Por que não somos todos Somália?
3 participantes
Página 1 de 1
Por que não somos todos Somália?
Passa de 300 o número de mortos no pior ataque terrorista da Somália
Foram dois ataques em sequência na capital Mogadíscio.
Somália está em guerra civil há mais de 20 anos.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
Passa de 300 o número de mortos no pior ataque terrorista da Somália. O país da África Oriental está em guerra civil há mais de 20 anos.
Foram dois ataques em sequência na capital da Somália. No mais mortal, um caminhão carregado de explosivos foi colocado em uma esquina movimentada do coração de Mogadíscio próximo a um caminhão de combustível, o que aumentou o poder de destruição.
Uma bola de fogo varreu quarteirões inteiros. A explosão atingiu hotéis, embaixadas, prédios do governo. Destruiu centenas de veículos.
A segunda explosão foi em um mercado. O ataque deixou centenas de feridos, muitos deles com queimaduras gravíssimas.
Os hospitais ficaram lotados, sem remédios ou estrutura para atender a todos. Cerca de 70 feridos graves foram transportados de avião para Turquia. A ONU chamou o atentado de revoltante e disse que está ajudando o governo somali.
Nenhum grupo terrorista reivindicou o ataque, mas o governo da Somália acusa o Al-Shabab pelo atentado. O grupo terrorista ligado à Al-Qaeda briga para dominar o país, que vive em uma guerra civil desde a década de 1990.
O Al-Shabab já chegou a controlar o Centro e o Sul do país, mas foi expulso das principais cidades. Desde então vem fazendo ataques a civis e aumentando o tamanho e o poder de suas bombas.
O atual governo da Somália é reconhecido pela ONU e apoiado pelos Estados Unidos. No começo de 2017, americanos e somalis anunciaram que iam reforçar as ações militares contra os extremistas. Em resposta, o Al-Shabab anunciou que ia aumentar os ataques. Agora, os Estados Unidos classificaram o atentado como “covarde” e disseram que estão prontos para aumentar a ajuda militar à Somália.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
Foram dois ataques em sequência na capital Mogadíscio.
Somália está em guerra civil há mais de 20 anos.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
Passa de 300 o número de mortos no pior ataque terrorista da Somália. O país da África Oriental está em guerra civil há mais de 20 anos.
Foram dois ataques em sequência na capital da Somália. No mais mortal, um caminhão carregado de explosivos foi colocado em uma esquina movimentada do coração de Mogadíscio próximo a um caminhão de combustível, o que aumentou o poder de destruição.
Uma bola de fogo varreu quarteirões inteiros. A explosão atingiu hotéis, embaixadas, prédios do governo. Destruiu centenas de veículos.
A segunda explosão foi em um mercado. O ataque deixou centenas de feridos, muitos deles com queimaduras gravíssimas.
Os hospitais ficaram lotados, sem remédios ou estrutura para atender a todos. Cerca de 70 feridos graves foram transportados de avião para Turquia. A ONU chamou o atentado de revoltante e disse que está ajudando o governo somali.
Nenhum grupo terrorista reivindicou o ataque, mas o governo da Somália acusa o Al-Shabab pelo atentado. O grupo terrorista ligado à Al-Qaeda briga para dominar o país, que vive em uma guerra civil desde a década de 1990.
O Al-Shabab já chegou a controlar o Centro e o Sul do país, mas foi expulso das principais cidades. Desde então vem fazendo ataques a civis e aumentando o tamanho e o poder de suas bombas.
O atual governo da Somália é reconhecido pela ONU e apoiado pelos Estados Unidos. No começo de 2017, americanos e somalis anunciaram que iam reforçar as ações militares contra os extremistas. Em resposta, o Al-Shabab anunciou que ia aumentar os ataques. Agora, os Estados Unidos classificaram o atentado como “covarde” e disseram que estão prontos para aumentar a ajuda militar à Somália.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
Jamm- Farrista além das fronteiras da sanidade
- Mensagens : 18746
Data de inscrição : 18/06/2010
Re: Por que não somos todos Somália?
Por que não somos todos Somália?
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
Destroços de explosão na Somália. Foto: Mohamed ABDIWAHAB / AFP
A Somália sofreu no último sábado (14) um dos atentados mais violentos da história. Na segunda-feira, o Twitter ferveu de questionamentos sobre a baixa cobertura midiática e a pouca comoção em torno das mais de 500 vítimas (entre mortos e feridos) do ataque ao centro da capital Mogadíscio. Representantes de ONGs, jornalistas e acadêmicos do mundo todo se perguntaram por que não surgiu rapidamente um “Je suis Somália” ou coisa do tipo.
Infelizmente, porque culturalmente naturalizamos o sofrimento de pobre, preto, muçulmano e africano. Mas ainda que houvesse forte resposta emocional a tamanha violência politicamente motivada, começaríamos a trilhar o caminho de evitar que ela se repetisse? Certamente, seria melhor do que a indiferença. Mas bastaria? Tendo a achar que precisamos de mais do que nossos corações; precisamos analisar, com a cabeça, como a violência sistêmica, objetiva e perene, se converte em banhos de sangue. Qual o efeito que cada modalidade de violência tem sobre nós e por quê.
A pouca manifestação solidária que houve seguiu um padrão de tentar formar uma corrente solidária pela via da exclusão. Como se, incapazes de sentir empatia genuína pelo sofrimento daquelas pessoas histórica e ideologicamente construídas como sub-humanas, tentássemos estabelecer, na repulsa pelo assassino, a ligação com a vítima. Nas declarações de condenação da comunidade internacional – que, via de regra, chegaram com dois dias atraso, como se a empatia também tirasse folga no fim de semana – abunda a palavra “bárbaro”.
Embora hoje, associemos o termo a violento, desumano e cruel, “bárbaro” tem uma etimologia reveladora: vem do grego bárbaros, que quer dizer “estrangeiro”. Ou seja, bárbaro é sempre o “outro”, nunca nós mesmos. Ao atribuir este adjetivo a um atentado ou seu perpetrador, inconscientemente (ou não), o colocamos fora da comunidade humana; ele incorpora a figura do “outro” que, como tal, não é digno de identificação e, logo, empatia. Ou seja, esta comoção opera em chave negativa: a solidariedade com a vítima brota da negação da humanidade do algoz.
Será que o algoz é “outro” de fato? Ou criar o outro é o recurso psicológico que temos para lidar com a violência absoluta e, assim, nos abstermos de procurá-la dentro de nós mesmos? Não estou evocando uma solidariedade cristã do tipo “ame seu inimigo” a quem perpetrou tão covarde ato de violência contra civis inocentes. Estou dizendo que precisamos buscar meios de solidariedade positiva com as vítimas. E talvez, por culpa de anos de desconstrução da humanidade dessas pessoas, ela não venha pela via emocional. Talvez precisemos construir caminhos intelectuais de desenvolvimento da empatia.
Este exercício depende de uma análise um pouco mais profunda das condições somalis – sabendo que não vamos conseguir, sequer minimamente, apreender a complexidade da colcha de retalhos de descaso, imperialismo, colonialismo, racismo, diplomacia falha, crueldade institucional, ganância e hipocrisia que compõe a história recente da Somália (e da África, de forma geral). Trata-se de tentar fazer a solidariedade ultrapassar a comoção inicial para buscar ressignificar intelectual e objetivamente o jogo geopolítico que nos trouxe ao ponto em que estamos agora. Até porque, são grandes as chances de percebermos que o “bárbaro” e sua violência são menos estrangeiros do que parecem.
MAIS:
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
Destroços de explosão na Somália. Foto: Mohamed ABDIWAHAB / AFP
A Somália sofreu no último sábado (14) um dos atentados mais violentos da história. Na segunda-feira, o Twitter ferveu de questionamentos sobre a baixa cobertura midiática e a pouca comoção em torno das mais de 500 vítimas (entre mortos e feridos) do ataque ao centro da capital Mogadíscio. Representantes de ONGs, jornalistas e acadêmicos do mundo todo se perguntaram por que não surgiu rapidamente um “Je suis Somália” ou coisa do tipo.
Infelizmente, porque culturalmente naturalizamos o sofrimento de pobre, preto, muçulmano e africano. Mas ainda que houvesse forte resposta emocional a tamanha violência politicamente motivada, começaríamos a trilhar o caminho de evitar que ela se repetisse? Certamente, seria melhor do que a indiferença. Mas bastaria? Tendo a achar que precisamos de mais do que nossos corações; precisamos analisar, com a cabeça, como a violência sistêmica, objetiva e perene, se converte em banhos de sangue. Qual o efeito que cada modalidade de violência tem sobre nós e por quê.
