Chile prende ex-militares que queimaram presos vivos durante ditadura
Página 1 de 1
Chile prende ex-militares que queimaram presos vivos durante ditadura
Artigo publicado em 27 de Julho de 2015 - Atualizado em 27 de Julho de 2015
A justiça chilena ordenou nesta segunda-feira (27) a prisão de mais cinco ex-militares pelo assassinato de um fotógrafo e por ferimentos em uma estudante em 1986. Os dois foram queimados após serem presos por participar de um protesto contra o então ditador Augusto Pinochet.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
Carmen Gloria Quintana antes e depois do ataque.
A ordem de prisão, que envolve ex-oficiais e suboficiais do exército chileno, foi emitida pelo juiz Mario Carroza. Em seguida, quatro militares foram detidos e interrogados pelo juiz. Os novos militares presos se somam a outros sete, que foram detidos e acusados na semana passada, em um caso que até o momento estava impune.
Na sexta-feira, os sete militares foram acusados de autores e cúmplices do homicídio do fotógrafo Rodrigo Rojas de Negri, que morreu em 1986 depois de ser queimado vivo por uma patrulha militar.
Os acusados como autores são os oficiais reformados Julio Castañer, apontado como o que ateou fogo ao jovem, e Iván Figueroa, além dos suboficiais também reformados Luis Zúñiga, Francisco Vásquez, Nélson Medina e Jorge Astengo. Já Sergio Hernández foi acusado como cúmplice.
Crueldade
A decisão foi tomada quase três décadas depois do que é considerado um dos crimes mais violentos da ditadura de Augusto Pinochet, que deixou mais de 3.000 vítimas, entre mortos e desaparecidos.
O fotógrafo Rodrigo Rojas de Negri, de 19 anos, e a estudante de Engenharia Carmen Gloria Quintana, também de 19, participavam de uma manifestação contra o regime de Pinochet, em 2 de julho de 1986, quando foram pegos por uma patrulha militar.
Depois de detidos, os agentes encharcaram os dois com gasolina e atearam fogo. A dupla foi abandonada, gravemente ferida, no subúrbio de Santiago. A jovem teve queimaduras graves, em 62% do corpo, mas sobreviveu. Ela recebeu tratamento no Canadá, onde vive hoje.
Os seis militares acusados foram detidos na quarta-feira por ordem do juiz Mario Carroza, depois que o sétimo militar rompeu o "pacto de silêncio" e confessou a verdade sobre o que aconteceu há 29 anos. O caso ficou conhecido internacionalmente, devido à crueldade dos militares, e os dois jovens se transformaram em um símbolo dos direitos humanos e da luta contra a ditadura.
(Com informações da AFP)
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
A justiça chilena ordenou nesta segunda-feira (27) a prisão de mais cinco ex-militares pelo assassinato de um fotógrafo e por ferimentos em uma estudante em 1986. Os dois foram queimados após serem presos por participar de um protesto contra o então ditador Augusto Pinochet.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
Carmen Gloria Quintana antes e depois do ataque.
A ordem de prisão, que envolve ex-oficiais e suboficiais do exército chileno, foi emitida pelo juiz Mario Carroza. Em seguida, quatro militares foram detidos e interrogados pelo juiz. Os novos militares presos se somam a outros sete, que foram detidos e acusados na semana passada, em um caso que até o momento estava impune.
Na sexta-feira, os sete militares foram acusados de autores e cúmplices do homicídio do fotógrafo Rodrigo Rojas de Negri, que morreu em 1986 depois de ser queimado vivo por uma patrulha militar.
Os acusados como autores são os oficiais reformados Julio Castañer, apontado como o que ateou fogo ao jovem, e Iván Figueroa, além dos suboficiais também reformados Luis Zúñiga, Francisco Vásquez, Nélson Medina e Jorge Astengo. Já Sergio Hernández foi acusado como cúmplice.
Crueldade
A decisão foi tomada quase três décadas depois do que é considerado um dos crimes mais violentos da ditadura de Augusto Pinochet, que deixou mais de 3.000 vítimas, entre mortos e desaparecidos.
O fotógrafo Rodrigo Rojas de Negri, de 19 anos, e a estudante de Engenharia Carmen Gloria Quintana, também de 19, participavam de uma manifestação contra o regime de Pinochet, em 2 de julho de 1986, quando foram pegos por uma patrulha militar.
Depois de detidos, os agentes encharcaram os dois com gasolina e atearam fogo. A dupla foi abandonada, gravemente ferida, no subúrbio de Santiago. A jovem teve queimaduras graves, em 62% do corpo, mas sobreviveu. Ela recebeu tratamento no Canadá, onde vive hoje.
Os seis militares acusados foram detidos na quarta-feira por ordem do juiz Mario Carroza, depois que o sétimo militar rompeu o "pacto de silêncio" e confessou a verdade sobre o que aconteceu há 29 anos. O caso ficou conhecido internacionalmente, devido à crueldade dos militares, e os dois jovens se transformaram em um símbolo dos direitos humanos e da luta contra a ditadura.
(Com informações da AFP)
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
Re: Chile prende ex-militares que queimaram presos vivos durante ditadura
Os Soldados que Queimaram Dois Manifestantes Chilenos em 1986 Vão Finalmente Ser Julgados
julho 31, 2015
Por Nicolás Ríos
Doze ex-soldados chilenos estão presos e vão ser julgados por colocarem fogo em dois jovens manifestantes durante um protesto em 1986 contra a ditadura de Augusto Pinochet. As acusações vieram depois de Fernando Guzman, um ex-soldado que participou do ataque, ter quebrado o "voto de silêncio" não oficial do Exército chileno sobre os crimes da ditadura e contado a um juiz que os oficiais receberam ordens de superiores para atacar e queimar os manifestantes.
Diante das novas revelações no começo da semana do "Caso Quemados", como é conhecido no Chile, a presidente Michelle Bachelet pediu transparência ao Exército do país nos novos inquéritos sobre violações de direitos humanos durante a ditadura militar.
Pinochet comandou o país entre 1973 e 1990, mas até hoje o caso continua uma fonte de desgosto para a sociedade chilena.
"Quero reafirmar meu pedido àqueles que tiverem informação: chega de silêncio", conclamou Bachelet na segunda-feira, tocando num assunto que é doloroso para ela, que também foi detida e torturada pelo regime militar.
Durante uma greve nacional em 2 de julho de 1986, Carmen Gloria Quintana, então estudante, e Rodrigo Rojas de Negri, um fotógrafo, estavam a caminho de um protesto em Santiago quando foram emboscados por patrulhas militares.
Os soldados espancaram os dois, jogaram um líquido inflamável sobre eles e acenderam o fogo. Rojas morreu pelas queimaduras, enquanto Quintana ficou desfigurada.
Segundo a versão oficial, os dois estariam carregando coquetéis molotov que explodiram inesperadamente, causando os ferimentos. Algumas horas depois do ataque, o casal foi encontrado jogado num canal de irrigação nos arredores da cidade. Rojas, que tinha cidadania americana, morreu quatro dias depois.
Pinochet, que morreu em 2006, comentou o caso na época.
"É muito estranho que a jaqueta do homem estivesse queimada por dentro. Isso dá a ideia de que ele estava escondendo alguma coisa, isso explodiu e ele se queimou", afirmou Pinochet numa entrevista de rádio em 1989.
O "Caso Quemados" permaneceu dormente por anos depois de o sistema judicial do Chile ter encerrado isso em 1993 com apenas uma prisão. No entanto, na quarta-feira, Quintana abriu um processo contra os responsáveis pelo crime que a deixou com inúmeras cicatrizes no rosto.
"Estamos ampliando o processo para alcançar todas as políticas institucionais das Forças Armadas que esconderam crimes contra a humanidade", disse Quintana enquanto apresentava o processo.
Numa breve entrevista à VICE News na terça-feira, ela relembrou o ataque.
"Eles nos bateram. Aí eles me viraram, e alguém começou a jogar benzeno sobre mim. Eles também jogaram isso em Rodrigo, que estava deitado no chão", contou Quintana. "Naquele momento, havia dois carros de patrulha e um terceiro chegou, acrescentando 30 soldados à nossa volta, que depois colocaram fogo em nós."
Nos últimos dias, a polícia chilena prendeu alguns dos ex-soldados em suas casas. Outro ex-soldado, Pedro Franco Rivas, também quebrou o silêncio e contou publicamente que foi forçado a mentir sobre o incidente. Segundo Rivas, os militares levaram todos os envolvidos para uma base e contrataram um time de advogados para inventar a versão que seria contada depois.
Veronica de Negro, mãe do fotógrafo americano morto, disse à VICE News na terça que espera mais prisões no futuro.
"Espero novas confissões, que os soldados continuem quebrando o voto de silêncio", ela frisou. "Meu sonho é que os mais altos oficiais sejam trazidos à justiça. Não vamos esquecer que mais de trinta soldados participaram disso, e metade deles continua livre."
A reabertura do caso veio no momento em que um membro notório do regime, Manuel Contretas, se encontra em estado de saúde delicado na cadeia, incitando especulações de que pode morrer em breve.
Apesar de não estar relacionado ao caso de 1986, Contreras, o ex-chefe da inteligência de Pinochet, é considerado um dos piores criminosos da ditadura. Ele foi sentenciado a 505 anos de prisão por vários crimes, incluindo o ataque à bomba de 1976 que matou um ministro na embaixada chilena em Washington.
Tradução: Marina Schnoor
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
julho 31, 2015
Por Nicolás Ríos
Doze ex-soldados chilenos estão presos e vão ser julgados por colocarem fogo em dois jovens manifestantes durante um protesto em 1986 contra a ditadura de Augusto Pinochet. As acusações vieram depois de Fernando Guzman, um ex-soldado que participou do ataque, ter quebrado o "voto de silêncio" não oficial do Exército chileno sobre os crimes da ditadura e contado a um juiz que os oficiais receberam ordens de superiores para atacar e queimar os manifestantes.
Diante das novas revelações no começo da semana do "Caso Quemados", como é conhecido no Chile, a presidente Michelle Bachelet pediu transparência ao Exército do país nos novos inquéritos sobre violações de direitos humanos durante a ditadura militar.
Pinochet comandou o país entre 1973 e 1990, mas até hoje o caso continua uma fonte de desgosto para a sociedade chilena.
"Quero reafirmar meu pedido àqueles que tiverem informação: chega de silêncio", conclamou Bachelet na segunda-feira, tocando num assunto que é doloroso para ela, que também foi detida e torturada pelo regime militar.
Durante uma greve nacional em 2 de julho de 1986, Carmen Gloria Quintana, então estudante, e Rodrigo Rojas de Negri, um fotógrafo, estavam a caminho de um protesto em Santiago quando foram emboscados por patrulhas militares.
Os soldados espancaram os dois, jogaram um líquido inflamável sobre eles e acenderam o fogo. Rojas morreu pelas queimaduras, enquanto Quintana ficou desfigurada.
Segundo a versão oficial, os dois estariam carregando coquetéis molotov que explodiram inesperadamente, causando os ferimentos. Algumas horas depois do ataque, o casal foi encontrado jogado num canal de irrigação nos arredores da cidade. Rojas, que tinha cidadania americana, morreu quatro dias depois.
Pinochet, que morreu em 2006, comentou o caso na época.
"É muito estranho que a jaqueta do homem estivesse queimada por dentro. Isso dá a ideia de que ele estava escondendo alguma coisa, isso explodiu e ele se queimou", afirmou Pinochet numa entrevista de rádio em 1989.
O "Caso Quemados" permaneceu dormente por anos depois de o sistema judicial do Chile ter encerrado isso em 1993 com apenas uma prisão. No entanto, na quarta-feira, Quintana abriu um processo contra os responsáveis pelo crime que a deixou com inúmeras cicatrizes no rosto.
"Estamos ampliando o processo para alcançar todas as políticas institucionais das Forças Armadas que esconderam crimes contra a humanidade", disse Quintana enquanto apresentava o processo.
Numa breve entrevista à VICE News na terça-feira, ela relembrou o ataque.
"Eles nos bateram. Aí eles me viraram, e alguém começou a jogar benzeno sobre mim. Eles também jogaram isso em Rodrigo, que estava deitado no chão", contou Quintana. "Naquele momento, havia dois carros de patrulha e um terceiro chegou, acrescentando 30 soldados à nossa volta, que depois colocaram fogo em nós."
Nos últimos dias, a polícia chilena prendeu alguns dos ex-soldados em suas casas. Outro ex-soldado, Pedro Franco Rivas, também quebrou o silêncio e contou publicamente que foi forçado a mentir sobre o incidente. Segundo Rivas, os militares levaram todos os envolvidos para uma base e contrataram um time de advogados para inventar a versão que seria contada depois.
Veronica de Negro, mãe do fotógrafo americano morto, disse à VICE News na terça que espera mais prisões no futuro.
"Espero novas confissões, que os soldados continuem quebrando o voto de silêncio", ela frisou. "Meu sonho é que os mais altos oficiais sejam trazidos à justiça. Não vamos esquecer que mais de trinta soldados participaram disso, e metade deles continua livre."
A reabertura do caso veio no momento em que um membro notório do regime, Manuel Contretas, se encontra em estado de saúde delicado na cadeia, incitando especulações de que pode morrer em breve.
Apesar de não estar relacionado ao caso de 1986, Contreras, o ex-chefe da inteligência de Pinochet, é considerado um dos piores criminosos da ditadura. Ele foi sentenciado a 505 anos de prisão por vários crimes, incluindo o ataque à bomba de 1976 que matou um ministro na embaixada chilena em Washington.
Tradução: Marina Schnoor
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos