Sem recursos, neurocientista pensa em fechar laboratório e sair do Brasil
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Sem recursos, neurocientista pensa em fechar laboratório e sair do Brasil
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RIO - A neurocientista Suzana Herculano-Houzel, chefe do Laboratório de Neuroanatomia Comparada do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, vive um paradoxo em sua carreira. Por um lado, ela comemora a publicação, nesta quinta-feira, junto com o físico Bruno Mota, professor da mesma universidade, de um estudo que sugere nova explicação para a anatomia "enrugada" do cérebro. A pesquisa foi divulgada na "Science", uma das principais revistas científicas do mundo. Porém, Suzana também vive um drama. A cientista corre o risco de ver os trabalhos no laboratório que chefia paralisados por falta de recursos.
Segundo ela, no fim do ano passado o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) aprovou uma verba de R$ 50 mil - metade dos R$ 100 mil originalmente pedidos – para financiar as pesquisas durante três anos, mas até agora só pouco mais de R$ 6 mil foram liberados.
Além disso, dois projetos aprovados há meses pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) ainda não têm previsão de quanto e quando o dinheiro será liberado. Já os US$ 600 mil que recebeu em 2010 como apoio por seis anos da Fundação James McDonnell, dos EUA, estão sendo depositados na conta da UFRJ, o que a obriga a enfrentar uma enorme burocracia para acessar os recursos, que agora podem até ser bloqueados devido à crise financeira na instituição. Por fim, diz, o CNPq também adiou por tempo indeterminado a reabertura do edital de renovação do financiamento para funcionamento do Instituto Nacional de Neurociência Translacional, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do qual ela também faz parte.
- No momento, estou tirando dinheiro do próprio bolso e “me devendo” mais de R$ 15 mil na esperança de ver algum destes recursos liberados – conta Suzana. - É isso ou paro de trabalhar, interrompo os projetos e a formação de pesquisadores no laboratório. E não é por falta de competência ou má gestão. Temos vários projetos aprovados, mas a realidade é que não estamos recebendo nada, o financiamento ao laboratório acabou e estou sendo forçada a recusar alunos do Brasil e do exterior que querem fazer seu mestrado ou doutorado aqui - explica.
"AQUI NÃO LEVAM A GENTE A SÉRIO"
Diante desta situação, Suzana já cogita até deixar o Brasil e continuar suas pesquisas em alguma instituição fora do país. Credenciais para isso não lhe faltam, já que a pesquisadora foi responsável por algumas das mais importantes descobertas recentes no estudo comparativo do cérebro humano com os de outros mamíferos e sua ligação com a cognição, publicadas em periódicos científicos internacionais de grande impacto. É dela, por exemplo, a constatação de que o número de neurônios em nosso cérebro chega a 86 bilhões, menos do que as estimativas anteriores de cerca de 100 bilhões, mas, destes, 16 bilhões estão no córtex, número bem superior, por exemplo, aos 6 bilhões de neurônios corticais dos elefantes, cujo cérebro no total soma quase 250 bilhões destas células, ou três vezes mais do que nos seres humanos.
- A vontade cada vez maior é ir embora do país, pois aqui não levam a gente a sério – reclama. - Temos reconhecimento internacional, como mostra esta publicação na “Science”, mas nenhum dinheiro. Como a ciência não dá resultados imediatos e/ou facilmente visíveis, a primeira coisa que fazem em momentos de crise como este é cortar nosso financiamento. Isto sem sequer entrar no mérito de aprovarem menos recursos do que os necessários para os projetos, como no caso do que temos com o CNPq, e mesmo assim quererem a mesma produção e resultados. Só aí já começa a “mágica” que temos que fazer para trabalhar aqui no Brasil. Os pesquisadores brasileiros aprendem a enfrentar condições tão impossíveis aqui que quando chegam em um laboratório com boas condições no exterior sua produção é extraordinária.
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-J.R.R.Tolkien
Re: Sem recursos, neurocientista pensa em fechar laboratório e sair do Brasil
Enquanto puderem discutir cotas raciais para universidades para desviar o assunto, acho difícil alguém se mexer...no fundo, a pauta hoje em dia é voltada para outros temas e não pesquisa.
Pesquisa no caso, nós falamos de professor, mas esquecemos que os técnicos são importantíssimos, pelas notícias os salários deles foram mais arroxados, aí fica difícil.
Pesquisa no caso, nós falamos de professor, mas esquecemos que os técnicos são importantíssimos, pelas notícias os salários deles foram mais arroxados, aí fica difícil.
marcelo l.- Farrista "We are the Champions"
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