A pouca manifestação solidária que houve seguiu um padrão de tentar formar uma corrente solidária pela via da exclusão. Como se, incapazes de sentir empatia genuína pelo sofrimento daquelas pessoas histórica e ideologicamente construídas como sub-humanas, tentássemos estabelecer, na repulsa pelo assassino, a ligação com a vítima. Nas declarações de condenação da comunidade internacional – que, via de regra, chegaram com dois dias atraso, como se a empatia também tirasse folga no fim de semana – abunda a palavra “bárbaro”.
Embora hoje, associemos o termo a violento, desumano e cruel, “bárbaro” tem uma etimologia reveladora: vem do grego bárbaros, que quer dizer “estrangeiro”. Ou seja, bárbaro é sempre o “outro”, nunca nós mesmos. Ao atribuir este adjetivo a um atentado ou seu perpetrador, inconscientemente (ou não), o colocamos fora da comunidade humana; ele incorpora a figura do “outro” que, como tal, não é digno de identificação e, logo, empatia. Ou seja, esta comoção opera em chave negativa: a solidariedade com a vítima brota da negação da humanidade do algoz.
Será que o algoz é “outro” de fato? Ou criar o outro é o recurso psicológico que temos para lidar com a violência absoluta e, assim, nos abstermos de procurá-la dentro de nós mesmos? Não estou evocando uma solidariedade cristã do tipo “ame seu inimigo” a quem perpetrou tão covarde ato de violência contra civis inocentes. Estou dizendo que precisamos buscar meios de solidariedade positiva com as vítimas. E talvez, por culpa de anos de desconstrução da humanidade dessas pessoas, ela não venha pela via emocional. Talvez precisemos construir caminhos intelectuais de desenvolvimento da empatia.
Este exercício depende de uma análise um pouco mais profunda das condições somalis – sabendo que não vamos conseguir, sequer minimamente, apreender a complexidade da colcha de retalhos de descaso, imperialismo, colonialismo, racismo, diplomacia falha, crueldade institucional, ganância e hipocrisia que compõe a história recente da Somália (e da África, de forma geral). Trata-se de tentar fazer a solidariedade ultrapassar a comoção inicial para buscar ressignificar intelectual e objetivamente o jogo geopolítico que nos trouxe ao ponto em que estamos agora. Até porque, são grandes as chances de percebermos que o “bárbaro” e sua violência são menos estrangeiros do que parecem.
MAIS:
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
Jamm- Farrista além das fronteiras da sanidade
- Mensagens : 18746
Data de inscrição : 18/06/2010
Re: Por que não somos todos Somália?
porque somos bananal, oras.
Seu Madruga- Farrista Cheio de Guéri-Guéri
- Mensagens : 196
Data de inscrição : 13/09/2013
Re: Por que não somos todos Somália?
Bom, a mídia vive de criar modinhas, mas apenas quando vale.
Por outro lado, se uma pessoa mora no bairro mais barra pesada e leva um tiro, nossa percepção - humana, sem nenhuma ideologia ou algo do tipo por trás - vai achar aquilo natural, esperado.
Por outro lado, se uma pessoa saindo de uma quermesse de igreja leva exatamente o mesmo tiro, vai parecer algo fora do comum.
Não vejo maldade nesse tipo de situação.
Por outro lado, se uma pessoa mora no bairro mais barra pesada e leva um tiro, nossa percepção - humana, sem nenhuma ideologia ou algo do tipo por trás - vai achar aquilo natural, esperado.
Por outro lado, se uma pessoa saindo de uma quermesse de igreja leva exatamente o mesmo tiro, vai parecer algo fora do comum.
Não vejo maldade nesse tipo de situação.
Goris- Farrista Cheguei até aqui. Problem?
- Mensagens : 4591
Data de inscrição : 15/06/2010
Idade : 49
Localização : Volta Redonda / RJ
Re: Por que não somos todos Somália?
percepção humana é que esperemos que ninguém leve tiros, que isso nunca é normal independente do local, isso sim.
Seu Madruga- Farrista Cheio de Guéri-Guéri
- Mensagens : 196
Data de inscrição : 13/09/2013
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos