A.R.R.A.F.
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Quando a educação falha

4 participantes

Ir para baixo

Quando a educação falha Empty Quando a educação falha

Mensagem por Convidado Qui Nov 03, 2011 10:48 am

Como muitos de meus leitores sabem, até 2008 eu fui professor de gramática, literatura e redação em escolas de ensino fundamental e médio, o que significa que atendia alunos e alunas que iam dos 10 aos 17 anos. Sempre fui o professor que encarava as perguntas dos alunos como legítimas, válidas e até importantes para que pudessem viver em seus cotidianos sem nenhum mal aparente.

Ao ler este texto de Arthur Golgo Lucas, me lembrei dos fatos que ocorreram nessa escola entre os anos de 2007 e 2008. Meus alunos eram pessoas reais, com dúvidas reais sobre suas vivências reais. Viviam em um meio rodeado de sexo, drogas, preconceitos e tabus, e, como qualquer pessoa na idade deles, havia muitas dúvidas a respeito desses assuntos. Eis algumas perguntas das quais eu lembro e as respostas que dei a respeito:

- Qual a sensação que dá no pênis quando fazemos sexo?
Pergunta feita por uma aluna de 11 anos. Respondi explicando tratar-se mais de minha experiência, uma vez que não há como mensurar a sensação do outro, somente a minha. Meu método para responder foi dar uma ideia geral e subjetiva da sensação comigo, e depois pedi aos meninos que explicassem por eles mesmos. Como todos só se masturbavam, iniciou-se uma aula divertida sobre expectativas a respeito do sexo, o que me rendeu um tema para eles produzirem um texto em casa. Enfim, considerei a aula proveitosa.

Resultado: uma aluna não gostou muito da aula (ficou calada o tempo todo, e eu respeitei, uma vez que o tema podia constranger a participação de alguns). O que resultou daí foi eu ser chamado pela diretoria da escola, me explicaram que falar de sexo em sala de aula era pra professor de ciências, e somente no oitavo ano. Argumentei diante de alguns pais de alunos, e alguns deles entenderam o tema como importante. Esses pais salvaram meu emprego dessa vez.

- Gozar no ânus engravida?
Pergunta feita por uma aluna de 14 anos. Respondi que não, sugeri perguntarem isso ao professor de ciências, que, ao responder, quase perdeu o emprego.

- É mais pesado a maconha ou a cocaína? Por quê?
Respondi objetivamente, deixando claro que não era usuário, mas que é o tipo de conhecimento que era necessário. Falei dos usos medicinais de ambas as drogas, os motivos históricos que levaram à sua proibição, os perigos do álcool e do cigarro e, por fim, expliquei baseado nos colegas meus de universidade, usuários de ambas as drogas. Enfim, respondi deixando claro que elas eram perigosas per si, e não porque determinada lei as proibia.

Resultado: fui acusado de apologia às drogas por um pai de aluno na reunião de pais e mestres.

- É comum experimentar drogas?
Respondi que sim. Baseando-me no mesmo argumento anterior, mostrei que coca-cola, café, cigarro, álcool, internet e tylenol também são drogas, e viciam.

Resultado: na mesma reunião de pais e mestres, a resposta rendeu a mesma reação do pai em questão.

- Qual a melhor frequência de sexo que devemos ter?
Disse aos alunos que responderia essa questão na outra aula. Levei um livro cristão sobre o assunto, intitulado O Ato Conjugal, de Tim Lahaye. No livro, dizia-se que uma frequência de três vezes semanais era o mais indicado para homens e mulheres, e, baseado no que havia no livro, expliquei como os hormônios liberados ajudavam na prevenção de várias doenças. O livro cristão serviu para me armar. Chamado mais uma vez para conversar na direção, e diante de um pai de aluno (que, por sinal, era pastor do Betel Brasileiro), mostrei o livro e expliquei que estava dando uma educação cristã ao filho dele.

