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Militares questionam o mérito de um ataque de mísseis curto e limitado (Síria)

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Militares questionam o mérito de um ataque de mísseis curto e limitado (Síria) Empty Militares questionam o mérito de um ataque de mísseis curto e limitado (Síria)

Mensagem por marcelo l. Qui Ago 29, 2013 3:19 pm


Valor Econômico - 29/08/2013




Estados Unidos, Reino Unido e França estão levando adiante os planos de um ataque limitado à Síria, em punição ao regime de Bashar al-Assad pelo suposto uso de armas químicas. Mas militares de altas patentes e especialistas dos dois lados do Atlântico estão bastante preocupados com os propósitos desse ataque, temendo que ele possa arrastar o Ocidente para uma guerra não desejada.

O objetivo declarado dos EUA e seus aliados é impedir que o regime de Assad volte a usar armas químicas, sem assumir a defesa de nenhum lado na guerra civil sírio e nem implementar uma política de mudança de regime.

Mas, no Reino Unido, algumas das figuras mais importantes do establishment militar estão profundamente céticos quanto aos méritos de um ataque limitado único, argumentando que ele poderá rapidamente arrastar os EUA e seus aliados para um conflito muito maior.

"A ideia de que o Ocidente pode restringir de modo ordenado um ataque a uma punição de curta duração, com os limites estabelecidos exclusivamente por nós, é ingênua ao extremo", disse um comandante militar britânico de alta patente, que pediu para não ser identificado. "No fundo, não dá para não pensar que os planos para esse ataque dizem mais respeito a restabelecer a autoridade dos EUA, do que ajudar a resolver uma guerra civil terrível na Síria."

Nos EUA, analistas militares demonstram dúvidas parecidas. "Os comentários anônimos de oficiais de altas patentes, de que um possível ataque à Síria seria "punitivo", são alarmantes", afirma Christopher Harmer do Institute for Study of War, um centro de estudos de Washington. "Um ataque feito para punir líderes não constitui uma estratégia e nem mesmo um objetivo militar sólido."

Nos últimos dias, o plano operacional de um ataque à Síria vem sendo intensamente passado para a imprensa dos Estados Unidos e dos países aliados.

As autoridades militares estão contemplando 48 horas de bombardeios envolvendo mísseis de cruzeiro Tomahawk lançados do mar. O objetivo da operação seria atingir alvos militares do regime de Assad, mas não suas instalações com armas químicas, pois isso poderia provocar o vazamento de gases venenosos para a atmosfera.

"Não pode ser um ataque político, com o objetivo de mudar o regime, de modo que ele precisa ter um foco puramente militar", diz uma fonte do setor de defesa. "Os EUA e seus aliados tentarão atingir bunkers das estruturas de comando e controle sírias aeronaves. Eles também poderão atingir organizações comandadas pelo irmão de Assad, Maher, dadas os fortes indícios de que suas forças realizaram os ataques químicos da semana passada."

As potências ocidentais acreditam claramente que podem realizar um "ataque contido, curto e vigoroso" que impeça o regime sírio de usar armas químicas. Mas ex-militares têm dúvidas quanto a capacidade dos EUA de cumprir seus objetivos.

Alguns afirmam que a operação iminente poderá ser tão restrita quanto fútil, com pouco impacto sobre o regime de Assad.

Alan West, ex-comandante da Real Marinha Britânica, teve um papel de liderança durante a operação da Organização do Tratado do Atântico Norte (Otan) contra a Sérvia, em 1999. Para ele, "um bombardeio de dois dias contra a Síria vai abalar Assad, mas não conseguirá muita coisa.".

"Foi preciso bombardear a Sérvia por 78 dias antes que conseguíssemos tirar o regime de [Slobodan] Milosevic de Kosovo. Mesmo assim, as pessoas esquecem de que só fomos bem sucedidos porque os EUA e o Reino Unido ameaçaram uma invasão por terra."

Ao mesmo tempo, West e outros temem que a operação liderada pelos americanos possa dar errado e ter sérias consequências não esperadas.

"Há muitas coisas que precisam ser levadas em consideração", alerta o comandante militar de alta patente britânico mencionado anteriormente. "E se nosso blefe for exposto e Assad voltar a usar armas químicas? E se atingirmos civis inocentes ou, mais provavelmente, técnicos russos que estão ajudando o exército sírio? Qual será a "ramificação" ou plano de acompanhamento se nosso objetivo não for alcançado de primeira? E se o regime e seus apoiadores retaliarem lançando mísseis Scud na base que o Reino Unido tem no Chipre? Duvido que as pessoas tenham realmente pensado como iremos responder nesses casos."

Harmer reconhece que o conflito é imprevisível e isso não deve ser motivo para paralisar a tomada de decisões. "Mas é preciso articular claramente o objetivo desejado", acrescenta ele. "A queda do regime de Assad é um objetivo claro. Privar Assad da capacidade de usar ou desenvolver armas químicas é outro. Punir Assad por usar armas químicas não é."

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