"Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
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"Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da "invisibilidade pública". Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social
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O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são "seres invisíveis, sem nome".
Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da "invisibilidade pública", ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa.
Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R $ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida: "Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência", explica o pesquisador.
O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. "Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão", diz.
Apesar do castigo do sol forte, do trabalho pesado e das humilhações diárias, segundo o psicólogo, são acolhedores com quem os enxerga.. E encontram no silêncio a defesa contra quem os ignora.
DIÁRIO - Como é que você teve essa idéia?
Fernando Braga da Costa - Meu orientador desde a graduação, o professor José Moura Gonçalves Filho, sugeriu aos alunos, como uma das provas de avaliação, que a gente se engajasse numa tarefa proletária. Uma forma de atividade profissional que não exigisse qualificação técnica nem acadêmica. Então, basicamente, profissões das classes pobres.
Com que objetivo?
A função do meu mestrado era compreender e analisar a condição de trabalho deles (os garis), e a maneira como eles estão inseridos na cena pública. Ou seja, estudar a condição moral e psicológica a qual eles estão sujeitos dentro da sociedade. Outro nível de investigação, que vai ser priorizado agora no doutorado, é analisar e verificar as barreiras e as aberturas que se operam no encontro do psicólogo social com os garis. Que barreiras são essas, que aberturas são essas, e como se dá a aproximação?
Quando você começou a trabalhar, os garis notaram que se tratava de um estudante fazendo pesquisa?
Eu vesti um uniforme que era todo vermelho, boné, camisa e tal. Chegando lá eu tinha a expectativa de me apresentar como novo funcionário, recém-contratado pela USP pra varrer rua com eles. Mas, os garis sacaram logo, entretanto nada me disseram. Existe uma coisa típica dos garis: são pessoas vindas do Nordeste, negros ou mulatos em geral. Eu sou branquelo, mas isso talvez não seja o diferencial, porque muitos garis ali são brancos também. Você tem uma série de fatores que são ainda mais determinantes, como a maneira de falarmos, o modo de a gente olhar ou de posicionar o nosso corpo, a maneira como gesticulamos. Os garis conseguem definir essa diferenças com algumas frases que são simplesmente formidáveis.
Dê um exemplo?
Nós estávamos varrendo e, em determinado momento, comecei a papear com um dos garis. De repente, ele viu um sujeito de 35 ou 40 anos de idade, subindo a rua a pé, muito bem arrumado com uma pastinha de couro na mão. O sujeito passou pela gente e não nos cumprimentou, o que é comum nessas situações. O gari, sem se referir claramente ao homem que acabara de passar, virou-se pra mim e começou a falar: "É Fernando, quando o sujeito vem andando você logo sabe se o cabra é do dinheiro ou não. Porque peão anda macio, quase não faz barulho. Já o pessoal da outra classe você só ouve o toc-toc dos passos. E quando a gente está esperando o trem logo percebe também: o peão fica todo encolhidinho olhando pra baixo. Eles não. Ficam com olhar só por cima de toda a peãozada, segurando a pastinha na mão."
Quanto tempo depois eles falaram sobre essa percepção de que você era diferente?
Isso não precisou nem ser comentado, porque os fatos no primeiro dia de trabalho já deixaram muito claro que eles sabiam que eu não era um gari. Fui tratado de uma forma completamente diferente. Os garis são carregados na caçamba da caminhonete junto com as ferramentas. É como se eles fossem ferramentas também. Eles não deixaram eu viajar na caçamba, quiseram que eu fosse na cabine. Tive de insistir muito para poder viajar com eles na caçamba. Chegando no lugar de trabalho, continuaram me tratando diferente. As vassouras eram todas muito velhas. A única vassoura nova já estava reservada para mim. Não me deixaram usar a pá e a enxada, porque era um serviço mais pesado. Eles fizeram questão de que eu trabalhasse só com a vassoura e, mesmo assim, num lugar mais limpinho, e isso tudo foi dando a dimensão de que os garis sabiam que eu não tinha a mesma origem socioeconômica deles.
Quer dizer que eles se diminuíram com a sua presença?
Não foi uma questão de se menosprezar, mas sim de me proteger.
Eles testaram você?
No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca.. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: ´E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?´ E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.
O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?
Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar não senti o gosto da comida voltei para o trabalho atordoado.
E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?
Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.
E quando você volta para casa, para seu mundo real?
Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma coisa.
Reportagem de PLÍNIO DELPHINO.
Fonte: Facebook
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O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são "seres invisíveis, sem nome".
Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da "invisibilidade pública", ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa.
Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R $ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida: "Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência", explica o pesquisador.
O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. "Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão", diz.
Apesar do castigo do sol forte, do trabalho pesado e das humilhações diárias, segundo o psicólogo, são acolhedores com quem os enxerga.. E encontram no silêncio a defesa contra quem os ignora.
DIÁRIO - Como é que você teve essa idéia?
Fernando Braga da Costa - Meu orientador desde a graduação, o professor José Moura Gonçalves Filho, sugeriu aos alunos, como uma das provas de avaliação, que a gente se engajasse numa tarefa proletária. Uma forma de atividade profissional que não exigisse qualificação técnica nem acadêmica. Então, basicamente, profissões das classes pobres.
Com que objetivo?
A função do meu mestrado era compreender e analisar a condição de trabalho deles (os garis), e a maneira como eles estão inseridos na cena pública. Ou seja, estudar a condição moral e psicológica a qual eles estão sujeitos dentro da sociedade. Outro nível de investigação, que vai ser priorizado agora no doutorado, é analisar e verificar as barreiras e as aberturas que se operam no encontro do psicólogo social com os garis. Que barreiras são essas, que aberturas são essas, e como se dá a aproximação?
Quando você começou a trabalhar, os garis notaram que se tratava de um estudante fazendo pesquisa?
Eu vesti um uniforme que era todo vermelho, boné, camisa e tal. Chegando lá eu tinha a expectativa de me apresentar como novo funcionário, recém-contratado pela USP pra varrer rua com eles. Mas, os garis sacaram logo, entretanto nada me disseram. Existe uma coisa típica dos garis: são pessoas vindas do Nordeste, negros ou mulatos em geral. Eu sou branquelo, mas isso talvez não seja o diferencial, porque muitos garis ali são brancos também. Você tem uma série de fatores que são ainda mais determinantes, como a maneira de falarmos, o modo de a gente olhar ou de posicionar o nosso corpo, a maneira como gesticulamos. Os garis conseguem definir essa diferenças com algumas frases que são simplesmente formidáveis.
Dê um exemplo?
Nós estávamos varrendo e, em determinado momento, comecei a papear com um dos garis. De repente, ele viu um sujeito de 35 ou 40 anos de idade, subindo a rua a pé, muito bem arrumado com uma pastinha de couro na mão. O sujeito passou pela gente e não nos cumprimentou, o que é comum nessas situações. O gari, sem se referir claramente ao homem que acabara de passar, virou-se pra mim e começou a falar: "É Fernando, quando o sujeito vem andando você logo sabe se o cabra é do dinheiro ou não. Porque peão anda macio, quase não faz barulho. Já o pessoal da outra classe você só ouve o toc-toc dos passos. E quando a gente está esperando o trem logo percebe também: o peão fica todo encolhidinho olhando pra baixo. Eles não. Ficam com olhar só por cima de toda a peãozada, segurando a pastinha na mão."
Quanto tempo depois eles falaram sobre essa percepção de que você era diferente?
Isso não precisou nem ser comentado, porque os fatos no primeiro dia de trabalho já deixaram muito claro que eles sabiam que eu não era um gari. Fui tratado de uma forma completamente diferente. Os garis são carregados na caçamba da caminhonete junto com as ferramentas. É como se eles fossem ferramentas também. Eles não deixaram eu viajar na caçamba, quiseram que eu fosse na cabine. Tive de insistir muito para poder viajar com eles na caçamba. Chegando no lugar de trabalho, continuaram me tratando diferente. As vassouras eram todas muito velhas. A única vassoura nova já estava reservada para mim. Não me deixaram usar a pá e a enxada, porque era um serviço mais pesado. Eles fizeram questão de que eu trabalhasse só com a vassoura e, mesmo assim, num lugar mais limpinho, e isso tudo foi dando a dimensão de que os garis sabiam que eu não tinha a mesma origem socioeconômica deles.
Quer dizer que eles se diminuíram com a sua presença?
Não foi uma questão de se menosprezar, mas sim de me proteger.
Eles testaram você?
No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca.. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: ´E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?´ E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.
O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?
Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar não senti o gosto da comida voltei para o trabalho atordoado.
E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?
Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.
E quando você volta para casa, para seu mundo real?
Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma coisa.
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Fonte: Facebook
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Re: "Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
se fosse na federal daqui iam achar o cara insano uahuhaua
eu sempre pensei em fazer uma parada dessas,deve ser foda trocar de vida sabendo que vai voltar
eu sempre pensei em fazer uma parada dessas,deve ser foda trocar de vida sabendo que vai voltar
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"Seu verdadeiro lar está dentro do seu coração e continua com você onde quer que você vá; mas um lugar legal e aconchegante é um motivo maravilhoso para voltar para casa!"
-J.R.R.Tolkien
Re: "Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
Foi muito foda essa história...
Às vezes cumprimentar um ser invisível os deixa mais assustados ou curiosos, mas depois fica claro o quanto é bom para eles serem notados como pessoas.
A minha esposa tá sempre dizendo que eu tenho uma ótima propensão de notar e me comunicar com os seres invisíveis...
Mas às vezes eu também me torno invisível...
Às vezes cumprimentar um ser invisível os deixa mais assustados ou curiosos, mas depois fica claro o quanto é bom para eles serem notados como pessoas.
A minha esposa tá sempre dizendo que eu tenho uma ótima propensão de notar e me comunicar com os seres invisíveis...
Mas às vezes eu também me torno invisível...
ediv_diVad- Farrista além das fronteiras da sanidade
- Mensagens : 20441
Data de inscrição : 10/06/2010
Re: "Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
nem precisava de tanto pra perceber isso.
a sociedade já nos educa a não respeitarmos o sujeito que nos serve.
questionamos, ofendemos e até ignoramos quem na verdade faz o serviço sujo, porém indispensável para uma sociedade organizada.
a sociedade já nos educa a não respeitarmos o sujeito que nos serve.
questionamos, ofendemos e até ignoramos quem na verdade faz o serviço sujo, porém indispensável para uma sociedade organizada.
Re: "Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
Eu me sinto invisível muitas vezes... dói mesmo.
Certo dia, numa viagem que fiz para uma cidade histórica de Pernambuco, ao passar por um vila, que não estava incluída no roteiro, mas por complicações no trânsito tivemos que cruzá-la, uma velha senhora sentada à sua porta acenou um tchau, com um sorriso no rosto. Eu respondi, olhei e não vi ninguém respondendo... como eu poderia deixar aquela velha senhora sem um adeus?
Não estou aqui querendo me defender de toda essa hipocrisia, pois tal sentimento é incrustado na razão humana. Mas a sociedade classifica e nós, além de sermos classificados, também classificamos, não há como fugir.
Certo dia, numa viagem que fiz para uma cidade histórica de Pernambuco, ao passar por um vila, que não estava incluída no roteiro, mas por complicações no trânsito tivemos que cruzá-la, uma velha senhora sentada à sua porta acenou um tchau, com um sorriso no rosto. Eu respondi, olhei e não vi ninguém respondendo... como eu poderia deixar aquela velha senhora sem um adeus?
Não estou aqui querendo me defender de toda essa hipocrisia, pois tal sentimento é incrustado na razão humana. Mas a sociedade classifica e nós, além de sermos classificados, também classificamos, não há como fugir.
Mononoke Hime- Farrista "We are the Champions"
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Data de inscrição : 09/06/2010
Idade : 46
Localização : Floresta do Shishi-Gami
Re: "Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
Mononoke Hime escreveu:Eu me sinto invisível muitas vezes... dói mesmo.
Certo dia, numa viagem que fiz para uma cidade histórica de Pernambuco, ao passar por um vila, que não estava incluída no roteiro, mas por complicações no trânsito tivemos que cruzá-la, uma velha senhora sentada à sua porta acenou um tchau, com um sorriso no rosto. Eu respondi, olhei e não vi ninguém respondendo... como eu poderia deixar aquela velha senhora sem um adeus?
Não estou aqui querendo me defender de toda essa hipocrisia, pois tal sentimento é incrustado na razão humana. Mas a sociedade classifica e nós, além de sermos classificados, também classificamos, não há como fugir.
pois é eu sempre digo obrigado e converso com todo mundo,as vezes enchendo o saco,meu amigo ficou puto quando eu fiquei conversando sobre mitologia grega com o atendente da banca de revista,mas ele manjava e tambem tinha ficado p da vida com aquele filme chato para cacildis chamado imortais
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"Seu verdadeiro lar está dentro do seu coração e continua com você onde quer que você vá; mas um lugar legal e aconchegante é um motivo maravilhoso para voltar para casa!"
-J.R.R.Tolkien
Re: "Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
lembro que teve um estudo parecido faz alguns anos. Lembro pq o estudo me tocou mto e eu percebi que realmente passava direto e nem ligava. Aquilo me despertou mesmo, me senti mto mal, e desde que li sobre isso sempre que posso eu coverso com eles, dou bom-dia, ofereço água... são coisas que não deveriam ser tão dificeis né, deveria ser algo natural, tratar os outros bem. Deve ser realmente muito doloroso sofrer tanto preconceito.
Convidado- Convidado
Re: "Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
O cara ficou 8 (oito!!!!) anos fazendo mestrado???
Convidado- Convidado
Re: "Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
rodrigoleite escreveu:O cara ficou 8 (oito!!!!) anos fazendo mestrado???
fetiches de um trabalho bem feito,conheço gente que ficou 10 anos porque queria mostar uma visão desconhecida pela maioria
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"Seu verdadeiro lar está dentro do seu coração e continua com você onde quer que você vá; mas um lugar legal e aconchegante é um motivo maravilhoso para voltar para casa!"
-J.R.R.Tolkien
Re: "Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
Questao escreveu:rodrigoleite escreveu:O cara ficou 8 (oito!!!!) anos fazendo mestrado???
fetiches de um trabalho bem feito,conheço gente que ficou 10 anos porque queria mostar uma visão desconhecida pela maioria
Isso é.. se o trabalho está dando resultados...
Mas eu não ficaria muito tempo, um a dois ano estaria bom... 8 anos é uma vida.
Mononoke Hime- Farrista "We are the Champions"
- Mensagens : 7009
Data de inscrição : 09/06/2010
Idade : 46
Localização : Floresta do Shishi-Gami
Re: "Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
Mestrado se conclui entre 2 e 3 anos. Mais que isso é perda de tempo, no meu ver.Mononoke Hime escreveu:Questao escreveu:rodrigoleite escreveu:O cara ficou 8 (oito!!!!) anos fazendo mestrado???
fetiches de um trabalho bem feito,conheço gente que ficou 10 anos porque queria mostar uma visão desconhecida pela maioria
Isso é.. se o trabalho está dando resultados...
Mas eu não ficaria muito tempo, um a dois ano estaria bom... 8 anos é uma vida.
Essa teoria de "garis invisíveis" é antiiiiiiga, me lembro de criança (uns 10 anos atrás) ler algo parecido com isso numa revista. Passei a tratar garis e ambulantes com mais respeito.
Convidado- Convidado
Re: "Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
Sou da época de mestrado de 4 anos e doutorado de 2.
Victor Pax- Farrista já viciei...
- Mensagens : 4157
Data de inscrição : 05/07/2010
Re: "Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
Agora está mais fácil o contrário...Victor Pax escreveu:Sou da época de mestrado de 4 anos e doutorado de 2.
Convidado- Convidado
Re: "Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
Infelizmente... e o nível das pesqusias só vai caindo...
Victor Pax- Farrista já viciei...
- Mensagens : 4157
Data de inscrição : 05/07/2010
Re: "Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
Victor Pax escreveu:Infelizmente... e o nível das pesqusias só vai caindo...
Eu estudo na UERJ, meu professor de 1º período fez Mestrado em 2,5 anos e Doutorado em 3,5 (na Argentina).
Convidado- Convidado
Re: "Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
Legal.
Gostei.
Acho relevantíssimo sim.
Gostei.
Acho relevantíssimo sim.
Quero Café- Farrista "We are the Champions"
- Mensagens : 7858
Data de inscrição : 12/06/2010
Localização : Às vezes em Marte, às vezes no espaço sideral
Esse texto me lembrou esse vídeo
Tem a cena dos garis invisíveis, apenas os uniformes e vassouras varrendo a rua.
Realmente a invisibilidade social é um dos aspectos mais tristes da sociedade.
zkrk- Farrista desafio aceito!
- Mensagens : 3093
Data de inscrição : 01/07/2010
Re: "Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"
Pô, 8 anos "fingindo", OK...
Lembrei daquela cena de Trovão Tropical, onde o personagem do Robert Downey diz pro do Ben Stiller que ele "mergulhou demais" no personagem retardado. ..
Lembrei daquela cena de Trovão Tropical, onde o personagem do Robert Downey diz pro do Ben Stiller que ele "mergulhou demais" no personagem retardado. ..
Phanthasmo- Arrafista estou adorando esse lugar
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Data de inscrição : 19/07/2010
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