interesse na Romênia naquela época era enorme; eu estava fazendo trilhões de fotos e não lembro de um único dia em que não tenha mandado pelo menos uma foto para algum jornal do mundo.
No dia 11 de junho, as coisas começaram a ficar violentas, mas a tensão só foi atingir seu ápice alguns dias depois. Até ali, a polícia aparecia em ondas e o governo tinha dado um ultimato para que os manifestantes se dispersassem, mas como não era oprimeiro, eles escolheram ignorá-lo.
Às 6h da manhã do dia 13 de junho, a polícia foi pra cima dos manifestantes com força total. Algumas horas depois, a praça estava deserta. Caminhões de bombeiros lavavam as ruas e lixeiros estavam ocupados recolhendo o que havia sido deixado para trás pela multidão. No entanto, os manifestantes já estavam de volta às 11h30, o que fez a polícia se mover novamente com tanques e carros blindados. As pessoas jogavam pedras e ateavam fogo aos carros próximos, e a coisa toda começou a parecer tão feroz quanto a revolução de 1989. Porém, depois de algumas horas, os manifestantes foram embora, deixando a praça para o tempo sempre imprevisível da cidade, onde céus claros constantemente alternavam para pancadas de chuva rápidas.
Fiquei nas ruas por um tempo, mas tive que voltar depressa à minha sala escura improvisada no quarto de hotel para revelar meu filme, ampliar as fotos, digitar algumas cópias e mandar tudo para onde devia. Pra isso, tínhamos que tirar o microfone de um telefone e conectá-lo a um aparelho que, basicamente, lia uma foto de 18 x 24 cm linha por linha. Esse fax rudimentar improvisado era a única tecnologia que tínhamos à disposição na época.
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Às 23h daquela noite, fiz minha última sessão de fotos do dia. Enquanto passava por uma loja de roupas infantis, me lembro de ter ouvido um tiro e, logo em seguida, balas passaram muito perto da minha cabeça,acertando o muro de tijolos atrás de mim.
No dia seguinte, por volta das 5h da manhã, o centro da cidade estava estranhamente silencioso — o quenão duraria muito. Rompendo o abismo de mudez, ouvi um barulho alto vindo da direção da Praça da Vitória, ao norte da Praça da Universidade. Era a primeira legião de mineiros que viria a ocupar o centro de Bucareste, forçando os manifestantes a se retirar e lançando uma medonha sombra cinza sobre a cidade nos dois dias seguintes.
Com o sol da manhã ficando cada vez mais brilhante, subi no primeiro andar de um prédio próximo para fotografar a ofensiva dos mineiros. Eles estavam atacando tudo o que aparecesse no caminho — homens, mulheres e até crianças. Tive que voltar correndo para o hotel para enviar as primeiras fotos. Lá, fiquei sabendo que um avião estava chegando em Sophia com fotógrafos das maiores agências do mundo para documentar romenos espancandooutros romenos a mando de seu próprio governo.
Algumas horas depois, me encontrei com um colega da AFP com várias câmeras F3 e todas as lentes que tínhamos conosco. Quando voltamos para a praça, parecia que todas as agências de notícias do mundo estavam presentes, apesar da raiva inicial dos mineiros ter se dissipado um pouco naquele ponto. Por volta do meio-dia, nos vimos dentro do quartel-general do Partido dos Agricultores (PNŢCD), que era oposição na época. Também fiz algumas fotos do hospital de emergência, onde Marian Munteanu,líder dos protestos antigoverno,realizou um entrevista coletiva entre os feridos.
Os números oficiais apontaram seis pessoas mortas e 756 gravemente feridas, no entanto,outras fontes sugerem que mais de 100 pessoas foram mortas na violência daquele dia.
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Depois que membros da oposição liberal organizaram protestos contra a Frente de Salvação Nacional recentemente eleita — o primeiro partido a subir ao poder depois da revolução de 1989 — o governo socialista convocou os mineiros e outros trabalhadores de toda a Romênia para reprimir as manifestações, já que a polícia não tinha conseguido dispersar as multidões de revoltosos.
No dia 14 de junho de 1990, cerca de 10 mil mineiros armados com bastões de madeira e barras de ferro foram trazidos para Bucareste em trens especiais. Quando chegaram, eles rapidamente começaram a espancar e,eventualmente,matar e ferir gravemente muitos dos liberais, monarquistas e estudantes que se atreveram a falar contra seu governo, insatisfeitos com o fato de que muitos dos líderes da FSN, incluindo o presidente Ion Iliescu, eram ex-membros do Partido Comunista Romeno recentemente deposto.
Andrei Iliescu é um fotógrafo que estava trabalhando para a Agence France-Press (AFP) durante as revoltas que aconteceram entre 13 e 15 de junho de 1990. Estas fotos são o registro doque ficaria conhecido como o Mineriad de Junho de 1990.
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Quando vejo fotos da Praça Taksim hoje, não consigo deixar de pensar no que aconteceu em junho de 1990 na Praça da Universidade em Bucareste. Eu tinha me mudado para o hotel InterContinental em frente à praça para ficar o mais perto possível dos protestos, que começaram no dia 22 de abril e terminaram em 15 de junho. O interesse na Romênia naquela época era enorme; eu estava fazendo trilhões de fotos e não lembro de um único dia em que não tenha mandado pelo menos uma foto para algum jornal do mundo.
No dia 11 de junho, as coisas começaram a ficar violentas, mas a tensão só foi atingir seu ápice alguns dias depois. Até ali, a polícia aparecia em ondas e o governo tinha dado um ultimato para que os manifestantes se dispersassem, mas como não era oprimeiro, eles escolheram ignorá-lo.
Às 6h da manhã do dia 13 de junho, a polícia foi pra cima dos manifestantes com força total. Algumas horas depois, a praça estava deserta. Caminhões de bombeiros lavavam as ruas e lixeiros estavam ocupados recolhendo o que havia sido deixado para trás pela multidão. No entanto, os manifestantes já estavam de volta às 11h30, o que fez a polícia se mover novamente com tanques e carros blindados. As pessoas jogavam pedras e ateavam fogo aos carros próximos, e a coisa toda começou a parecer tão feroz quanto a revolução de 1989. Porém, depois de algumas horas, os manifestantes foram embora, deixando a praça para o tempo sempre imprevisível da cidade, onde céus claros constantemente alternavam para pancadas de chuva rápidas.
Fiquei nas ruas por um tempo, mas tive que voltar depressa à minha sala escura improvisada no quarto de hotel para revelar meu filme, ampliar as fotos, digitar algumas cópias e mandar tudo para onde devia. Pra isso, tínhamos que tirar o microfone de um telefone e conectá-lo a um aparelho que, basicamente, lia uma foto de 18 x 24 cm linha por linha. Esse fax rudimentar improvisado era a única tecnologia que tínhamos à disposição na época.
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Às 23h daquela noite, fiz minha última sessão de fotos do dia. Enquanto passava por uma loja de roupas infantis, me lembro de ter ouvido um tiro e, logo em seguida, balas passaram muito perto da minha cabeça,acertando o muro de tijolos atrás de mim.
No dia seguinte, por volta das 5h da manhã, o centro da cidade estava estranhamente silencioso — o quenão duraria muito. Rompendo o abismo de mudez, ouvi um barulho alto vindo da direção da Praça da Vitória, ao norte da Praça da Universidade. Era a primeira legião de mineiros que viria a ocupar o centro de Bucareste, forçando os manifestantes a se retirar e lançando uma medonha sombra cinza sobre a cidade nos dois dias seguintes.
Com o sol da manhã ficando cada vez mais brilhante, subi no primeiro andar de um prédio próximo para fotografar a ofensiva dos mineiros. Eles estavam atacando tudo o que aparecesse no caminho — homens, mulheres e até crianças. Tive que voltar correndo para o hotel para enviar as primeiras fotos. Lá, fiquei sabendo que um avião estava chegando em Sophia com fotógrafos das maiores agências do mundo para documentar romenos espancandooutros romenos a mando de seu próprio governo.
Algumas horas depois, me encontrei com um colega da AFP com várias câmeras F3 e todas as lentes que tínhamos conosco. Quando voltamos para a praça, parecia que todas as agências de notícias do mundo estavam presentes, apesar da raiva inicial dos mineiros ter se dissipado um pouco naquele ponto. Por volta do meio-dia, nos vimos dentro do quartel-general do Partido dos Agricultores (PNŢCD), que era oposição na época. Também fiz algumas fotos do hospital de emergência, onde Marian Munteanu,líder dos protestos antigoverno,realizou um entrevista coletiva entre os feridos.
Os números oficiais apontaram seis pessoas mortas e 756 gravemente feridas, no entanto,outras fontes sugerem que mais de 100 pessoas foram mortas na violência daquele dia.
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marcelo l.- Farrista "We are the Champions"
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Data de inscrição : 15/06/2010
Re: sonho de Rui Falcão: TRABALHADORES ROMENOS LIGADOS AO PARTIDO SOCIALISTA LOCAL INDO AS RUAS NOS PROTESTOS DE SEUS CONCIDADÃOS
só não é pior do que aconteceu no egito onde o novo regime militar que tirou o presidente do egito já matou 55 pessoas entre elas repórteres que protestam no egito contra o golpe e já prenderam lideres religiosos considerados culpados por fazer a população sair nas ruas em protesto
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"Seu verdadeiro lar está dentro do seu coração e continua com você onde quer que você vá; mas um lugar legal e aconchegante é um motivo maravilhoso para voltar para casa!"
-J.R.R.Tolkien
Re: sonho de Rui Falcão: TRABALHADORES ROMENOS LIGADOS AO PARTIDO SOCIALISTA LOCAL INDO AS RUAS NOS PROTESTOS DE SEUS CONCIDADÃOS
Questao escreveu:só não é pior do que aconteceu no egito onde o novo regime militar que tirou o presidente do egito já matou 55 pessoas entre elas repórteres que protestam no egito contra o golpe e já prenderam lideres religiosos considerados culpados por fazer a população sair nas ruas em protesto
Sem querer polemizar, mas no Egito atual é um golpe de Estado, golpes de estado são sangrentos, ainda mais no OM.
O problema da Romenia, Hungria e mesmo Egito pré-golpe é que os dirigentes enviaram seus membros para tentar capturar as manifestações, nos três casos que efetivamente vimos os militantes houve retrocesso institucional a tal ponto que no Egito a "maioria" da população apoiou um golpe conforme vimos as manifestações com grande apoio entre os coptas que vinham sendo perseguidos por membros da IM, na Hungria abriu-se um fosso entre o que pode ser considerado simpatizantes de idéias liberais e socialistas, membros da direita que governa o país
Historicamente essa ideia de ir tentar ser o rei das ruas abriu-se muitos dos piores horrores do século XX, mesmo nas democracias recentes europeias quem usou como os exemplos da Hungria e da Romênia hoje são governos de extrema-direita e xenófobos, por causa disso na minha narrativa desde o começo é ter muita desconfiança quanto um presidente de partido pede para sua militância vá as ruas, afinal é esse partido que é a vitrine, cria-se um desarranjo ao meu ver sério que cai em muitos casos em confrontos de rua, e enfraquece as instituições ditas democráticas e em vários casos eu acredito que levaram o país para pior.
E sobre o Egito e uso da força pelas forças armadas tem um estudo dos cartuchos usados que revelam a força utilizada contra a manifestação:
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Nem é a única narrativa a minha nem abrange toda complexidade do que ocorre neste remake da grande primavera dos povos de 1848.
marcelo l.- Farrista "We are the Champions"
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