Por que grandes empresas pararam de anunciar no YouTube?
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Por que grandes empresas pararam de anunciar no YouTube?
Do UOL, em São Paulo*
24/03/201717h10 > Atualizada 24/03/201720h55
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Empresas como AT&T, Verizon, Johnson & Johnson, L'Oreal, a farmacêutica GSK e o banco HSBC, entre outras, estão retirando seus anúncios do YouTube por aparecerem em vídeos extremistas na plataforma do Google. A gigante da tecnologia afirmou que "está tomando medidas para evitar que seus clientes respaldem inadvertidamente conteúdos de ódio".
Um vídeo antissemita que alega a existência de uma "ordem mundial judaica" apareceu junto com propagandas da seguradora Axa na Alemanha, da companhia de petróleo Total na França, de veículos Range Rover na África do Sul, da loja de calçados Skopunkten e do site Tradera na Suécia, de acordo com pesquisas realizadas pela Bloomberg no YouTube em cada um desses países na quinta-feira (23). O vídeo também foi vinculado a marcas na Ásia -- lubrificantes Castrol na Índia e fórmula infantil Cow & Gate em Hong Kong.
Um sermão do pastor Ahmad Musa Jibril, que foi acusado por promotores dos EUA de um atentado terrorista com bomba na Arábia Saudita, pode ser visto ao lado de propagandas da Nissan na Suécia e da operadora wireless MTN Group na África do Sul. Já a liga contra muçulmanos English Defence conta com o respaldo de anúncios de Total, Netflix, IBM e Tag Heuer International na França.
Boicote cresce
O governo do Reino Unido e o jornal The Guardian retiraram suas propagandas do site de vídeos e a Havas, sexta maior agência de publicidade e marketing do mundo, retirou as propagandas de seus clientes do Reino Unido da rede de exibição de anúncios do Google e do YouTube.
Companhias dos EUA, que estão entre as que mais gastam com publicidade, se retiraram, o que poderá custar ao Google e ao YouTube centenas de milhões de dólares em negócios perdidos.
AT&T e Verizon Communications, as maiores operadoras de telefonia celular dos EUA, afirmaram que interromperam os gastos em propagandas não relacionadas com buscas no Google. Johnson & Johnson, a maior empresa de cuidados com a saúde do mundo, pausou todas as suas propagandas no YouTube no mundo inteiro.
"Estamos profundamente preocupados com o fato de que nossas propagandas possam ter aparecido junto com conteúdos que fomentam terrorismo e ódio no YouTube", disse uma porta-voz da AT&T em um comunicado na quarta-feira (22). "Enquanto o Google não puder garantir que isso não acontecerá novamente, removeremos nossas propagandas das plataformas do Google que não se relacionam com buscas."
As pesquisas representam a maior parte da receita do Google com publicidade, que totalizou US$ 79,4 bilhões no ano passado. No entanto, grandes anunciantes, como a AT&T, tendem a gastar mais com os vídeos e a rede de exibição de propagandas do Google. A AT&T é o quarto maior anunciante nos EUA e gastou US$ 941,96 milhões em 2016, de acordo com a Kantar Media, e a Verizon é o terceiro maior.
"Conforme anunciado, iniciamos uma análise ampla de nossas políticas de publicidade e nos comprometemos publicamente a implementar mudanças que darão às marcas mais controle sobre onde suas propagandas aparecem", disse o representante da Google. "Também estamos aumentando as exigências a nossas políticas de publicidade para proteger melhor as marcas de nossos anunciantes."
A polêmica em torno de anúncios de grandes marcas em vídeos de terrorismo ou ódio já está em sua segunda semana sem uma resposta apropriada da Google.
Resposta insatisfatória da marca
Na quinta-feira, enquanto o presidente do conselho da Alphabet, Eric Schmidt, dizia que o Google poderia "chegar bem perto" de garantir que as propagandas das empresas não seriam colocadas perto de materiais com conteúdo de ódio, anunciantes em toda a Europa encontravam mais de uma dúzia de novos exemplos e lutavam para proteger suas marcas.
