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A Execução de Sherlock Holmes (e os 4 tipos de narradores)

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A Execução de Sherlock Holmes (e os 4 tipos de narradores) Empty A Execução de Sherlock Holmes (e os 4 tipos de narradores)

Mensagem por alancosme32 Qua Jan 22, 2014 9:15 pm

A Execução de Sherlock Holmes (e os 4 tipos de narradores) A_EXECUCAO_DE_SHERLOCK_HOLMES_1386778323P
Criado pelo autor britânico Arthur Conan Doyle no finalzinho do século XIX, Sherlock Holmes se tornou o detetive mais conhecido da cultura pop. Ao longo dos anos o herói ganhou várias versões, algumas delas que se afastam muito do conceito original (como a versão de Robert Downey Jr. que transformou o detetive em herói de filme de ação) e outras que reinventaram o personagem o enxergando de outra forma, mas mantendo o foco principal (como a versão de Benedict Cumberbatch, a que na minha opinião é a melhor). O romance A Execução de Sherlock Holmes foi escrito na década de 2000 por Donald Thomas, outro autor britânico. Apesar disso não encontrei diferença em sua forma de escrita em relação a de Conan Doyle. O livro traz cinco contos com histórias fechadas e que usam as mesmas fórmulas das histórias clássicas, fazendo com que o leitor fã não sinta a mudança de autoria. Como nos originais, as aventuras aqui são narradas pelo ajudante do detetive, o médico militar Watson, em segunda pessoa (o que explicarei a seguir).


Uma história pode ser contada em primeira pessoa, segunda pessoa, terceira pessoa de perto e terceira pessoa de longe. Primeira pessoa é quando o narrador da trama é o personagem principal. Esse estilo de narração sempre foi popular e continua sendo. Terceira pessoa de perto é quando a história não é narrada pelo personagem principal, mas mesmo assim o narrador só descreve os fatos e o cenário onde a aventura se desenrola pelo ponto de vista do herói. A maioria dos romances contemporâneos usa esse tipo de narrador. Terceira pessoa de longe é quando o narrador não personagem é onisciente, um narrador que sabe tudo o que está acontecendo no mundo onde a aventura se desenrola. Estilo mais popular em livros mais antigos, O Silmarillion de Tolkien, por exemplo, é escrito todo nessa pessoa. Hoje em dia é mais comum em um livro usar esse narrador só na introdução e deixar o resto da história na terceira pessoa de perto (Fios de Prata é assim). E por último, segunda pessoa, o caso dos livros de Sherlock Holmes clássicos e esse aqui. As aventuras em segunda pessoa mostram um narrador personagem que dialoga diretamente com o leitor, usando constantemente palavras como “você”, “tu”, “nós”. Eu só encontrei esse tipo de narrador em romances antigos, hoje em dia está quase em desuso.

As aventuras de Sherlock Holmes nos são contadas por Watson. Como o médico tem uma grande admiração pelo detetive, chegando quase ao ponto da bajulação, eu sempre imaginei que as histórias que ele nos conta não tinham muita relação com os fatos. Algumas passagens Watson nem presencia, é Sherlock que conta a ele. Como em uma brincadeira de telefone sem fio eu gosto de imaginar ao ler os romances do detetive que a versão final que Watson nos conta é uma versão exagerada que pouco tem a ver com o que de fato aconteceu. Como as histórias do detetive não são de fantasia eu sempre achei que esse modo de ver os livros fazia mais sentido. Claro que isso depende mais da imaginação do leitor do que do escritor, já que essa minha interpretação não é mencionada e nem mesmo sugerida.
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