Britânicos investigam deportação de milhares de menores carentes no século 20
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Britânicos investigam deportação de milhares de menores carentes no século 20
Publicado em 28-02-2017 - Modificado em 28-02-2017 em 11:49
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Cerca de 150 mil crianças com idades entre 3 e 14 anos foram desterradas para a Austrália, Canadá, Nova Zelândia, África do Sul, Rodésia (atual Zimbábue).
O Reino Unido abriu nesta segunda-feira um inquérito para investigar um programa oficial do governo que durante décadas enviou milhares crianças britânicas para outros países, sem detectar os abusos que elas sofriam ao chegar. O caso faz parte de uma ampla investigação independente, que tenta examinar as falhas de várias instituições britânicas na proteção dos menores de idade.
Entra as décadas de 1940 e 1970, o governo britânico e algumas instituições de caridade recolheram cerca de 150 mil crianças órfãs ou filhas de mãe solteiras, com idades entre 3 e 14 anos, enviando-as para os países da Comunidade Britânica, principalmente a Austrália e o Canadá, mas também para o Zimbábue e a Nova Zelândia. A intenção do governo era aliviar a pressão sobre o sistema de assistência social no Reino Unido, além de contribuir para o povoamento de colônias e territórios remotos.
As autoridades acreditavam que as crianças seriam acolhidas por outras instituições e famílias nos países de destino, enquanto as mães eram convencidas de que seus filhos teriam um futuro melhor.
A realidade era bem diferente.
Ao desembarcarem, as crianças eram informadas de que seus pais haviam morrido, sendo enviadas para outras famílias e orfanatos, geralmente em lugares remotos. Muitos irmãos foram separados, sem jamais poderem se reencontrar.
Em vários desses orfanatos, inclusive em alguns mantidos pela Igreja Católica ou Anglicana, as crianças eram submetidas a trabalhos forçados ou abusos sexuais. O escândalo só veio à tona nos anos 1980, quando esses deportados, já adultos, começaram a procurar seus pais biológicos. O caso chamou a atenção de uma assistente social do Reino Unido, que desde então vem trabalhando para reunir essas pessoas e suas famílias. Tanto o governo da Austrália como o do Reino Unido fizeram um pedido especial de desculpas às vítimas, cujas histórias inspiraram o filme “Laranjas e Sol”, de 2010. Algumas já conseguiram indenizações pelos maus-tratos sofridos.
Abusos sistemáticos na Grã-Bretanha
O caso faz parte de um grande inquérito estabelecido em 2014 pela primeira-ministra Theresa May, que na época era ministra do Interior. Foi uma resposta ao enorme escândalo gerado quando vieram à tona as acusações de estupro e abuso sexual por parte de um famoso apresentador de televisão, Jim Saville. Uma comissão independente foi criada, com especialistas de várias áreas do setor de segurança social e atenção ao menor.
O objetivo do atual inquérito é investigar as falhas de várias instituições britânicas nos cuidados e na proteção de crianças e adolescentes. Além deste caso do envio sistemático de crianças para o exterior, a comissão está investigando denúncias de abusos cometidos em hospitais, escolas, igrejas, orfanatos, entre outras instituições, além da própria BBC, onde Saville trabalhou.
Esperança de justiça
As primeiras audiências para o caso das crianças enviadas para o exterior ocorreram nesta segunda-feira e foram marcadas por relatos extremamente comoventes. Algumas das vítimas, hoje idosas, falaram da dor e do trauma que as perseguiram por todas estas décadas.
O depoimento mais marcante do dia foi o de David Hill, de 71 anos, que pediu que os perpetradores dos abusos tenham seus nomes divulgados e sejam levados a julgamento. O inquérito como um todo ainda vai analisar diferentes casos nos próximos meses e a comissão independente só deve divulgar sua análise daqui a pelo menos um ano.
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Cerca de 150 mil crianças com idades entre 3 e 14 anos foram desterradas para a Austrália, Canadá, Nova Zelândia, África do Sul, Rodésia (atual Zimbábue).
O Reino Unido abriu nesta segunda-feira um inquérito para investigar um programa oficial do governo que durante décadas enviou milhares crianças britânicas para outros países, sem detectar os abusos que elas sofriam ao chegar. O caso faz parte de uma ampla investigação independente, que tenta examinar as falhas de várias instituições britânicas na proteção dos menores de idade.
Entra as décadas de 1940 e 1970, o governo britânico e algumas instituições de caridade recolheram cerca de 150 mil crianças órfãs ou filhas de mãe solteiras, com idades entre 3 e 14 anos, enviando-as para os países da Comunidade Britânica, principalmente a Austrália e o Canadá, mas também para o Zimbábue e a Nova Zelândia. A intenção do governo era aliviar a pressão sobre o sistema de assistência social no Reino Unido, além de contribuir para o povoamento de colônias e territórios remotos.
As autoridades acreditavam que as crianças seriam acolhidas por outras instituições e famílias nos países de destino, enquanto as mães eram convencidas de que seus filhos teriam um futuro melhor.
A realidade era bem diferente.
Ao desembarcarem, as crianças eram informadas de que seus pais haviam morrido, sendo enviadas para outras famílias e orfanatos, geralmente em lugares remotos. Muitos irmãos foram separados, sem jamais poderem se reencontrar.
Em vários desses orfanatos, inclusive em alguns mantidos pela Igreja Católica ou Anglicana, as crianças eram submetidas a trabalhos forçados ou abusos sexuais. O escândalo só veio à tona nos anos 1980, quando esses deportados, já adultos, começaram a procurar seus pais biológicos. O caso chamou a atenção de uma assistente social do Reino Unido, que desde então vem trabalhando para reunir essas pessoas e suas famílias. Tanto o governo da Austrália como o do Reino Unido fizeram um pedido especial de desculpas às vítimas, cujas histórias inspiraram o filme “Laranjas e Sol”, de 2010. Algumas já conseguiram indenizações pelos maus-tratos sofridos.
Abusos sistemáticos na Grã-Bretanha
O caso faz parte de um grande inquérito estabelecido em 2014 pela primeira-ministra Theresa May, que na época era ministra do Interior. Foi uma resposta ao enorme escândalo gerado quando vieram à tona as acusações de estupro e abuso sexual por parte de um famoso apresentador de televisão, Jim Saville. Uma comissão independente foi criada, com especialistas de várias áreas do setor de segurança social e atenção ao menor.
O objetivo do atual inquérito é investigar as falhas de várias instituições britânicas nos cuidados e na proteção de crianças e adolescentes. Além deste caso do envio sistemático de crianças para o exterior, a comissão está investigando denúncias de abusos cometidos em hospitais, escolas, igrejas, orfanatos, entre outras instituições, além da própria BBC, onde Saville trabalhou.
Esperança de justiça
As primeiras audiências para o caso das crianças enviadas para o exterior ocorreram nesta segunda-feira e foram marcadas por relatos extremamente comoventes. Algumas das vítimas, hoje idosas, falaram da dor e do trauma que as perseguiram por todas estas décadas.
O depoimento mais marcante do dia foi o de David Hill, de 71 anos, que pediu que os perpetradores dos abusos tenham seus nomes divulgados e sejam levados a julgamento. O inquérito como um todo ainda vai analisar diferentes casos nos próximos meses e a comissão independente só deve divulgar sua análise daqui a pelo menos um ano.
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