"Não sabíamos que nossas propagandas eram veiculadas nesse contexto", disse a porta-voz da Axa, Anja Kroll, por e-mail. "Nós tomamos providências imediatas para atualizar os filtros e acabar com a veiculação" dos anúncios junto com esses vídeos porque "diversidade, tolerância e receptividade são valores de importância fundamental para nós e os praticamos diariamente".
Em seu blog, a empresa diz: Nós sabemos que os anunciantes não desejam que sua publicidade esteja próxima a conteúdos que não estejam alinhados com seus valores. Então, a partir de agora, estamos adotando um posicionamento mais duro em relação a conteúdos ofensivos, depreciativos ou discursos de ódio. Isso inclui remover anúncios de forma mais eficiente de qualquer conteúdo que esteja atacando ou assediando pessoas com base em sua raça, religião, gênero ou questões semelhantes. Essa mudança permitirá que tomemos ações quando forem apropriadas, em um maior conjunto de anúncios e sites.
Filtros deveriam impedir a publicidade
Embora a Axa não tenha retirado suas propagandas do YouTube, a unidade alemã está usando filtros de "lista negra" para evitar que seus anúncios apareçam perto de conteúdos extremistas, racistas ou de caráter não desejável, disse Kroll. Neste caso, disse ela, os filtros aparentemente falharam.
"Não fazemos comentários sobre vídeos individuais, mas, conforme anunciado, iniciamos uma análise ampla de nossas políticas de publicidade e nos comprometemos publicamente a implementar mudanças que darão às marcas mais controle sobre onde suas propagandas aparecem", disse um porta-voz do Google. "Também estamos aumentando as exigências a nossas políticas de publicidade para proteger melhor as marcas de nossos anunciantes."
A Google corre o risco de sofrer danos em suas finanças e em sua reputação. A companhia já é acusada em um processo judicial aberto pela família de uma vítima de um ataque terrorista de lucrar com anúncios vinculados à propaganda terrorista que fomenta a violência. A crise recente eclodiu depois que uma investigação do jornal The Times, de Londres, revelou na semana passada que propagandas estavam sendo veiculadas junto com conteúdos ofensivos. O valor de mercado da Alphabet diminuiu cerca de US$ 24 bilhões nesta semana. (Com Bloomberg)
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24/03/201717h10 > Atualizada 24/03/201720h55
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Empresas como AT&T, Verizon, Johnson & Johnson, L'Oreal, a farmacêutica GSK e o banco HSBC, entre outras, estão retirando seus anúncios do YouTube por aparecerem em vídeos extremistas na plataforma do Google. A gigante da tecnologia afirmou que "está tomando medidas para evitar que seus clientes respaldem inadvertidamente conteúdos de ódio".
Um vídeo antissemita que alega a existência de uma "ordem mundial judaica" apareceu junto com propagandas da seguradora Axa na Alemanha, da companhia de petróleo Total na França, de veículos Range Rover na África do Sul, da loja de calçados Skopunkten e do site Tradera na Suécia, de acordo com pesquisas realizadas pela Bloomberg no YouTube em cada um desses países na quinta-feira (23). O vídeo também foi vinculado a marcas na Ásia -- lubrificantes Castrol na Índia e fórmula infantil Cow & Gate em Hong Kong.
Um sermão do pastor Ahmad Musa Jibril, que foi acusado por promotores dos EUA de um atentado terrorista com bomba na Arábia Saudita, pode ser visto ao lado de propagandas da Nissan na Suécia e da operadora wireless MTN Group na África do Sul. Já a liga contra muçulmanos English Defence conta com o respaldo de anúncios de Total, Netflix, IBM e Tag Heuer International na França.
Boicote cresce
O governo do Reino Unido e o jornal The Guardian retiraram suas propagandas do site de vídeos e a Havas, sexta maior agência de publicidade e marketing do mundo, retirou as propagandas de seus clientes do Reino Unido da rede de exibição de anúncios do Google e do YouTube.
Companhias dos EUA, que estão entre as que mais gastam com publicidade, se retiraram, o que poderá custar ao Google e ao YouTube centenas de milhões de dólares em negócios perdidos.
AT&T e Verizon Communications, as maiores operadoras de telefonia celular dos EUA, afirmaram que interromperam os gastos em propagandas não relacionadas com buscas no Google. Johnson & Johnson, a maior empresa de cuidados com a saúde do mundo, pausou todas as suas propagandas no YouTube no mundo inteiro.
"Estamos profundamente preocupados com o fato de que nossas propagandas possam ter aparecido junto com conteúdos que fomentam terrorismo e ódio no YouTube", disse uma porta-voz da AT&T em um comunicado na quarta-feira (22). "Enquanto o Google não puder garantir que isso não acontecerá novamente, removeremos nossas propagandas das plataformas do Google que não se relacionam com buscas."
As pesquisas representam a maior parte da receita do Google com publicidade, que totalizou US$ 79,4 bilhões no ano passado. No entanto, grandes anunciantes, como a AT&T, tendem a gastar mais com os vídeos e a rede de exibição de propagandas do Google. A AT&T é o quarto maior anunciante nos EUA e gastou US$ 941,96 milhões em 2016, de acordo com a Kantar Media, e a Verizon é o terceiro maior.
"Conforme anunciado, iniciamos uma análise ampla de nossas políticas de publicidade e nos comprometemos publicamente a implementar mudanças que darão às marcas mais controle sobre onde suas propagandas aparecem", disse o representante da Google. "Também estamos aumentando as exigências a nossas políticas de publicidade para proteger melhor as marcas de nossos anunciantes."
A polêmica em torno de anúncios de grandes marcas em vídeos de terrorismo ou ódio já está em sua segunda semana sem uma resposta apropriada da Google.
Resposta insatisfatória da marca
Na quinta-feira, enquanto o presidente do conselho da Alphabet, Eric Schmidt, dizia que o Google poderia "chegar bem perto" de garantir que as propagandas das empresas não seriam colocadas perto de materiais com conteúdo de ódio, anunciantes em toda a Europa encontravam mais de uma dúzia de novos exemplos e lutavam para proteger suas marcas.
"Não sabíamos que nossas propagandas eram veiculadas nesse contexto", disse a porta-voz da Axa, Anja Kroll, por e-mail. "Nós tomamos providências imediatas para atualizar os filtros e acabar com a veiculação" dos anúncios junto com esses vídeos porque "diversidade, tolerância e receptividade são valores de importância fundamental para nós e os praticamos diariamente".
Em seu blog, a empresa diz: Nós sabemos que os anunciantes não desejam que sua publicidade esteja próxima a conteúdos que não estejam alinhados com seus valores. Então, a partir de agora, estamos adotando um posicionamento mais duro em relação a conteúdos ofensivos, depreciativos ou discursos de ódio. Isso inclui remover anúncios de forma mais eficiente de qualquer conteúdo que esteja atacando ou assediando pessoas com base em sua raça, religião, gênero ou questões semelhantes. Essa mudança permitirá que tomemos ações quando forem apropriadas, em um maior conjunto de anúncios e sites.
Filtros deveriam impedir a publicidade
Embora a Axa não tenha retirado suas propagandas do YouTube, a unidade alemã está usando filtros de "lista negra" para evitar que seus anúncios apareçam perto de conteúdos extremistas, racistas ou de caráter não desejável, disse Kroll. Neste caso, disse ela, os filtros aparentemente falharam.
"Não fazemos comentários sobre vídeos individuais, mas, conforme anunciado, iniciamos uma análise ampla de nossas políticas de publicidade e nos comprometemos publicamente a implementar mudanças que darão às marcas mais controle sobre onde suas propagandas aparecem", disse um porta-voz do Google. "Também estamos aumentando as exigências a nossas políticas de publicidade para proteger melhor as marcas de nossos anunciantes."
A Google corre o risco de sofrer danos em suas finanças e em sua reputação. A companhia já é acusada em um processo judicial aberto pela família de uma vítima de um ataque terrorista de lucrar com anúncios vinculados à propaganda terrorista que fomenta a violência. A crise recente eclodiu depois que uma investigação do jornal The Times, de Londres, revelou na semana passada que propagandas estavam sendo veiculadas junto com conteúdos ofensivos. O valor de mercado da Alphabet diminuiu cerca de US$ 24 bilhões nesta semana. (Com Bloomberg)
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