Sete em cada dez PMs mortos no Rio são assassinados em horário de folga, Número já é 52,3% maior do que o registrado durante todo o ano passado
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Sete em cada dez PMs mortos no Rio são assassinados em horário de folga, Número já é 52,3% maior do que o registrado durante todo o ano passado
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Alecxander morreu ao reagir a um assalto em Itaguaí; Henrique bebia em um bar com amigos, em São João do Meriti, ao ser baleado; Fernando levava a sua moto para o conserto, em Campo dos Goytacazes, quando foi abordado por homens armados. Todos eram policiais militares em horário de folga e foram mortos em confronto com criminosos.
Entre janeiro e novembro de 2016, 134 policiais militares morreram no Estado do Rio de Janeiro –99 deles fora de serviço. Destes, 52 foram mortos em confrontos com criminosos ou atingidos por armas de fogo, informa a Polícia Militar.
Mesmo atividades cotidianas, como usar o transporte público, são consideradas perigosas para policiais. Diversos PMs relataram à ONG Human Rights Watch que evitam pegar ônibus e metrô fardados –com o uniforme, poderiam andar de graça– e carregar a identificação profissional por medo de serem reconhecidos.
"O medo de que criminosos os identifiquem como policiais durante um roubo, ainda que estejam sem farda, e de serem consequentemente executados faz com que reajam rapidamente, mesmo que enfrentem sozinhos vários criminosos", afirma a ONG no relatório "O Bom Policial Tem Medo".
O número de PMs mortos fora de serviço este ano já é 52,3% maior do que o registrado durante todo o ano passado, quando morreram 52 nesta situação, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em números absolutos, o Estado teve em 2015 o maior número de PMs mortos no país –em 2016, ao menos um agente morreu a cada dois dias.
"É extremamente perigoso ser policial", diz o sociólogo Ignácio Cano, coordenador do Laboratório de Análise da Violência da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), ao lembrar que no Rio assim como no resto do país a maior parte das mortes de policiais ocorre quando os agentes estão sem a farda –seja fazendo bicos, em conflitos privados ou quando reagem a assaltos.
"A polícia mata muita gente, há um excesso do uso da força. E os criminosos se vingam depois, quando os PMs estão fora de serviço e são reconhecidos como policiais."
O crescente número de policiais assassinados levou à abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) pela Assembleia Legislativa do Rio para investigar as causas das mortes.
A Polícia Militar disse lamentar as mortes e informou que, "em virtude das vitimizações de policiais militares", criou, em julho, a Operação Deslocamento Seguro, que busca monitorar os locais e horários de maior incidência dessas ocorrências a fim de intensificar o policiamento ofensivo nessas áreas.
Para o secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, o país passa por uma crise de segurança pública. "A gente tem de rever, tem de ter um novo pacto. A polícia sangra", afirmou, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo".
Tanto Cano quanto a Human Rights Watch veem o uso excessivo da força letal pela polícia como um dos fatores que contribuem para aumentar a sua impopularidade, levando criminosos a matarem policiais sempre que puderem, inclusive aqueles fora de serviço.
Considerando os números registrados entre janeiro e outubro deste ano, dado mais recente divulgado pela Secretaria de Segurança, 25 pessoas morreram para cada policial morto no Estado.
Em nota divulgada após a morte de quatro policiais militares após a queda de um helicóptero durante uma ação da PM na favela Cidade de Deus, em novembro, a Anistia Internacional criticou a situação da Segurança Pública no Rio, que, para a organização, não protege moradores nem policiais.
"As operações policiais no Rio de Janeiro seguem um padrão de alta letalidade, deixando centenas de pessoas mortas todos os anos, inclusive policiais no exercício de suas funções", afirma a organização.
"Em geral, são operações altamente militarizadas, que seguem uma lógica de guerra (neste caso, guerra às drogas), que enxerga as áreas de favelas e periferias como territórios de exceção de direitos e que resultam em inúmeros outros abusos além das execuções, tais como invasão de domicílio, agressão física e verbal, e cerceamento do direito de ir e vir."
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