Imagens Inusitadas

Jamm escreveu:

Gregor Sansa escreveu:
Suponho que você tenha se referindo a mim quando citou a frase "Eu até concordo com algumas ideias dele." atribuída a um farrista anônimo porque me recordo de ter dito algo semelhante.
Caso tenha tido essa intenção, não o repreendo porque não me pareceu que tenha procedido desse modo com a intenção de ofender. Por isso, você o fez atribuindo a citação a um farrista anônimo num contexto em que seria difícil saber quem escreveu tal frase. Nem eu mesmo sei se fui eu já que estou a supor que tenha sido e nem sei se a citação está precisa. Há de se concordar que depois de mais de seis mil mensagens é difícil lembrar tudo o que escrevi por aqui. Mas digo sim que é possível que tenha dito algo semelhante porque eu realmente concordo com algumas ideias do político em questão. Faço questão de frisar: “algumas”.
Digo que você não fez mal em atribuir a frase a um “farrista anônimo”, eu também o faria, mas acrescento que nesse caso poderia ter feito uma referência às claras. Não me importaria com isso nesse caso.
Essa suposta referência a mim, entretanto, faz-me sentir incitado a dar uma resposta.
Vamos lá.
Concordar com “algumas ideias dele” não significa em hipótese nenhuma apoiar o assassinato desse adolescente (aliás, qual é a fonte da notícia?) por qualquer motivo que seja e não significa apoiar o assassinato de qualquer outro adolescente por qualquer motivo que seja e não só não significa apoiar esse assassinato como não significa apoiar qualquer outro assassinato por qualquer motivo que seja.
Será que o próprio Bolsonaro apoiaria esse assassinato tal como descrito nesse quadro? É bem provável que não.
Repare também que concordar com algumas ideias não significa de modo algum concordar com todas. É preciso atentar quantos às peculiaridades semânticas dos operadores lógicos “todos”, “alguns” e “nenhum”.
Não concordo com todas as ideias do político em questão e sim concordo com algumas delas.
Não concordo em absoluto, por exemplo, com essa ideia desse quadro. Aliás, acho-a de uma estupidez fenomenal.
Não vou dizer com quais outras ideias desse político concordo ou não porque não vem ao caso.
Mas acho também que alguém que discorde sem mais de qualquer ideário de uma figura política de oposição a suas ideias não está, digamos por ora, correto. Seria isso muito avançado?
Resposta feita.
Quero agora passar a uma pequena análise mais ou menos desordenada do texto desse quadro complementada por reflexões aqui e acolá porque o caso como um todo chamou minha atenção não por causa do Bolsonaro ou por causa da homofobia, mas por causa de boas reflexões que se podem fazer relacionadas à língua, linguagem, língua portuguesa, interpretação de texto, ideários, mídia e outros.
Para fazer uma crítica a uma proposição, é preciso distinguir bem a que gênero, chamemos assim por ora, de discurso ela pertence. O texto do quadro diz que Bolsonaro "manda" na citação recolhida, mas a mesma não é de modo algum um apelo, pedido, ordem, exortação, conclamação, incitação ou qualquer outra coisa do gênero. Note-se a completa ausência de verbo no imperativo no excerto, de qualquer outro recurso textual que o equivalha e de qualquer situação contextual que permita inferir que foi dito algo que faça parte do que foi chamado por ora de gênero textual com aquelas características. Trata-se, na verdade, de uma descrição de supostas situações de fato e de supostas relações de causa e efeito ainda que se possa argumentar que elas estejam sumamente equivocadas.
Além disso, o texto estabelece um nexo causal entre a proposição do Bolsonaro e o assassinato do rapaz pelo tio supostamente motivado por homofobia. Sinceramente, não pude ainda encontrar tal nexo que é fundamental para a eficácia da mensagem que se pode inferir que esse quadro pretenda mostrar.
Afora isso, o texto do quadro não é bom.
Gostaria agora de proceder a um pequeno aprimoramento desse texto por amor ao apuro da linguagem e ao que penso que seja uma utilização mais aprimorada da língua portuguesa, mas ressalto que não pretendo aderir, recusar, propagar ou fazer coisas coisa do gênero com a mensagem do texto. Pretendo somente reescrevê-lo sem acrescentar ou retirar nada dele o que alias seria proveitoso. Deixo aos possíveis leitores o julgamento a respeito da eficácia das modificações. Ressalto também que as palavras desse segundo texto modificado não representam ou deixam de representar minhas palavras. Esse segundo texto não possui a menor relação com o que penso ou deixo de pensar sobre esse assunto ou qualquer outro. Também não pretendo que essa modificação seja a melhor versão possível para esse texto, mas pretendo sim que seja uma versão mais apurada que a versão original.
Eis o texto reestruturado:
"Bolsonaro manda que pais deem uma surra em seus filhos para que eles não se tornem gays: "o filho quando começa a ficar meio gayzinho, leva um coro e ele muda o comportamento." Resultado: Rafael, adolescente de quatorze anos, foi morto pelo tio a pauladas e ainda teve o crânio esmagado por um bloco de concreto. O assassinato foi motivado pelo fato de o tio não aceitar a orientação sexual do adolescente que apresentava modos efeminados. O tio, que vivia na mesma casa da vítima, implicava constantemente com os modos do adolescente."
Algumas pequenas justificativas para as modificações:
. Prefiro não refletir sobre os detalhes a respeito de pauladas e pedradas do caso até porque seriam necessários mais elementos a respeito do que foi ocorrido, mas uma análise mais ou menos lógica poderia até ser feita a esse trecho do texto.
. Não está errado utilizar orações reduzidas de infinitivo, mas por opção pessoal prefiro utilizar orações desenvolvidas em casos como esse porque fica mais elegante e porque as orações reduzidas podem levar facilmente a problemas e até porque às vezes é difícil saber se é melhor utilizar o infinitivo flexionado ou o não flexionado.
. Palavras estrangeiras devem estar destacadas.
. Alguns neologismos ficam melhores destacados.
. A expressão "de x anos" parece muito lacônica sem um complemento como "jovem", "adolescente", "rapaz", "senhor", "pessoa" ou qualquer outra forma de identificação do gênero.
. É mais correto chamar a um jovem de quatorze anos de "adolescente" que de "menino".
. É preferível colocar num texto escrito um numeral cardinal a escrever um símbolo matemático, embora a segunda opção não esteja incorreta.
. Há um nexo causal entre a intolerância do tio quanto aos modos do adolescente e o assassinato do rapaz pelo parente (assim diz o texto) que fica melhor posto explicitamente que deixado à inferência a partir do contexto.
. A suposta orientação sexual referida no texto é do adolescente por isso deve ser explicitamente referida a ele.
. É proveitoso concatenar as ideias de um textos com uma diversidade de recursos sintáticos maiores que orações coordenadas aditivas e orações subordinadas adjetivas.
. É melhor partir o texto que ficar juntando um monte de informações mais ou menos desconexas com "e".
. A palavra é "efeminado" e não "afeminado".
Poderia fazer mais observações, mas ficaria maçante.
Espero que eu mesmo não tenha cometido outros erros ao fazer observações.
Gostaria que alguém os apontasse para mim caso eu tenha cometidos erros.
Se alguém quiser fazer observações ao que postei, fique á vontade.
Depois de escrever tudo isso, ocorreu-me procurar pela notícia na internet. Há algumas diversas versões para o caso.
Será que foi mesmo um crime motivado por homofobia? Até que ponto há elementos homofóbicos e elementos não homofóbicos? Deixo aos possíveis leitores a resposta a essas questões caso lhes interesse.
Por que escrevi tudo isso?
O caso chamou minha atenção não por caso do Bolsonaro ou por causa da homofobia, mas por análise textual, midiática e de ideários da sociedade moderna como já escrevi.
Vou deixar mais uma pergunta um tanto lacônica.
Não está faltando um pouco mais de rigor?

Então, vamos lá.


Há tempos, eu não acessa o todo do fórum,mas fazendo uma contagem rápida dos usuários ativos deste universo farrista, me tire uma dúvida: Tu és o Hal?

Bem, devo admitir que o meu comentário ao usuário indeterminado, era pro Questão ele que me lembro de ter visto certa vez, falar isso.

Se você o fez, eu não vi na época senão teria feito a catalogação nos meu alfarrábios e acervo digital, para este momento de paridade com o nexo causal bolsorarista   do meme.

Obrigado por este pontuamento gramatical que fizestes a seguir (é pra toda vida em nossa magnífica língua e, muito mais fortuito em tempos de concursos e assuntos contemporâneos) não me recordava:

. A palavra é "efeminado" e não "afeminado".

Jamm escreveu:[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]

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