Ucrânia destrói monumentos e muda nomes de ruas
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Ucrânia destrói monumentos e muda nomes de ruas
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BERLIM — A Ucrânia resolveu cortar definitivamente as ligações com o passado soviético, com uma nova lei, que proíbe o uso de símbolos do comunismo e prevê punição de até dez anos de prisão para os infratores. Centenas de estátuas de Lenin e de outros líderes da era soviética começaram a ser retiradas dos seus pedestais, em uma febre nacional para apagar por completo as marcas da História. Só nas regiões dominadas pelos separatistas pró-Rússia os símbolos do passado são preservados.
— A Ucrânia quer sepultar sua história — afirma o jornalista Yuri Durkot, a favor do distanciamento da Rússia, mas que vê de forma crítica as novas medidas.
Em todo o país, começou a caça às estátuas de Lenin e Marx. Quando não são derrubadas por encomenda do governo, são alvo de vandalismo praticado por pessoas próximas ao partido nacionalista Svoboda.
Testemunhos do passado em comum com a Rússia na era soviética são a partir de agora permitidos apenas nos museus, desde que as imagens ou objetos sejam acompanhados de textos de esclarecimento sobre o “caráter criminoso” do regime. Até filmes de Hollywood que mostrem comunistas e soviéticos de forma positiva poderão ser proibidos.
Segundo o historiador ucraniano Andre Portnow, a tentativa de Kiev de combate aos símbolos comunistas é um desvio da atenção dos problemas reais do país.
— A Ucrânia está à beira da insolvência e fica esbanjando dinheiro com medidas teatrais — disse.
Apesar do impasse, o governo não hesita em investir o equivalente a R$ 245 milhões na mudança dos nomes de cidades e ruas. Dnipropetrovsk, cujo nome refere-se a Grigori Petrov, amigo de Lenin, e ao rio Dniepre, que banha a cidade, poderá ser chamada de “Jerusalém do Dniepre”. Sobretudo os 50 mil judeus que vivem na cidade são favoráveis ao nome. Mas os novos nomes das grandes cidades precisam ser confirmados pelo Parlamento.
Segundo o historiador Jörg Baberowski, especialista em Leste europeu da Universidade Humboldt de Berlim, o problema da Ucrânia é que o passado soviético não foi tema de um debate nacional depois da independência.
— Não será combatendo os símbolos do passado comunista que a Ucrânia vai alcançar a unidade nacional — disse.
Já o escritor Sergij Zhadan acredita que a lei de proibição dos símbolos comunistas terminará sendo derrubada porque vai contra a Constituição do país.
— Outro efeito negativo é tornar a situação no Leste separatista ainda mais explosiva — afirma.
Em todo o Leste europeu, Lenin e outros heróis da era comunista foram retirados das praças públicas nos últimos 25 anos. Só a Rússia, o centro do "império" soviético, e a Hungria, um dos primeiros países do antigo “Pacto de Varsóvia” a ingressar na União Europeia, preservaram os monumentos da era comunista.
Há poucos dias, o ministro da cultura da Rússia, Vladimir Medinski, garantiu que os monumentos da era soviética seriam preservados.
— Monumentos de Vladimir Illitch Lenin são sem dúvida parte da nossa identidade histórica — afirmou ele.
A declaração do ministro foi feita em uma carta ao líder comunista Gennadi Zyuyganov, que tinha manifestado o receio de que os russos repetissem o exemplo da Ucrânia.
Os húngaros mostraram que os monumentos históricos, também os da era comunista, devem ser preservados. As estátuas de Lenin, Marx e Engels fazem parte de uma exposição permanente no Parque Memento, que fica no sul da Budapeste, que é visitado todos os anos por milhões de turistas do mundo inteiro.
Mas a política ucraniana Hanna Hopko vê o “processo de descomunizar” a Ucrânia como a única esperança de que no futuro seja possível as populações do Leste e do Oeste do país conviverem em paz.
— Acabar com a identidade da era comunista é para a Ucrânia tão importante quanto o foi para a Alemanha depois da Segunda Guerra a “desnazificação” e a abertura de julgamentos contra criminosos da era da ditadura. Talvez se isso tivesse acontecido antes, não teria acontecido a guerra civil.
A desnazificação alemã foi iniciada por ordem dos aliados vencedores da Segunda Guerra Mundial. Foram proibidos os símbolos nazistas, mas como Adolf Hitler cultivava mais a arquitetura do que os clássicos monumentos, parte do seu legado foi preservada. Ainda hoje projetos monumentais da arquitetura nazista podem ser vistos em Berlim, como o prédio do aeroporto de Tempelhof ou o estádio olímpico de Berlim.
De acordo com a historiadora Andrea Theissen, diretora do Museu da Cidadela de Berlim, a destruição dos testemunhos de uma era, mesmo que de uma ditadura, são “um crime cultural”. Depois da queda do muro de Berlim, o Leste da Alemanha foi tomado por um ativismo de destruir tudo o que estava relacionado com a era comunista, o que ela considera uma tentativa de “fazer de conta que essa era não tinha existido”.
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Re: Ucrânia destrói monumentos e muda nomes de ruas
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Thiago A.P.- Farrista desafio aceito!
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