- De onde vem o preconceito contra as religiões africanas?
Expliquei ao mesmo tempo em que revelei aos alunos que era ateu agnóstico e budista. Mostrei como uma mesma crença era encarada de duas formas distintas, somente porque uma vinha do xintoísmo, e outra vinha do candomblé. Falei sobre o preconceito religioso e liberdade de opinião.
Resultado: o coordenador me chamou a atenção, dizendo que proselitismo religioso era proibido em sala de aula (o estranho é que a escola em questão tinha uma disciplina chamada Religião, na qual o professor lecionava fatos da bíblia).

- Qual sua opinião sobre Jesus?
Expliquei minha opinião sem minar a crença de ninguém. Disse em que se baseava minha opinião, e o direito que cada um tinha de crer no que quisessem ou achassem necessidade. Falei sobre o Jesus histórico, o Jesus bíblico e o Jesus teológico, e as diferenças entre os três.

Resultado: confusão da reunião de pais e mestres. Dessa vez fui advertido ao lado de outros professores, ateus, agnósticos, umbandistas e espíritas.

- Silas Malafaia está certo falando dos gays?
Expliquei que não, porque não, e o fato de o gay não escolher ser gay, nem o hétero escolher ser hétero. Apesar de ter sido polêmico, o incentivo veio do agradecimento de uma menina lésbica da sala, que dizia já sofrer muitos estigmas sociais devido à sua sexualidade.

Essas perguntas foram proferidas por alunos de classe média ou alta em João Pessoa, quase todos filhos de empresários, pastores, artistas, jornalistas. A primeira pergunta quase me rendeu uma demissão. As outras, tive de ser chamado pelos pais e pelo coordenador várias vezes para explicar que "ou os alunos descobrem isso de mim, ou descobrirão na rua com quem não devem".

Um belo dia minha religião cavou minha demissão. Os pais queriam uma “educação cristã” para seus filhos, e oito professores voaram da escola, todos ateus, agnósticos, umbandistas e espíritas (e eu, budista, no meio). Movemos uma ação contra a escola, e a escola resolveu demitindo o coordenador do ensino médio, jogando a culpa nele.

Segundo alguns amigos que ficaram, o ano seguinte às nossas demissões foi marcado por umas tragédias:
- um aluno morreu com overdose de ecstasy numa boate,
- algumas meninas engravidaram (parece que cinco ou seis delas, a maior parte do fundamental),
- uma delas contraiu AIDS (parece que ela era do terceiro ano),
- dois alunos pediram transferência por sofrerem bullying por serem ateus,
- um aluno saiu de casa e foi morar na cracolândia da cidade, e agora vende droga em troca de droga.

O que isso ensinou? Que bastou tirar quem os orientava, sem substituir de forma eficiente por outra pessoa que também oriente, e a coisa toda desandou. Como os pais desses alunos são filhos de gente das empresas e da mídia, começou uma campanha na cidade contra as drogas e pedindo com que os jovens “se guardem até o casamento”, e todos já conhecemos o tipo de eficácia desse tipo de campanha, né não?

Em nossa sociedade, o professor só orienta porque os pais não o fazem em casa, demasiadamente presos à uma moral e a um politicamente correto que poda nos mesmos qualquer possibilidade de dar um rumo racional sobre o assunto. O resultado é que a maior parte dos alunos passou a descobrir por si mesmos da pior maneira. Uma pena.
fonte: [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]

Convidado
Convidado


Ir para o topo Ir para baixo

Quando a educação falha Empty Re: Quando a educação falha

Mensagem por Convidado Qui Nov 03, 2011 10:49 am

Achei o final meio alarmista, do tipo, que só aconteceram as tragédias pela ausência direta dos professores. Mas o texto é muito interessante, alunos vem com as perguntas, nós queremos responder, mas sempre dá em merda! Mad

Convidado
Convidado


Ir para o topo Ir para baixo

Quando a educação falha Empty Re: Quando a educação falha

Mensagem por L.Anne Qui Nov 03, 2011 11:15 am

Lamentável. É o que já vemos por aí: Os pais não conversam com os filhos, não querem que os professores conversem com os filhos e os filhos descobrem sozinhos, ou por influência de amigos. Aí, vem a merda.
L.Anne
L.Anne
Farrista já viciei...
Farrista já viciei...

Mensagens : 4404
Data de inscrição : 11/06/2010
Idade : 39
Localização : Mares do Sul

Ir para o topo Ir para baixo

Quando a educação falha Empty Re: Quando a educação falha

Mensagem por Koppe Qui Nov 03, 2011 11:47 am

Lamentável. Esse é exatamente o tipo de professor que precisamos, um que tem alguma preocupação com os alunos além de sua matéria.

Não sei se vocês perceberam, os alunos perguntavam isso pra ele em vez de perguntar pros próprios pais... em quem eles confiavam mais?
Koppe
Koppe
Farrista tenho muitos amigos
Farrista tenho muitos amigos

Mensagens : 2246
Data de inscrição : 13/06/2010
Idade : 39
Localização : Rio Grande do Sul

http://mdhq.wordpress.com/

Ir para o topo Ir para baixo

Quando a educação falha Empty Re: Quando a educação falha

Mensagem por Goris Qui Nov 03, 2011 12:03 pm

Sem fontes, teor injustiçado e esclarecido...

Será mesmo uma história real e isenta?
Goris
Goris
Farrista Cheguei até aqui. Problem?
Farrista Cheguei até aqui. Problem?

Mensagens : 4591
Data de inscrição : 15/06/2010
Idade : 49
Localização : Volta Redonda / RJ

Ir para o topo Ir para baixo

Quando a educação falha Empty Re: Quando a educação falha

Mensagem por Questao Qui Nov 03, 2011 12:27 pm

Goris escreveu:Sem fontes, teor injustiçado e esclarecido...

Será mesmo uma história real e isenta?

concordo com você goris,mas a fabiola tem credibilidade comigo,entendo se você não acreditar mas para mim deve ser real de algum que a fabiola conhece

mas esse professor pediu hein fala serio falar de freguencia sexual e sensação no penis que é algo muito pessoal e individual o aluno estava é de sacanagem com você compadre

- É comum experimentar drogas?
Respondi que sim. Baseando-me no mesmo argumento anterior, mostrei que coca-cola, café, cigarro, álcool, internet e tylenol também são drogas, e viciam.
essa foi a pior de todas ao meu ver parece um professor meu da faculdade que quando falei que não usava mas que todo mundo tinha direito de destruir o cerebro e por isso era a favor da legalização mesmo achando idiotice usar drogas ele veio com esse papo quando viu que não usava nada acima (só que ele não falou da internet) ele veio falando de chocolate
-ah porque chocolate é uma droga e vicia
porra de drogas tem são classificadas de acordo com o dano lesivo ao cerebro e as funções corporeas,a maconha causa por mais que nego fale que não (só ver o suplici auhauaha ok ok essa foi uma piada)
que papinho hein

por isso que nas escolas tem os conselheiros,eles são pessoas formadas em psicologia e pedagogia e tiram duvidas dos alunos a respeito de coisas pessoais,coisas biologicas beleza o professor de biologia responder,agora sobre religião tem que ser um formado em teologia ou historia,e sobre sensação do penis e freguencia sexual é algo pessoal que o professor deveria dizer que cada um é cada unm

no minimo foi pagar de politicamente correto o professor(lamento por isso fabiola) mas serio se fosse aluno não ia querer um professor desses,é o tipo de professor que para aula toda hora para pergunta idiota(sim como aluno acho que tem pergunta idiota) vive tendo isso nas escolas ai atrasa a materia e não ajuda em nada o vestibular ou eu terminar o ano

_________________
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
"Seu verdadeiro lar está dentro do seu coração e continua com você onde quer que você vá; mas um lugar legal e aconchegante é um motivo maravilhoso para voltar para casa!"
-J.R.R.Tolkien
Questao
Questao
Farrista além das fronteiras da sanidade
Farrista além das fronteiras da sanidade

Mensagens : 28229
Data de inscrição : 12/06/2010
Idade : 39

http://www.anovatocadocoelho.blogspot.com

Ir para o topo Ir para baixo

Quando a educação falha Empty Re: Quando a educação falha

Mensagem por Goris Qui Nov 03, 2011 12:43 pm

Correto Questão.

Uau, pensa na história.

Em 2010 uma aluninha de 11 anos pergunta em sala de aula sobre frquencia sexual. Na verdade uma pergunta realmente complexa, afinal mentir e talz não é bom... Aí o professor libera a aula, que não era de biologia para todos aqueles alunos de 10 e 11 anos falarem sobre masturbação, sexo e talz. O professor se sente orgulhoso.

Semana seguinte, mostra pra essas crianças que a frequencia de sexo 3 vezes por semana é plenamente normal. A menininha olha pro namoradinho e depois olha de volta para o professor.

No ano seguinte, essa mesma aluna aparece grávida com 12 anos.

Oh, isso aconteceu por que tiraram o professor de matemática que falava sobre sexo e drogas melhor que os pais, pedagogos e professores de biologia!

Pobre professor, se ele tivesse ficado, nada disso teria acontecido.

Como disse o Questão, me lembrou daqueles colegas de faculdade que iam viajandões pra aula, cheios de droga na cabeça e tinham esse ideário libertário e vc ficava pensando "nossa, imagina esse cara dando aula? Ele não sabe nem a matéria direito...".


Não duvido que professores assim sejam queridos pelos alunos, mas será que o que eles ensinam é válido? Houve uma discussão sobre o que é válido e não válido ensinar naquela sociedade e momento específicos? Ou ele sem pensar nas consequencias saiu falando o que queria sem sequer se atentar?

Não curto o discurso "coitadinho de mim". Não achei legal a forma como ele agiu nem a idéia dele guiar o pensamento dos outros mostrando como os outros são atrasados, ele adiantado e que tudo deu errado depois que ele saiu.

Pra quem trabalha, sabe como são os colegas de serviço com esse discurso...
Goris
Goris
Farrista Cheguei até aqui. Problem?
Farrista Cheguei até aqui. Problem?

Mensagens : 4591
Data de inscrição : 15/06/2010
Idade : 49
Localização : Volta Redonda / RJ

Ir para o topo Ir para baixo

Quando a educação falha Empty Re: Quando a educação falha

Mensagem por Convidado Qui Nov 03, 2011 5:33 pm

O negócio é que às vezes a gurizada tá de sacanagem e se o professor é meio lento não percebe, acha que é sério. Eu não dou muita abertura para falar destes assuntos. Isso só tem chance de criar problema. Se tem orientadora na escola, ela que resolva. Comigo eles sabem que podem discutir política, religião, filmes, quadrinhos, etc. Assuntos mais pessoais eu encaminho para a orientadora e fim da história.

Convidado
Convidado


Ir para o topo Ir para baixo

Quando a educação falha Empty Re: Quando a educação falha

Mensagem por Convidado Qui Nov 03, 2011 9:30 pm

Goris escreveu:Sem fontes, teor injustiçado e esclarecido...

Será mesmo uma história real e isenta?

Po a fonte está ali, "calango injustiçado" Laughing e o texto é do cara que postou mesmo, e bem quanto a ser uma história real, tbm não sei, então não boto a minha mão no fogo por ele, mas como o Questão disse eu "conheço" ele, no sentido de conhecer pela net e talz, não que isso seja lá alguma coisa!XD

Mas na minha curta experiência de sala de aula, eu já me deparei com perguntas parecidas, veja bem professores de Biologia costuma receber esses pepinos!! Mas no meu caso foi uma turma de 2 ano do ensino médio. Acho que acontece com outros professores tbm, vou esperar eles darem mais opiniões aqui!Very Happy

Convidado
Convidado


Ir para o topo Ir para baixo

Quando a educação falha Empty Re: Quando a educação falha

Mensagem por Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo


 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos