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As crianças selvagens

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Brainiac
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Mensagem por Brainiac Seg Out 31, 2011 2:25 pm

AS CRIANÇAS QUE CRESCERAM ENTRE FERAS



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Histórias de crianças que foram adotadas e cresceram entre lobos, ursos e macacos aparacem de tempos em tempos. são relatos que causam espanto ou maravilham os leitores das crônicas jornalísticas. Na Idade Média, estes "pequenos selvagens" eram vistos como símbolo do caos, da insanidade, heresia, maldição de Deus. Mais tarde, o iluminista Russeau envolveu todos os homens não-civilizados em uma aura de pureza e harmonia com natureza chamamdo-os de "nobres selvagens".

Nem heréticos nem sublimes, esses casos de homens ou crianças encontrados vivendo entre animais são, antes de tudo, exceções biológicas, fruto de um destino incomum, casos de uma incrível adaptação de seres humanos que foram capazes de sobreviver entre indivíduos de uma outra espécie assimilando um comportamento, postura e expressão que diferem radicalmente de seus semelhantes, sapiens.

A mitologia dos antigos possui numerosas exemplos de crianças foram adotadas por animais mas o primeiro registro de um caso real data de 250 d.C., referenciado pelo historiador romano Procopius: um menino, abandonado pela mãe, foi encontrado vivendo entre caprinos; fora adotado por uma cabra. Resgatado, recebeu o nome de Aegisthus. Procopius diz que viu a criança pessoalmente.

Caprinos não são muito freqüentes nas histórias de crianças selvagens, entretanto outra criança, de oito anos, foi descoberta nessas condições nos Andes, Peru, em 1990. Carl Linneus, o biológo classificador das espécies, introduziu o conceito do Homo ferus em 1758, caracterizado pela ausência de linguagem, quadrupedia (condição de quadrúpede) e hirsutia (abundância de pêlos).

Linneus relacionou algumas ocorrências de resgate e reabilitação de crianças selvagens: Jean de Liége, o menino-urso da Lituânia; Hesse, o menino-lobo; o menino-carneiro irlandês; o menino-bezerro de Bamberg; a garota de Kranenburg, dois jovens dos Pirineus; Peter, o Selvagem, de Hanover e a menina selvagem de Champagne.

Muitos acadêmicos consideraram as "crianças selvagens" com ceticismo: seriam crianças que jamais aprenderiam a falar e teriam sido abandonadas pela família por serem portadoras de deficiências mentais. Em 1830, o naturalista sueco K.A. Rudolphi declarou que todas "crianças selvagens" eram ficção folclórica ou idiotas congênitos. Em 1949, Claude Levi Strauss formulou opinião diferente: "Muitas dessas crianças, de fato, sofrem de algum defeito congênito e por essa razão, freqüentemente são abandonadas pelos familiares ao invés de receber tratamento."

Feral children, como Dina Sanichar, de Sakandra (1867), the Lucknow child (1954), e o primeiro garoto-macaco de Uganda (1982), eram mentalmente ou fisicamente deficientes. Porém, muitos outros foram abandonados, fugiram de abusos familiares, perderam-se dos pais por acaso ou em circunstâncias caóticas de guerra. Não obstante, sobreviveram sendo adotados por animais ou integrando-se a um grupo de animais.

Estudos & Casos

A primeira publicação moderna considerada histórica sobre "crianças selvagens" - em oposição aos relatos mitológicos - foi o trabalho do médico Phillipus Camerius, publicado em Frankfurt, em 1609. Ali são descritos os casos de "Hesse wolf-child" (menino-lobo) e "Bamberg-calf" (menino-bezerro), este, "...possuía pernas extraordinariamente flexíveis e andava usando os quatro membros com grande agilidade. Nessa postura, ele enfrentava, em luta, cães de grande porte, usando os dentes. Apesar disso, era dócil com humanos; não possuía uma natureza feroz."

Sir Kelnem Digby, um dos fundadores da Royal Society foi um dos primeiros a mencionar Jean de Liége, em 1644. Com cinco anos, durante um período de guerras religiosas, Jean refugiu-se na floresta com outros aldeões. Quando a guerra esfriou, enquanto os outros retornaram para suas casas, Jean se perdeu e ficou desaparecido por 16 anos. Vivendo na floresta, seus sentidos aguçaram-se: ele podia sentir o cheiro de frutas e raízes a grande distância. Foi resgatado aos 21 anos: estava nú. Seus cabelos, muito compridos, cobriam-lhe o corpo e era incapaz de falar; de volta ao convívio com humanos, reaprendeu a falar mas nunca perdeu olfato apurado. Nicolas Tulp, o médico alemão retratado por Rembradt em Lição de Anatomia, descreveu o "menino-carneiro" da Irlanda em 1692:

Ele foi trazido a Amsterdam. ...Era um jovem de 16 anos que tinha se perdido dos pais. Crescendo entre as ovelhas e os carneiros selvagens da Irlanda ele adquiriu um tipo de 'natureza ovina'. Tinha movimentos rápidos, ágil com os pés, expressão fisionômica bravia, carnes firmes, pele queimada, trigueira, pernas e braços rígidos, destemido e destituído de qualquer delicadeza. A saúde era excelente. Não conhecia a voz humana; emitia balidos, como as ovelhas. Sua garganta era larga e a língua parecia presa no palato. Recusava alimentos comuns; estava acostumado a comer gramíneas e feno. Viveu em montanhas e lugares desertos, como cavernas, locais distantes de qualquer centro de civilização. Os caçadores que o encontraram disseram que ele parecia um animal e não um ser humano. Obrigado a viver como gente, a contra-gosto e somente depois de muito tempo ele começou a perder suas características selvagens.
[Nicholaus Tulp: Observationes Medicae, 1672]


Victor de Aveyron (1798-1828) O Selvagem foi privado do seu habitat – a selva, em Setembro de 1799.
Depois de uma curta estadia em casa de camponeses, foi levado para um
hospício de surdos-mudos de Saint-Affrique e depois transferido para Rodez, onde
ficou alguns meses.
O Selvagem foi alvo de uma enorme curiosidade por parte da sociedade em
geral, mas principalmente pela comunidade científica, que se sentia responsável e
obrigada a integrar este Selvagem num mundo civilizado.
Sendo assim, o Selvagem foi submetido aos mais variados exames físicos
e intelectuais sob a orientação de um médico bastante conceituado – Philippe
Pinel.
Pinel, caracteriza então o Selvagem como um ser muito inferior a alguns
dos animais domésticos. Analisando os sentidos do Selvagem, Pinel demostra o
olhar sem fixação, sem expressão, o ouvido insensível aos ruídos fortes, a voz
reduzida a um estado completo de mudez, um olfacto indiferente e um tacto
restringido às funções mecânicas de apreensão dos corpos.
Quanto às funções intelectuais, Pinel considera o Selvagem incapaz de
manter a atenção, desprovido de memória, de juízo, de capacidade de imitação ou
de qualquer meio de comunicação.
Pinel acrescenta ainda a insensibilidade deste Selvagem a qualquer
demostração de afecto.
Numa só palavra, Pinel conclui que este Selvagem não passa de um idiota,
ou seja, de um ser não susceptível a nenhuma espécie de sociabilidade e de
instrução.
No entanto, mesmo perante este negro quadro, o professor Itard atreve-se
a pensar que tem capacidade para educar este Selvagem e integrá-lo na
sociedade francesa. Supõe que a criança teria sido abandonada com quatro ou
cinco anos de idades, e portanto já detentora alguma educação, mas que, devido
ao isolamento, se apagara completamente da sua memória.
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Partindo desta suposição, Itard considerou o Selvagem um caso puramente
médico e cujo tratamento pertencia à medicina mental.


A Menina de Kranenburg: essa menina foi achada em 1717, na floresta, próxima à província de Overyssel, Alemanha. Ela foi sequestrada aos 16 meses, levada da casa de sua família em Kranenburg. Ao ser resgatada, estava vestida com pano grosseiro; alimentava-se de folhas e grama. Não havia qualquer evidência de tivesse sido adotada por algum tipo de animal. Ela aprendeu a trabalhar com fiação, a se comunicar através de sinais mas nunca conseguiu falar normalmente.

Peter, o Selvagem: O primeiro caso de criança selvagem que ganhou fama foi "Wild Peter"; quando foi descoberto, estava nú, a pele escurecida e tinha os cabelos negros crescidos e emaranhados. Capturado em Helpensen, Hanover - em 27 de julho de 1724, aparentava ter 12 anos na ocasião. Subia em árvores com extrema facilidade. Não falava; recusava comer pão; preferia consumir ramos verdes de certos vegetais que mascava e sugava; mais tarde aceitou frutas e verduras de horta. Ele foi exibido em Hanover na côrte de George I. Levado para a Inglaterra, ali foi estudado pelos cientistas. Viveu 68 anos em sociedade mas nunca aprendeu a dizer nada além de "Peter' e "rei George".

A Garota de Champagne: Em 1731, uma menina aparentando 10 anos foi encontrada em uma árvore em Songi - Chalons, distrito de Champagne, França. Descalça, com o vestido reduzido a trapos e um gorro feito de folhagens na cabeça. Em uma espécie de bolsa, guardava um porrete e uma faca onde distinguiam-se carcteres indecifráveis. Emitia gritos agudos; sua pele estava tão suja e escurecida que alguns acharam que era uma menina negra. Comia passarinhos, sapos e peixes, folhas, brotos e raízes. Quando colocaram um coelho em sua frente ela imediatamente o matou, abriu sua entranhas e comeu sua carne. A garota de Champagne é um dos raros casos de criança selvagem que aprendeu a falar coerentemente o que faz pensar que, antes de ser abandonada ou perder-se, já sabia a falar. Em pouco tempo ela esqueceu a maior parte de sua vida na floresta que, supõe-se, durou cerca de dois anos.

"Seus dedos, especialmente os polegares, eram extraordinariamente largos" - relatou uma testemunha da época, o famoso cientista Charles Marie de la Condamina. Ela usava esses dedos para extrair raízes e como apoio para agarrar nos ramos das árvores, entre as quais movia-se como um macaco. Era muito rápida na corrida e tinha uma visão fenomenal. A menina recebeu o nome de Marie-Angélique Memmie le Blanc. Cresceu e se estabeleceu em Paris onde trabalhava no artesanato de flores artificiais. Suas memórias foram escritas por Madame Hecquet. Morreu na obscuridade com a maioria das crianças selvagens.

CONFINAMENTO

Kaspar Hauser: Este jovem aparentava ter 16 anos quando surgiu "do nada" na tarde de 26 de maio de 1828 em Nuremberg, Alemanha: "Vestia casaco cinzento, calças puídas, um velho colete, camisa, botas e um chapéu cilíndrico. O seu passo era pouco firme, como o de uma criança que tivesse acabado de aprender a andar". Abordado por dois sapateiros, entregou-lhes uma carta endereçada ao comandante da 4ª Companhia do 6º Regimento de Cavalaria Ligeira, lotado naquela cidade.

Em sua primeira noite, dormiu em um estábulo depois de aceitar e pão e água para comer, rejeitando, repugnado, cerveja e carne. Interrogado pelas autoridades, respondia com palavras desconexas ou apenas dizia: "Não sei," A carta informava sua data de nascimento: 30 de abril de 1812, e nada mais que pudesse esclarecer a indentidade do estranho. Deram-lhe papel e caneta e, para surpresa de todos, ele escreveu: Kaspar Hauser.

Os dias passavam e nenhum fato novo surgia sobre a origem do rapaz. Foi adotado pela família de um guarda da prisão, Andreas Hiltel. A convivência mostrou que Kaspar não era um retardado mental; antes, era desprovido de qualquer educação ou noções de sociabilidade. Com os filhos de Hiltel, aprendeu a usar talheres, cuidar de sua higiene pessoal e logo conseguia dizer frases completas. Sob a orientação do professor da escola local sua mente desenvolveu-se rapidamente.

Aos poucos, revelava umas poucas lembranças: tinha vivido recluso em local desconhecido a maior parte de sua vida, aos cuidados de carcereiro cujo rosto jamais tinha visto. A facilidade com que aprendia coisas novas mostravam que ele tinha sido confinado quando já possuía idade suficiente para andar e falar; além disso, escrevera o próprio nome. Em suas recordações, via um calabouço, um castelo, um brasão e um cavalo de brinquedo feito de madeira.

Muitos especularam que o jovem era o herdeiro da Casa Real do duque de Baden, o que fazia dele um possível sucessor da dinastia inaugurada por Napoleão Bonaparte, posto que sua mãe deveria ter sido a filha adotiva daquele estadista. O filho, supostamente morto ainda bebê, poderia ter sido raptado para que não viesse, um dia, a restaurar o poder bonapartiano. A verdade sobre Kaspar Hauser nunca apareceu. Depois de causar muita sensação atraindo a curiosidade de nobres e plebeus, morreu assassinado misteriosamente, sem motivo aparente, próximo à casa de seu professor.

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Capa do DVD O Enigma de Kaspar Hauser, filme de W. Herzog. Na cena, o momento da morte do protagonista, um crime sem solução.

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Ilustração mostrando a chegada de Kaspar Hauser em Nuremberg.

Genie: Tal como Kaspar Hauser, a menina Genie passou por confinamento. O caso, ocorrido em Los Angeles, Califórnia (USA), ganhou publicidade em 1970. Ela ficou encarcerada por 12 anos em um quarto, sem contato com qualquer pessoa. O pai submeteu-a a essas condições porque não suportava barulho de crianças. Quando foi descoberta, mal podia ficar de pé, não andava, não falava. Levou muito tempo até aprender a se comportar como uma pessoa normal.

Lobos


Casos de crianças criadas por lobos são antigos. Uma das lendas mais conhecidas do Ocidente é a história de Rômulo e Remo, fundadores de Roma que, abandonados ainda bebês, foram amamentados por uma loba. Em 1344, um menino alemão de três anos foi, supostamente, capturado por um lobo. Na matilha, recebu cuidados especiais, como um leito de folhagens especialmente preparado para ele, para protegê-lo do frio, e porções de caça como alimentação. Aprendeu andar de quatro e acostumou-se a acompanhar a marcha de seus captores. Quando foi reincorporado à civilização dizia preferir viver com lobos a viver com seres humanos.

Na Índia, entre os anos de 1841 e 1895, quatorze crianças-lobo foram encontradas, sete das quais foram descritas pelo general W.H. Sleeman. O primeiro foi capturado em Hasunpur, no atual estado de Uttar Pradesh; tinhas todas as características de uma wolf child. Sua comida favorita era carne crua e, como em outros casos, não falava. Algumas dessas crianças conseguiram ser educadas; humanizaram-se. Uma delas, um menino de Sultanpur, resgatado em 1895, tornou-se policial.

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Amala & Kamala: Estas duas meninas talvez sejam as mais famosas crianças selvagens de que se tem notícia. Indianas, foram capturadas em 1920 nas vizinhanças de Midnapore, a oeste de Calcutá. Para achá-las foi organizada uma expedição de aldeões liderada pelo reverendo Jal Singh, um missionário anglicano. Na captura, a mãe-loba foi abatida e as crianças receberam os nomes de Amala e Kamala; deveriam ter entre dois e oito anos. Singh as descreve: caninos alongados, queixo retraído, olhos que brilhavam na escuridão. Amala, a mais nova, morreu em um ano. Kamala sobreviveu até 1929, tempo em que aprendeu a comer cozida, andar ereta e falar cerca de 50 palavras.

Marcos Pantoja - Outra criança que aprendeu a falar antes de viver com lobos foi Marcos Pantoja - "a criança selvagem de Sierra Morena". Ele foi abandonado aos sete anos nas florestas desoladas das montanhas, a sudoeste da Espanha, em 1953. Passou 12 anos sem qualquer contato com outros seres humanos.

Ramu - em 1954, The Wolf Boy foi encontrado na estação ferroviária de Luckhow; tinha 10 anos e era, provavelmente, retardado mental. Seus membros estavam deformados. Morreu no hospital de Luckhow em 1968.

Shamdeo: Em maio de 1972, um menino de 4 anos na floresta de Masafirkhana, em uma região onde outros cinco casos foram registrados. O garoto tinha a pele muito escura, unhas muito longas, cabelo abundante, calosidades nas mãos, pés e tornozelos, dentes aguçados, apetite por sangue além de comer terra. Caçava galinhas, preferia a noite ao dia e procurava a companhia de cachorros e chacais. Foi chamado Shamdeo e levado para o vilarejo de Narayanpur. Aprendeu a se comunicar por sinais. Em 1978, foi acolhido por madre Teresa de Calcutá. Morreu em fevereiro de 1985.

Djuma: encontrado por geólogos, em 1962, aos sete anos de idade, na Ásia Central, em uma região deserta do Turkmenistão. Os lobos que o acompanhavam tiveram de ser mortos para o menino fosse resgatado. Em quatro anos aprendeu a falar umas poucas palavras e dormir em uma cama. Recebeu cuidados no Republican Hospital em Ashkhabad mas, em 1991, uma reportagem constatou que ele ainda andava de quatro, só comia carne crua e podia morder quando estava com fome.

Misha Defonseca: essa menina judia viveu entre lobos dos 7 aos 11 anos, vagando pela Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Comia frutos selvagens, como amoras, carne e outros alimentos furtados de fazendas e, ocasionalmente, unido-se aos lobos em suas caçadas. Misha escreveu: "Em minhas viagens, eu podia dormir profundamente na companhia dos lobos. Os dias com minha família de feras multiplicavam-se. Não tinha idéia de há quanto tempo estava com eles. Achava que ia viver com os lobos para sempre e isso me parecia melhor que voltar ao mundo humano. Hoje, as lembranças daqueles dias são cinzentas. Foi uma experiência maravilhosa".

Elmira Godayatova: 1970 - Neste caso, ocorrido no Azerbaijão, a mãe de Elmira foi visitar a avó da menina, que morava no vilarejo de Milgam, fazendo um caminho através da floresta. A garota seguiu a mãe que, ao perceber que a filha a estava acompanhando, mandou-a de volta para casa. Elmira se perdeu. Parentes, amigos e família procuraram em vão. Vinte e trâs dias depois, um guarda-florestal encontrou a garota sentada embaixo de uma árvore. O jornal local noticiou: "Ela comeu amoras e grama, bebeu água de uma fonte e brincou com filhotes de 'cachorro'. Aparentemente, Elmira encontrou uma família de lobos e é bem conhecido o fato de que os lobos nunca atacam em locais próximos às suas tocas."

Mekhriban Ibragimov: Em 1978, novamente, os lobos salvaram uma menina no Azerbaijão. Mekhriban Ibragimov, três anos, perdeu-se na ravina coberta de neve. Foi encontrada depois de 16 horas, abrigada em uma caverna juntamente com um lobo e seus filhotes. Ela disse à mãe que o lobo lambeu seu rosto.

Rocco: Em 1971, nas montanhas Abruzzi - Itália, pastores encontraram um garoto nu; aparentava ter cinco anos. Os médicos acreditavam que ele tinha sido abandonado ainda bebê e levado para a montanha por cabras ou lobos. Foi chamado de Rocco. Várias famílias tentaram, sem sucesso, "domesticar" o menino. Por fim, ele foi encaminhado a um hospital psiquiátrico próximo a Milão. Ele não aprendia a falar, só comia com as mãos, andava de quatro, gostava de ser acariciado mas se retraía e rosnava recolhendo-se a um canto quando estava assustado.



A Menina-Lobo do Texas
É um dos casos mais impressionantes e que assumiu status de verdadeira lenda. No começo do século XIX, em uma região erma, quase despovoada, às margens do rio do Diabo (Devil's river), próximo à localidade de Del Rio, contava-se que existia uma menina-loba. Sua mãe morrera no parto e o pai, John Dent, sucumbiu em meio a uma tempestade enquanto procurava ajuda.

A criança não foi encontrada e o povo presumiu que havia sido devorada pelos lobos que habitavam as vizinhanças. Em 1845, o rapaz morador de San Felipe Springs, disse que tinha visto uma matilha de lobos que atacava seu rebanho de cabras e, entre eles, havia "uma criatura com longos cabelos que cobriam suas feições; parecia uma garota e estava nua." No ano seguinte, os índios Apaches também relataram que muitas vezes encontravam pegadas humanas entre pegadas de lobos.

Um caçador foi contratado e no terceiro dia de busca, a garota, agora uma jovem adulta, foi encurralada em um canyon. O lobo que a acompanhava morreu tentando defendê-la. Ela foi levada para um rancho e trancada em um quarto. Naquela tarde, um grande número de lobos, aparentemente atraídos pelos gritos-uivos da moça, cercaram a casa. As pessoas ficaram em pânico e no meio da confusão, ela escapou. Em 1852 foi vista novamente às margens do rio Grande acompanhada de dois filhotes de lobo e nunca mais se teve notícias dela.


Ursos


Goranca Cuculic: Esta menina tinha cinco anos quando se perdeu na floresta próxima a sua casa, em Vranje - Iugoslávia. Foi encontrada três dias depois e contou que havia encontrado uma ursa e dois filhotes. O animal lambeu sua face e ela bricou com os ursinhos. À noite, dormiu com eles em uma caverna. Em 2001, no Irã, um bebê de 16 meses, desaparecido por três dias, foi achado entre ursos são e salvo. Há registros de crianças que cresceram entre ursos na Dinamarca e na Lituânia. Em 1767, na Hungria, uma garota com cerca de 18 anos, alta e com a pele escurecida, foi encontrada por caçadores. Seu comportamento era agressivo; comia carne crua, raízes e folhagens. Tinha sido criada por ursos. Na Índia, em 1914, outra garota, 14 anos, foi achada em Uttar Pradesh. Chamada de Grongi, recusava dormir em camas e comida cozida. Seus comportamento era semelhante ao dos ursos. Em 1937, na Turquia, em um asilo para doentes mentais, outra jovem, 16 anos presumidos, tinha vivido entre ursos e não se adaptou ao modo de vida humano.

Macacos

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Tissa, de Sri Lanka

Em 1973, no vilarejo de Tissamaharama, sul de Sri Lanka, foi capturado um menino que vivia com um bando de macacos. Em três meses aprendeu a andar ereto; ainda comia com as mãos, não falava mas aprendeu a sorrir.

Burundi Monkei Boy: este caso aconteceu em 1973. O garoto aparentava seis anos e se comportava como um macaco. A antropóloga Diane Skelly constatou que o corpo da criança era coberto por uma fina pelagem que desapareceu quando ele começou a usar roupas.

Robert, de Uganda: Durante o caos da guerra civil naquele país, o menino foi abandonado. Encontrado por militares, três anos depois, vivia com macacos. Levado ao orfanato de Kampala, passou por um processo de socialização e, aos oito anos, fazia sua própria higiene, andava e dormia em cama.

John, de Uganda: Este foi achado em 1991. Ficou doente quando comeu alimento cozido pela primeira vez. Era muito cabeludo e apresentava muitas feridas, cicatrizes e calosidades. Um cidadão indentificou o garoto como John Sesebunya, cujo pai, depois de assassinar a mulher, desapareceu. O garoto tinha três anos na época e fugiu para a floresta onde foi adotado pelos macacos que lhe ofereceram raízes e amêndoas. John foi estudado por especialistas que diagnosticaram nele um caso genuíno de "criança selvagem".

Bello, da Nigéria: Outro caso de criança resgatada por caçadores. Tinha dois anos e vivia com uma família de chimpanzés. Possivelmente, pertencia a uma comunidade de nômades Fulani. Era doente, mentalmente e fisicamente, causa provável de seu abandono. Esse procedimento é comum na cultura dos Fulani, pastores que percorrem grandes distâncias ao longo do leste africano. Os médicos estimaram que ele deveria ter 6 meses quando foi deixado na floresta para morrer. Em 2002, aos oito anos, tinha compleição física de uma criança de quatro anos e ainda mantinha trejeitos simiescos.

Gazelas


Em 1960, o antropólogo Jean-Claude Auger, viajando sozinho pelo Saara Espanhol, encontrou um grupo de nômades Nemadi que contaram a ele sobre o avistamento de uma criança selvagem. No dia seguinte, tomando a direção indicada pelos nômades, ele viu uma criança nua galopando em grandes saltos em um grupo de numerosas gazelas brancas. Auger instalou-se em um pequeno oásis e ali ficou na expectativa de uma chance de aproximação.

Esperou por muitos dias até que, enfim, surgiu a oportunidade de observar o garoto-gazela mais de perto: "ele era vigoroso, queimado de sol, olhos amendoados e tinha no rosto uma expressão amável; aparentava dez anos de idade. Seus tornozelos eram desproporcionalmente grossos e fortes; seus músculos eram firmes. Andava de quatro mas, ocasionalmente, assumia postura ereta, o que fez Auger supor que havia sido abandonado ou se perdido quando já começara a dar seus primeiros passos. Quando ouvia barulhos estranhos, ficava alerta, tremia os músculos, movia o nariz e as orelhas, tal como suas companheiras gazelas". Em 1966, fizeram uma tentativa de resgatar o jovem usando uma rede; não funcionou. Diferente de outros casos de crianças selvagens, jamais foi capturado. Auger recusou fotografá-lo pois entendia que não era justo prendê-lo e domesticá-lo.

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The Gazelle Boy, da Síria

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Livro que aborda o tema Feral Children


Oriente Médio: Em 1946, outro garoto que cresceu entre gazelas foi capturado. Ele vivia no deserto entre a Transjodânia, Síria e Iraque. Foi visto pela primeira vez pelo chefe da tribo tuaregue dos Ruwelli, Amir Sha'alan. Ele corria no meio das gazelas e dava grandes saltos. Repentinamente, tropeçou e caiu: "conseguimos nos aproximar e constatamos que o jovem tinha se ferido em uma grande pedra. Ele olhava para nós com seus grandes olhos cheios de espanto". Tentaram vestí-lo e calçá-lo; ele resistiu. Levado ao médico, dr. Musa Jalbout, agia, comia e chorava como uma gazela. Não havia dúvida de que tinha crescido entre aqueles animais. Deveria ter uns 15 anos. Aos poucos habituou-se a comer pão e carne. Podia correr a 50 km por hora, era muito esbelto, tinha 1,70 m de altura e membros extremamente fortes.


ISOLAMENTO

Índia - Menino do rio Kuano: Este caso foi registrado em 1973, no vilarejo de Baragdava, no estado Uttar Pradesh, próximo à fronteira com o Nepal. Em fevereiro daquele ano, um padre local, estava à beira do rio Kuano quando avistou um jovem nú nadando estranhamente. Parecia ter uns 15 anos. Emergia e submergia com regularidade e levava um peixe entre os dentes. O padre narrou o que viu aos aldeões e uma senhora chamada Somni disse que o rapaz era seu filho, Ramchandra, que havia sido tragado pelas águas do Kuano quando tinha um ano de idade.

Interessados, os aldeões amontoavam-se na beira do rio para ver o jovem-peixe. Em maio de 1979, Somni finalmente conseguiu encontrá-lo. Estava deitado na grama e ela pôde reconhecer um sinal em suas costas. Capturado, constataram que ele não tinha pêlos e sua cabeça era de uma tonalidade negra-esverdeada. Não puderam evitar que ele voltasse ao rio embora o rapaz não temesse o contato com as pessoas. Porém, era retraído e não raro passava longas horas dentro da água, onde submergia por um tempo impossível para qualquer outro ser humano.

Não falava e parecia não ouvir. Comia peixes, sapos e outras criaturas aquáticas. Apanhava a comida diretamente com a boca. O grande mistério de sua sobrevivência era como poderia ter escapado dos crocodilos que frequentavam o rio Kuano. Muitos aldeões acreditavam que um "espírito das águas" havia cuidado do menino nos seus primeiros anos de vida. Em 1982 ele apareceu na margem do rio na altura do vilarejo de Sanrigar. Uma mulher, assustada com aquela figura incomum, jogou água fervente no jovem. Machucado e sofrendo dores, ele submergiu nas águas do Kuano e não reapareceu. Mais tarde, seu corpo, mutilado por mordidas de peixes, foi encontrado boiando.







Isolamento - Confinamento - Vivência com Feras
Os casos de crianças selvagens não são todos iguais; o isolamente consiste na sobrevivêcia do ser humano em condições de solidão em termos de não-contado com outros seres humanos; as indianas Amala e Kamala representam um típico episódio de vivência com animais e o misterioso Kaspar Hauser sofreu confinamento (prisão sem contato com qualquer outro ser vivo exceto um 'carcereiro', esporadicamente) até os 16 anos.

Crianças que crescem isoladas por muitos anos, freqüentemente desenvolvem sintomas de autismo, explicava, em 1959, o psicólogo Bruno Bettelheim: "Enquanto crianças selvagens são raras, mais comuns são as pais-mães-feras, que tratam suas crianças como animais, criando situações que podem combinar o isolamento e o confinamento, o que resulta em sociopatias e psicopatias com sintomas e gravidade diferentes".



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Truffaut evoca inocência perdida em O Garoto Selvagem

O Garoto Selvagem, um dos grandes filmes de François Truffaut. Lançado em 1970, o filme teve grande repercussão e uma produção com tema similar, o impressionante O Enigma de Kaspar Hauser, de Werner Herzog.

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Truffaut interpreta o professor Itard, um humanista fervoroso


Truffaut baseou-se no caso verídico de Victor de Aveyron, um menino selvagem encontrado em uma floresta da França no século XVIII, época em que o filósofo Jean-Jacques Rousseau defendia a inocência não conspurcada do "bom selvagem", o homem em estado primitivo e sem a ação repressora da cultura e das instituições, em oposição à civilização
corruptora.



Amante declarado da infância, Truffaut encarna o professor Itard, um humanista e educador apaixonado, empenhado em defender Victor do tratamento bestial a que os acadêmicos da época lhe reservam. Itard ensina o garoto a se comunicar com o mundo e prova aos céticos as reações positivas dessa educação simbólica e sentimental para o desenvolvimento integral do garoto.

O filme é dedicado ao ator Jean-Pierre Léaud, alter-ego do cineasta na pele de Antoine Doinel, o personagem recorrente de filmes como o autobiográfico Os Incompreendidos, Antoine e Colette (1963), Beijos Proibidos (1968), Domicílio Conjugal (1970) e O Amor em Fuga (1979).
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Mensagem por Brainiac Seg Out 31, 2011 2:26 pm

Tema curioso e sinistro, pra combinar com o dia das bruxas!
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Mensagem por Questao Seg Out 31, 2011 3:12 pm

ou provar que tarzan é possivel auhau

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Mensagem por ediv_diVad Seg Out 31, 2011 4:45 pm

Muito interessante, o "Livro da Jangal" do Rudyard Kipling (traduzido por Monteiro Lobato) é uma das mais belas histórias que já li.

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Mensagem por Goris Seg Out 31, 2011 5:46 pm

òtimo e interessantíssimo tema, muito legal mesmo. Numa correlação com o dia das bruxas, dá pra se pensar se a lenda dos lobisomens não tem algo a ver com essas lendas...
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Mensagem por Mononoke Hime Seg Out 31, 2011 9:08 pm

Eu já vi um documentário sobre as crianças perdidas... fantástico.

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Mensagem por ediv_diVad Seg Out 31, 2011 9:26 pm

Dois casos recentes de meninos-gazela:

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Mensagem por Questao Seg Out 31, 2011 9:27 pm

ahuhahahauhauhua

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Mensagem por Convidado Seg Out 31, 2011 10:30 pm

Muito estranho e muito incrível, e pensar que nosso estado de humano é aprendido hein.

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Mensagem por Questao Seg Out 31, 2011 11:35 pm

fabiola_a9 escreveu:Muito estranho e muito incrível, e pensar que nosso estado de humano é aprendido hein.

mas imagina o preconceito que ele devia sofrer por ser humano nessas comunidades,devia ser dificil arrumar uma namorada ou não,ok melhor não pensar sobre isso

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Mensagem por Brainiac Ter Nov 01, 2011 8:11 am

O ser humano é um animal simbólico.
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Mensagem por Brainiac Ter Nov 01, 2011 3:41 pm

Isabel, a menina que vivia no galinheiro


Maria Isabel Quaresma dos Santos nasceu em 6 de Julho de 1970 no distrito de Coimbra, na vila de Tábua. A sua mãe, Idalina Quaresma dos Santos, denotava alguma debilidade mental. O pai de Isabel não era membro da família. Isabel vivia com a mãe no Lugar Da Vacaria, pequena aldeia onde a agricultura e a pecuária constituem as principais actividades económicas. A pequena Isabel habitava um galinheiro onde supostamente a mãe a terá colocado apenas algum tempo após o seu nascimento. Aí viveu durante oito anos da sua infância tendo como companhia as galinhas enquanto a mãe ia trabalhar para o campo. Alimentava-a de milho, couves cortadas e uma caneca de café.
O caso de Isabel foi divulgado pela comunicação social no início de 1980, quando tinha a idade de 9 anos e tinha vivido cerca de oito anos num galinheiro. A primeira tentativa de tirar Isabel desta situação parece ter surgido do "Movimento Alfa", uma organização de carácter religioso, que foi buscar a criança. Através de um acordo com o Hospital da Tábua, aquela organização religiosa conseguiu o internamento da criança por um curto espaço de tempo, até encontrar uma instituição melhor preparada e adequada para a receber. Como tal instituição não foi encontrada, o Hospital acabou por devolver a criança à sua vida anterior.

Entretanto, Maria João de Oliveira Bichão, de 35 anos, que trabalhava como técnica de radiologia no Hospital de Torres Vedras, teve conmhecimento, por intermédio das religiosas deste hospital, da situação de Isabel. Toda a sua vida Maria João se havia interessado por crianças e pelos seus problemas e resolveu ajudar Isabel. Decidiu levar a Isabel para sua casa em Torres Vedras, onde ficou durante cerca de 15 dias. Porém, sentindo-se incapaz de recuperar uma criança como esta, Maria João tentou interná-la num hospital, mas apenas conseguiu o interesse de alguns médicos em observarem a Isabel e realizaram-lhe alguns exames. Como não foram assinaladas razões suficientes para o seu internamento, Isabel voltou para as suas condições anteriores. O caso acabou por ser denunciado à polícia, pelos vizinhos. No decorrer deste processo, Isabel foi internada no Colégio Ocupacional Luís Rodrigues, em Lisboa, que entretanto foi fechado pela Segurança Social. Actualmente encontra-se na Casa do Bom Samaritano.

Quando Isabel foi encontrada possuía algumas características físicas específicas, tais como:

Subdesenvolvimento ósseo;

Grande debilidade;

Cabeça demasiado pequena para a idade;

Face com semelhanças flagrantes com os galináceos (perfil, posição labial, dentição formada como se fosse um bico);

Olhos grandes (rasgados no sentido descendente);

Posição dos braços muito idêntica às asas das galinhas;

Calos nas palmas das mãos.

Uma catarata no olho direito, certamente originada por uma picada de galinha.

Em termos comportamentais, revelava:

Atitudes extremamente agressivas, destruindo tudo o que tivesse ao seu alcance,

O seu comportamento mais usual era mexer os braços como se fossem asas de galinha e guinchar,

Comia os seus próprios cabelos,

Defecava em qualquer parte e ingeria as próprias fezes.

A mãe, Idalina Quaresma

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Idalina, do lado esquerdo da foto, com a Isabel e Maria João, em 1980

O primeiro contacto com a mãe de Isabel foi em 1980 com os jornalistas que investigaram este caso. Os jornalistas descreveram Idalina como uma pessoa que denunciava a sua debilidade mental estando ausente e ignorando o que se passava a sua volta. Eram também nítidos sinais de perturbação neurológica, pouca capacidade de socialização e escassas noções morais. Quando questionada sobre o motivo pelo qual deixava a sua filha no curral, respondia que não a tinha onde deixar nem a podia levar para o campo.

Os vizinhos revelaram que Isabel era filha de um cunhado da sua mãe. Disseram ainda que Isabel teria uma irmã que vivia com os avós, filha de um sobrinho de sua mãe e que tinha tido outra irmã que teria morrido poucos dias depois do seu nascimento, filha de um irmão de Idalina.

Quando o caso foi levado a tribunal, Idalina foi considerada inimputável, incapaz de tomar conta da filha e de si própria.

Idalina era pois incapaz de se ocupar da filha de uma maneira mais afectiva e não tinha capacidade para decidir o que queria para a sua vida, nomeadamente na escolha dos pais para os seus filhos (que tinham sido fruto de relações incestuosas com membros da própria família). Idalina era incapaz de decidir, explicar, agir e sobretudo de enfrentar os seus próprios problemas. Era evidente uma nítida confusão temporal, baralhando a sua própria infância com a da sua filha.

Após o internamento da filha, durante os primeiros tempos, Idalina ia visitá-la à Instituição mas, progressivamente, foi deixando de ir. Tinha desinteresse por tudo, incluindo a filha e a sua própria situação. Isabel, por seu lado, não reagia perante a presença de sua mãe, não manifestando comportamentos, nem de aproximação, nem de rejeição.

Passados 18 anos, Idalina é encontrada a viver num lar e gosta de ver o retrato da filha.

A irmã de Isabel, Paula, igualmente doente mental, mas não profunda, aguarda internamento numa instituição, enquanto é assistida num centro de recuperação ligado à Santa Casa da Misericórdia.

Como se encontra Isabel? (em 1998)

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Isabel Quaresma 1998

Dezoito anos depois, Isabel não cresceu muito. Já anda sozinha, embora não em zonas de piso irregular ou com degraus. Diminuiu a agressividade e consegue completar jogos de colocação de peças. Tem um fascínio pelo tiquetaque dos relógios.

Continua com problemas de estômago que lhe causam grande debilidade pois a obrigam a comer pouco e a ter uma alimentação muito cuidada.

Segundo os relatórios do colégio onde esteve durante 15 anos, Isabel era afectiva e simultaneamente agressiva na tentativa de estabelecer relações. Não falava, batia os braços, mordia-se, arrancava cabelos que comia e tinha problemas de cicatrização por arrancar crostas das feridas.

Foi internada na Casa do Bom Samaritano, onde, segundo a irmã Maria José, chegou com «uma grande anemia e muitos parasitas, não se controlava e não conseguia estar sentada cinco minutos, apesar de não se equilibrar (...) não possuía qualquer concentração, comia cabelos, papel e maçarocas de milho em grão». Por outro lado, «agarrava-se às pessoas e, se não tinha resposta, beliscava-as, utilizando a agressividade para chamar a atenção. Com a mesma intenção, despia-se da cinta para cima».

Segundo a psicóloga Isabel Costa, da Casa do Bom Samaritano, Isabel teria, em 1998, uma idade mental de dois anos. «Tem um nível de compreensão simples e responde a pequenas ordens, do género de se pedir alguma coisa e ela ir buscar. Mas, se se pedirem duas, ela só traz uma, porque só capta uma ordem de cada vez». Por outro lado, refere que «a jovem não fala mas tem linguagem receptiva, se se lhe falar em termos simples e sem grandes sequências». Isabel Costa salienta ainda a evolução, nos últimos três anos, da sua capacidade de atenção e concentração. «Com a colaboração de alguém, já consegue ter uma actividade durante dez minutos seguidos e, no que respeita a socialização, já sabe estar em grupo, é participativa e tem iniciativa própria por necessidade de contacto físico.»

Na Casa do Bom Samaritano, Isabel desenvolve jogos simples e grafismos. Aprendeu a pegar num lápis e a riscar. Separa as cores e encaixa peças, frequentando o atelier psico-educativo.

E Isabel Costa acrescenta: «Percebe bem a expressão facial dos outros e sabe, pelo nosso olhar, se estamos contentes ou tristes com as suas atitudes.» Aliás, «com alguma malandrice», até reage aos nossos comportamentos.

Tudo leva a crer que é feliz.
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Mensagem por ediv_diVad Ter Nov 01, 2011 3:59 pm

Que loucura, cara.

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Mensagem por Brainiac Ter Dez 20, 2011 5:35 pm

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Mensagem por Quero Café Ter Dez 20, 2011 6:13 pm

Vi um documentário no discovery channel ou no natgeo justamente sobre esse tema e sobre esse livro.
Fiquei com muito vontade de lê-lo, mas acho que não vai chegar no Brasil assim como o Inner Ape não chegou.
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Mensagem por Convidad Ter Dez 20, 2011 11:10 pm

Hal 9000 escreveu:Vi um documentário no discovery channel ou no natgeo justamente sobre esse tema e sobre esse livro.
Fiquei com muito vontade de lê-lo, mas acho que não vai chegar no Brasil assim como o Inner Ape não chegou.

O negocio é aprende Inglês, tem muito coisa boa que não é traduzida, e não adianta esperar sai a tradução, porque infelizmente não sai

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Mensagem por Quero Café Qua Dez 21, 2011 9:15 pm

Eu sei inglês razoavelmente bem.
Já passei pela experiência de ler livros nesse idioma de mais de cento e cinquenta páginas.
No caso, o problema foi mesmo ter a posse do livro de alguma forma.
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Mensagem por Brainiac Sáb Jan 11, 2014 11:45 am

EM 2007, um homem teve sua comida roubada próximo a uma selva no Camboja e resolveu montar vigia para encontrar o animal ladrão.

Para sua surpresa, era uma mulher. Ronchom Pn'gieng, de 27 anos. A moça estava suja, assustada e nua quando um grupo de pessoas a capturou.

Uma família do vilarejo da província Ratanakiri disse que a mulher selvagem era sua filha, e que tinha desaparecido cerca de 20 anos atrás junto com a irmã, que nuca foi encontrada, enquanto as duas pastoreavam búfalos. O pai de Rochom reconheceu a filha por causa de uma cicatriz em suas costas.

Rochom foi reintegrada à família, mas teve dificuldades para se adaptar. As únicas coisas que a mulher selvagem sabia dizer eram "mãe", "pai" e "dor de estômago". Ela preferia rastejar em vez de andar e, quando estava com sede ou fome, simplesmente apontava para sua boca.
O caso atraiu a atenção da imprensa internacional, fazendo com que fotos e vídeos de Rochom fosse parar na internet. Uma psicóloga espanhola tentou interagir com a moça, mas não obteve respostas.
Após várias tentativas de fuga, Rochom conseguiu espacar em 2010 e nunca mais foi achada.




O menino lodo


O indiano Dina Sanichar foi uma das primeiras crianças selvagens registradas. Caçadores o encontraram em uma toca de lobos aos 6 anos, em 1867. Arisco, ele rasgava as roupas que vestia, rosnava e só comia comida crua, no chão. O menino foi levado a um orfanato e morreu com 28 anos, de tuberculose, por causa do seu único vício humano: tabaco.

O menino cabra


Em 1990, um menino de 12 anos conhecido apenas como Daniel foi encontrado na Cordilheira dos Andes. Médicos concluíram que ele tinha passado pelo menos oito anos vivendo entre as cabras da região, tomando o seu leite e comendo raízes e frutas. Ele andava de quatro: suas mãos e pés endureceram e viraram um tipo de casco. Um grupo de estudiosos da Universidade do Kansas o levou para os EUA.

União entre animal e criança


Após o fim da União Soviética, em 1992, a Rússica entrou em colapso econômico, levando milhares de animais domésticos a ser abandonados e muitas crianças a pedir esmolas nas ruas. Ivan Mshukov tinha 4 anos qundo fugiu de casa, em 1996, cansado dos maus tratos da mãe e do namorado dela, alcoólatra.

Ivan teve dificuldades em viver nas ruas, porque as outras crianças o discriminavam e não o deixavam dormir com seu grupo -que, por causa do frio, se amontoava em locas onde havia tudos aquecidos. Por sorte, o menino conheceu uma cadela que ele batizou de Byelka, que virou sua amiga inseparável. Nos dois anos seguintes, o garoto viveu com Byelka e um grupo de cães, alimentando-se e dormindo com eles. Ivan conseguiu a confiança da matilha dando comida aos animais. Em troca, ganhava sua proteção e seu calor para dormir.

Policiais tentaram capturar Ivan três vezes, sem sucesso, pois a matilha sempre o protegia. Foi quando tiveram a ideia de usar uma isca para atrair os cães a um banheiro e tranca-los, separando-os do garoto. Isso ocorreu em 1998. Ele foi posto em um orfanato e depois adotado por uma família.


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