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Como os EUA alimentaram o crescimento do ISIS na Síria e Iraque

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Mensagem por Jamm Ter Set 15, 2015 11:58 am

"A verdade vai à tona: Como os EUA alimentaram o crescimento do ISIS na Síria e Iraque"


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"A verdade vai à tona: Como os EUA alimentaram o crescimento do ISIS na Síria e Iraque"
15.09.2015

A guerra ao terror, aquela campanha sem fim lançada 14 anos atrás por George Bush, está dando um nó em si própria em contorções cada vez mais grotescas. Na segunda (1º de junho de 2015), o julgamento em Londres de um homem sueco, Bherlin Gildo, acusado de terrorismo na Síria, entrou em colapso depois que se tornou claro que a Inteligência britânica estava armando os mesmos grupos rebeldes que o indiciado havia sido acusado de apoiar.

A promotoria abandonou o caso, aparentemente para evitar causar constrangimentos para o serviço de inteligência. A defesa argumentou que prosseguir com o tribunal seria uma “afronta à justiça” sendo que haviam várias evidências que o Estado Britânico estava fornecendo “amplo apoio” à oposição armada síria.

Esse apoio incluía não apenas “ajuda não-letal” da qual o governo estava se gabando (o que incluí coletes e veículos militares), mas treinamento, apoio logístico e fornecimento secreto de “armas em grande escala”. Relatos citaram que o “MI6 havia cooperado com a CIA em uma ‘ratline’” de transferência de armas dos estoques líbios para os rebeldes sírios em 2012 após a queda do regime de Gaddafi.

Evidentemente, o absurdo de mandar alguém para a cadeia por fazer o que os ministros e seus funcionários faziam eles mesmos, era algo demais para eles. Mas esse foi apenas o último de uma série de casos semelhantes. Um taxista de Londres de nome Anis Sardar foi menos sortudo, já que foi sentenciado à prisão perpétua duas semanas antes por fazer parte em 2007 da resistência do Iraque à ocupação dos Estados Unidos e forças britânicas. A oposição armada à invasão ilegal e á ocupação claramente não constitui terrorismo ou assassinato na maior parte das definições, incluindo a da Convenção de Genebra.

Mas agora, o que é ou não terrorismo depende de quem enxerga. E em nenhum outro lugar, isso está mais claro do que no Oriente Médio, onde os terroristas de hoje são os freedom fighters de amanhã contra a tirania – e aliados passam a ser inimigos– frequentemente sob o desconcertante bel prazer de uma teleconferência de um corpo decisório ocidental.

No último ano, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e outras forças ocidentais voltaram seus olhos novamente para o Iraque, supostamente a fim de destruir o grupo terrorista hiper sectário “Estado Islâmico” [ISIS] (anteriormente conhecido como Al-Qaeda no Iraque). Isto ocorreu após o ISIS ter tomado enormes territórios do Iraque e da Síria e ter proclamado um auto-intitulado califado islâmico.

Essa campanha não tem ido bem. No último mês, ISIS se expandiu para a cidade do Iraque de Ramadi, enquanto do outro lado da fronteira atualmente inexistente, suas forças conquistaram a cidade síria de Palmira. A sucursal oficial da Al-Qaeda, a Frente Al Nusra, também fez vários ganhos na Síria.

Alguns iraquianos se queixam que os Estados Unidos lavaram suas mãos enquanto tudo isso estava ocorrendo, os americanos insistiram que estavam tentando evitar vítimas civis, e reivindicaram sucessos significativos. Confidencialmente, autoridades afirmam que não querem ser vistos golpeando redutos sunitas em uma guerra sectária e que pode ser arriscado que os seus aliados sunitas no Golfo não gostem disso.

Uma luz reveladora do que nos fez chegar aqui agora chegou em um relatório secreto da Inteligência norte-americana recentemente desqualificado, que assustadoramente prevê–e na prática dá boas vindas–a perspectiva de um “principado salafista” no Leste da Síria e um estado Islâmico controlado pela Al-Qaeda no Iraque e Síria. Em contraste com as afirmações ocidentais daquele momento, o documento da DIA (Agência de Inteligência da Defesa) identifica a “Al-Qaeda no Iraque” (antes de se converter em ISIS) e outros salafistas próximos como as “principais forças que conduzem a insurgência na Síria–e afirma que “os países ocidentais, os Estados do Golfo e a Turquia”, estavam apoiando os esforços da oposição em assumir o controle do leste da Síria.

Levantando a “possibilidade de um principado Salafista declarado ou não”, o relatório do Pentágono prossegue, “é exatamente isso que as forças que apoiam a oposição querem, a fim de isolar o regime sírio, que é considerado a reserva estratégica da expansão xiita(Iraque e Irã)”.

E foi exatamente isso que aconteceu dois anos depois. O relatório não é um documento político. É redigido de maneira bem densa e possuí ambiguidades na linguagem. Mas as implicações são muito nítidas. Tendo a rebelião síria completado um ano, os EUA e seus aliados não estavam apenas apoiando e armando uma oposição que eles saberiam que seria dominada por grupos extremistas sectários; eles estavam preparados para a contenção da criação de uma espécie de “estado islâmico”– apesar do “grave perigo” para a unidade do Iraque–como um amortecedor sunita para enfraquecer a Síria.

Claro, isso não significa que os Estados Unidos criaram o Isis, apesar de alguns de seus aliados do Golfo certamente desempenharam um papel nisso–como o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reconheceu no ano passado. Mas não existia al-Qaeda no Iraque até que os Estados Unidos e a Inglaterra o invadiram. E certamente, os EUA exploraram a existência do ISIS contra outras forças na região como parte de um esforço mais amplo em manter o controle ocidental.

O cálculo mudou quando o ISIS começou a decapitar ocidentais e postar na internet suas atrocidades, e os Estados do Golfo agora estão apoiando outros grupos na guerra da Síria, como a Frente Nusra. Mas esse hábito dos Estados Unidos e do Ocidente de brincar com grupos jihadistas, que depois se voltam contra eles, remonta no mínimo na guerra dos anos 80 contra a União Soviética no Afeganistão, que fomentou a al-Qaeda Original sob a tutela da CIA.

Esse hábito foi retomado durante a ocupação do Iraque quando as forças americanas lideradas pelo General Petraeus patrocinaram uma guerra suja, ao estilo da guerra dos esquadrões da morte de El-Salvador para debilitar a resistência do Iraque. E foi reprisado em 2011 na invasão da OTAN contra a Líbia, onde o ISIS semana passada assumiu controle da cidade natal de Gaddafi, de Sirte.

Na verdade, a política norte-americana e ocidental no incendiário que é hoje o Oriente Médio está dentro dos moldes clássicos imperiais de “dividir e conquistar”. As forças americanas bombardeiam um grupo de rebeldes enquanto apoia outros na Síria, e preparam operações militares com o Irã contra o ISIS no Iraque enquanto apoiam as campanhas militares da Arábia Saudita contra as forças Houthi apoiadas pelo Irã no Iêmen. O quão confusa a política norte-americana pode ás vezes ser, um Irã e Síria divididos e enfraquecidos encaixa perfeitamente em tal abordagem.

O que fica evidente é que o Isis e suas barbaridades não serão derrotados pelas mesmas forças que o trouxeram para o Iraque e Síria em primeiro lugar, ou cujas decisões militares, públicas ou encobertas, o haviam fomentado em anos anteriores. Intervenções militares ocidentais sem fim no Oriente Médio trouxeram apenas destruição e divisão. É o povo da região que pode curar essa doença, e não aqueles que gestaram o vírus.

Texto de Seumas Milne, publicado no The Guardian, em 03/06/2015
Tradução de Gabriel Duccini


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Mensagem por ediv_diVad Ter Set 15, 2015 12:36 pm

Isso aí é teoria da conspiração, só os sites especializados nesse tipo de paranoia divulgam...

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Mensagem por Jamm Ter Set 15, 2015 12:44 pm

ediv_diVad escreveu:
Isso aí é teoria da conspiração, só os sites especializados nesse tipo de paranoia divulgam...

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Mensagem por Parallax Ter Set 15, 2015 1:44 pm

Tem uma diferença entre os rebeldes sírios e o Estado Islâmico. Como os rebeldes não conseguiram derrubar o Bashar al-Assad e a guerra civil se prolongou demais, isso acabou abrindo portas para os terroristas da Al-Quaeda que formaram o Estado Islâmico.

Um dos motivos para a oposição síria ter sido enfraquecida e não ter recebido maior apoio do ocidente é que ficou difícil de diferenciar ela dos terroristas.

Os países do ocidente tem medo de que se o Assad cair quem assumirá será o Estado Islâmico. Por isso estão levando livre ele. Melhor um inimigo conhecido do que um desconhecido.

No Iraque é um pouco diferente. O governo que os EUA apoiaram e colocaram no poder se revelou um bando de frouxos. O Estado Islâmico tomou conta por causa disso. O novo exército iraquiano bate em retirada de tudo, mesmo quando eles tem maior número e mais armas eles fogem, e as cidades vão caindo uma a uma.

É bem diferente do caso dos Talibãs, em que os americanos armaram eles contra os soviéticos. Neste caso eu vejo de outra maneira. Os americanos armaram as oposições sírias e iraquianas, mas estas oposições não souberam o que fazer e foram superadas pelo Estado Islâmico.
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Mensagem por Questao Ter Set 15, 2015 1:49 pm

Parallax escreveu:Tem uma diferença entre os rebeldes sírios e o Estado Islâmico. Como os rebeldes não conseguiram derrubar o Bashar al-Assad e a guerra civil se prolongou demais, isso acabou abrindo portas para os terroristas da Al-Quaeda que formaram o Estado Islâmico.

Um dos motivos para a oposição síria ter sido enfraquecida e não ter recebido maior apoio do ocidente é que ficou difícil de diferenciar ela dos terroristas.

Os países do ocidente tem medo de que se o Assad cair quem assumirá será o Estado Islâmico. Por isso estão levando livre ele. Melhor um inimigo conhecido do que um desconhecido.

No Iraque é um pouco diferente. O governo que os EUA apoiaram e colocaram no poder se revelou um bando de frouxos. O Estado Islâmico tomou conta por causa disso. O novo exército iraquiano bate em retirada de tudo, mesmo quando eles tem maior número e mais armas eles fogem, e as cidades vão caindo uma a uma.

É bem diferente do caso dos Talibãs, em que os americanos armaram eles contra os soviéticos. Neste caso eu vejo de outra maneira. Os americanos armaram as oposições sírias e iraquianas, mas estas oposições não souberam o que fazer e foram superadas pelo Estado Islâmico.

sim de fato, apesar do povo querer criar uma solução e culpar alguém por tudo, o fato é que o isis iria surgir eventualmente com ou sem a intervenção dos eua, esses grupos terroristas se odeiam e se matam o tempo todo, eventualmente um iria surgir e unificar todos de modo de ser mais eficiente em sua destruição, isso já era meio que previsível

veja aqui quem odeia quem no oriente medio - [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]

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Mensagem por marcelo l. Ter Set 15, 2015 2:35 pm

Abu Ali al-Anbari, líder do EI da Síria, nasceu no Iraque, foi membro do Baath, treinou na síria contra a intervenção americana, e é financiado pelos USA?

Esse texto mais parece que junta a narrativa do Afeganistão como se a lógica da Síria e Iraque fosse a mesma, como escreveu o Parallax.

Não que grupos ou pessoas financiados pelo ocidente nessa guerra civil possam no futuro, voltar-se contra o mesmo.

Sobre o Seumas Milne, é um membro da extrema-esquerda inglesa, tanto que fez um texto bem inteligente tentando diminuir os crimes do socialismo real em Communism may be dead, but clearly not dead enough
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Acho que ele é um bom polemista, mas ele exagera nas teorias de complôs, parece que tudo é muito pensado e nada nasce dos movimentos políticos das contradições internas do país.

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Mensagem por ediv_diVad Seg Set 21, 2015 11:58 am

marcelo l. escreveu:Abu Ali al-Anbari, líder do EI da Síria, nasceu no Iraque, foi membro do Baath, treinou na síria contra a intervenção americana, e é financiado pelos USA?
Cara, pergunto na boa porque não sei mesmo, mas como isso impede que ele também seja financiado pelos ocidentais?

Quer dizer, tudo que os paranoicos dizem sobre os financiamentos ao terrorismo islâmico por parte dos eua, israel, entre outros mocinhos, é falso?


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Mensagem por marcelo l. Seg Set 21, 2015 4:44 pm

ediv_diVad escreveu:
marcelo l. escreveu:Abu Ali al-Anbari, líder do EI da Síria, nasceu no Iraque, foi membro do Baath, treinou na síria contra a intervenção americana, e é financiado pelos USA?
Cara, pergunto na boa porque não sei mesmo, mas como isso impede que ele também seja financiado pelos ocidentais?

Quer dizer, tudo que os paranoicos dizem sobre os financiamentos ao terrorismo islâmico por parte dos eua, israel, entre outros mocinhos, é falso?


David, eu não vejo muitos dos textos como paranoicos, gente como o Seumas Milne acredita firmemente que tem uma missão civilizatória que é lutar como império do Mal que consideram ser os EUA para isso ele usa dados do mesmo jeito que o Bush para criar aquela desculpa para invadir o Iraque, eles não têm problema de utilizar das ideias do presidente americano por causa da causa.

Afinal, classificar o Estado islâmico como uma organização terrorista e combatê-la como uma campanha anti-terrorista, se  baseia em eventos do início dos anos 2000 e da luta global contra o terrorismo que o governo do ex-presidente dos EUA, George W. Bush declarou - e que levou ao caos atual.

Eu posso estar enganado, mas ao ser crítico dessa ideia de terrorismo, é também um modo de ver a política americana como errada, o combate ao terrorismo está no discurso hoje de todos os Estados, inclusive do EI que chama o YPG de grupo terrorista.

A questão do Califado e seu financiamento me parece muito mais importante a própria dinâmica e não ser considerado o  inimigo principal por nenhum dos grupos a não ser os curdos que tiveram vitórias relativas. E a questão de lado contra muito, por que no caso do Baath Iraquiano, eles estão em guerra desde a invasão do país, por isso um momento que gente como Abu Ali al-Anbari treina com os americanos é notícia, por que houve uma virada nas posições, se tivesse ocorrido apareceria em textos criticando os americanos.

Edit:
Encontrei um texto de um dos principais estudiosos do OM, apesar do Hasni Abidi ter lado na guerra, as posições sobre o começo da guerra por exemplo é identica ao crisisgroup e russia in global affairs.

Em quatro anos e meio, o conflito na Síria fez já mais de 240 mil mortos.

A euronews falou com Hasni Abidi, diretor do Centro de Estudos e Investigação sobre o Mundo Árabe e Mediterrâneo, sediado em Genebra, um especialista no mundo árabe.

Sophie Desjardin, euronews:

Bashar al-Assad concedeu, esta quarta-feira, uma entrevista a vários meios de comunicação russos onde fala, em particular, da crise dos migrantes na Europa e onde disse: “é como se um dos olhos do Ocidente chorasse com os refugiados e o outro os tivesse na mira de uma arma”, para lá da provocação, o Ocidente está, realmente, preso nesta guerra?

Hasni Abidi:

O Ocidente está mais num impasse face a um fluxo migratório muito grande e que, por vezes, se torna numa ameaça, mas acima de tudo é uma questão de política interna. Bashar al-Assad usa a mesma retórica, ou seja, ele chantageia a Europa dizendo que “se hoje há este fluxo migratório a responsabilidade é vossa porque têm alimentado a guerra.” Mas ele esquece uma coisa é que estes fluxos migratórios, a crise dos migrantes e dos refugiados, os deslocados internos ou que estão em países vizinhos, começaram bem antes da criação do Estado islâmico.

Euronews:

Assad acusa o Ocidente de ter criado o Estado islâmico. Mas se os jihadistas não tivessem entrado em cena, e a equação se resumisse aos pró e contra Assad, talvez o regime já tivesse caído há muito tempo, não acha?

Hasni Abidi:

É muito difícil. Trata-se de um regime que ampliou a sua base de apoio e que fez algo que funciona muito bem e tem demonizado a oposição. Inicialmente, a oposição era pacífica. Ela não exigia a saída de Bashar al-Assad. Ela queria reformas, foi o regime que radicalizou aquela que era, no início laica e baseada na cidadania, mas quando viu que era uma oposição bem organizada, que tinha um projeto social para uma Síria diferente, de uma Constituição pluralista, utilizou a carta do terrorismo.

O Estado islâmico é alimentado pelo regime sírio. É a máquina de Bashar al-Assad que cultiva a ameaça que o Estado islâmico é, porque o fracasso da oposição moderada tem levado as pessoas a aderirem ou a apoiarem outro tipo de oposição, provavelmente, muito mais radical, face a uma certa resignação ou impotência por parte da comunidade internacional.

Euronews:

Acredita que há uma forma de de parar esta guerra que já dura há 4 anos sem ter de apoiar o regime sírio?

Hasni Abidi:

Bashar conseguiu fazer bem chantagem, ou seja, a vossa segurança tendo como contrapartida o apoio ao regime. Penso que Genebra 1 e 2 e os esforços das Nações Unidas merecem muito mais apoio. Pode chegar-se a uma transição política, negociar com Bashar al-Assad a sua saída mas não para que fique. E é por isso que há que aproveitar a oportunidade iraniana e também a russa. Infelizmente a oposição está perdida, está quase órfã. Por isso, sem um compromisso político, sem vontade, penso que o conflito pode durar bastante tempo.

Euronews:

A Rússia tem vindo a marcar passo. Apesar da abertura diplomática e militar pensa que ela pode beneficiar das consequências militares desta guerra na Europa? Podem jogar a favor de Moscovo?

Hasni Abidi:

Concordo absolutamente. Esse é o trunfo do presidente Putin. Bashar al-Assad é uma carta muito importante nas suas relações com os EUA e com a Europa e está pronto a jogá-la tendo em consideração os seus interesses ou quando as negociações com a liderança ocidental recaírem sobre outros temas. É por isso que é importante retomar o diálogo com Putin, mas também com o Irão e todos os países que ainda apoiam Bashar al-Assad. O apoio público da Rússia e também do Irão mostra que ambos os países querem usar a carta síria, usar Bashar Assad não apenas na questão síria, mas também porque eles têm interesses estratégicos que vão para além da cena síria.
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Mensagem por ediv_diVad Seg Set 21, 2015 9:20 pm

Valeu, marcelo!

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