Grupo em rede social expõe problemas da capital baiana através do Google Street View

Entulhos, lixo pelas ruas, uso de drogas à luz do dia, prédios históricos mal conservados. Imagens da Salvador que não aparecem nos postais ganharam o mundo depois da abertura, terça-feira passada, das imagens da capital baiana no Google Street View, sistema de mapeamento panorâmico do Google.

Pensando em engrossar a discussão sobre essas questões, o publicitário soteropolitano Leonardo Souza criou um grupo na rede social Facebook, na quarta-feira, chamado A Salvador que o Google Viu.

Na página, os participantes postam fotos e fazem comentários. O que chama atenção é que a maioria das imagens postadas mostra os problemas da cidade.

Como todas as fotos disponíveis no Google Street View foram captadas em dezembro do ano passado, o CORREIO foi até alguns pontos indicados pelos membros do grupo da rede social para averiguar se houve alguma mudança nos cenários. Não houve.

Para o urbanista e professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) Luís Antônio Souza, as imagens que agora circulam na internet só refletem um problema de gestão.

“As fotos apenas mostram uma gestão descompromissada e uma cidade segregada. Não são problemas que demandam uma apreciação longa pra buscar uma solução. Há quantos anos o Corpo de Bombeiros tá escorado? Escorar um prédio não resolve o problema. São nove meses desde que tiraram as fotos, mas os problemas estão aí há muito mais tempo”, avalia.

Os órgãos responsáveis por cada problema flagrado pelo Google informaram que estão trabalhando para solucionar cada questão.

No caso do lixo, por exemplo, a Empresa Baiana de Limpeza Urbana (Limpurb) informa que 64% da capital é atendida com a coleta diária e 36% em dias alternados.

Rua do Leblon, Massaranduba
A cidade é Salvador, mas a rua é do Leblon, em Massaranduba. O cenário, porém, é muito menos sofisticado do que o nome sugere. São pelo menos 20 metros tomados por um monte de entulho na frente de um cenário que tinha tudo para estar bem mais bonito. Além do resto de material de construção, há muito lixo espalhado, deixando o mau cheiro no ar.

“Já tem mais de três anos esse entulho aí. A prefeitura vem, apanha a metade e larga a outra”, afirma o pedreiro Dermeval Almeida Rebouças, 52, que mora na rua. Segundo os moradores, o descarte de entulho é feito durante a noite. “Chega a caçamba, joga e vai embora”, conta o autônomo Miguel de Jesus, 47.

De acordo com a Limpurb, no dia 10 de agosto foram recolhidas 100 toneladas de entulho na Rua Leblon. O órgão enfatiza que o acúmulo ocorre por conta da ação de caçambas, caminhões e caminhonetes, oriundos de vários pontos da cidade. “Apesar de várias campanhas de conscientização, as pessoas continuam descartando indevidamente os entulhos em toda a cidade”, informa o órgão em nota.


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Praia de Amaralina
O CORREIO não encontrou o esgoto sendo despejado na areia da praia de Amaralina, flagrante que o Google fez em dezembro. Por outro lado, ontem havia muito lixo na areia. De acordo com informações da Embasa, a rede coletora de esgotamento sanitário da região está em condições normais.


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Criador do grupo aposta em cidadania
Com espírito de cidadania e boas doses de bom humor, o publicitário Leonardo Souza, 36 anos, resolveu criar o grupo A Salvador que o Google Viu, no Facebook. Ele se inspirou na matéria de capa do CORREIO da quarta-feira, dia 15, mostrando alguns flagrantes feitos na capital baiana pelo sistema do portal americano. Até a noite de ontem, o grupo já contava com mais de 5.900 membros.

“Vi pessoas postando e pensei: Por que não concentrar e mostrar?”, comenta o publicitário. Leo Pirão, como é conhecido nas redes socoais, acha que o grupo faz com que as denúncias em forma de imagens não se percam na rede. “Todos sabem que Salvador não vive seus melhores momentos”, avalia.

Com a repercussão, Leonardo já foi até convidado por uma agência de comunicação do Rio para falar sobre a mídia espontânea que gerou. Leonardo faz parte do Movimento de Apoio Independente a Salvador (Mais) e disse ter encontrado no Facebook um gancho para discussões. “O foco é promover a cidadania e conscientizar as pessoas”.


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E o governo reclama:


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