Parábola dos cegos: metáfora de uma humanidade
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Parábola dos cegos: metáfora de uma humanidade
Parábola dos cegos: metáfora de uma humanidade
Voltaire Schilling
22 FEV 2016 16h00 atualizado às 16h00
Parece ser ainda costume entre artistas, escultores ou pintores deixar a parte final do seu trabalho para um aprendiz ou a um filho que siga a mesma profissão do pai. Assim se deu com a famosa tela do flamengo Bruegel, o Velho, intitulada a ‘Parábola dos Cegos’, concluída pelo seu jovem rebento, Jan, em 1568.
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C. Baudelaire - La parabole des aveugles
Foto: Divulgação
A obra não é mais do que uma dolorosa metáfora de uma humanidade trôpega e hesitante que não tem nenhuma ideia do que o destino lhe reserva. Nem onde está nem para onde vai como tantas vezes assegurou Schopenhauer. São seis figuras miseráveis em roupas remendadas, apoiadas em longos cajados que servem somente para evitar que desabem, mas que de nada servem para orientar-lhes o caminho adiante. Seria a poderosa e patética imagem também uma crítica aos líderes ou profetas que, desatinados, como tantos que existiram nos derradeiros séculos, levaram as multidões ao abismo?
E que perfeita metáfora da situação do Oriente Médio dos dias de hoje, onde os cegos da região, caminhando numa senda histórica começam a desabar um a um, desde que o primeiro resvala e tomba de costas, arrastando os demais levantinos às guerras, à destruição e sofrimento como há séculos não se via! Executam, ainda que sem o saber, a bela, mas terrível ‘Sonata Trilha do Demônio’ de Giuseppe Tartine.
Mesmo quando procuram ampararem-se uns nos outros, seus pavorosos glóbulos sem cor alguma e que de nada servem não miram a terra, mas sim o céu, como se a solução para a tragédia em que se empenham em piorar viesse das moradas divinas. Sunitas contra xiitas; seculares, contra ortodoxos; militares contra civis; curdos contra todos, rivalizando-se em quem melhor se concentra em matar, explodir ou mutilar com mais intensidade o seu irmão muçulmano, ou de seita inimiga.
A parábola dos cegos
Contempla-os, ó minha alma; eles são pavorosos!
Iguais aos manequins, grotescos, singulares,
Sonâmbulos, talvez, terríveis se os olhares,
Lançando não sei de onde os globos tenebrosos.
Cruzam assim o eterno escuro que os invade,
Esse irmão do silêncio infinito/Digo: que buscam estes cegos ver no Céu?
(C.Baudelaire - La parabole des aveugles)
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Voltaire Schilling
22 FEV 2016 16h00 atualizado às 16h00
Parece ser ainda costume entre artistas, escultores ou pintores deixar a parte final do seu trabalho para um aprendiz ou a um filho que siga a mesma profissão do pai. Assim se deu com a famosa tela do flamengo Bruegel, o Velho, intitulada a ‘Parábola dos Cegos’, concluída pelo seu jovem rebento, Jan, em 1568.
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C. Baudelaire - La parabole des aveugles
Foto: Divulgação
A obra não é mais do que uma dolorosa metáfora de uma humanidade trôpega e hesitante que não tem nenhuma ideia do que o destino lhe reserva. Nem onde está nem para onde vai como tantas vezes assegurou Schopenhauer. São seis figuras miseráveis em roupas remendadas, apoiadas em longos cajados que servem somente para evitar que desabem, mas que de nada servem para orientar-lhes o caminho adiante. Seria a poderosa e patética imagem também uma crítica aos líderes ou profetas que, desatinados, como tantos que existiram nos derradeiros séculos, levaram as multidões ao abismo?
E que perfeita metáfora da situação do Oriente Médio dos dias de hoje, onde os cegos da região, caminhando numa senda histórica começam a desabar um a um, desde que o primeiro resvala e tomba de costas, arrastando os demais levantinos às guerras, à destruição e sofrimento como há séculos não se via! Executam, ainda que sem o saber, a bela, mas terrível ‘Sonata Trilha do Demônio’ de Giuseppe Tartine.
Mesmo quando procuram ampararem-se uns nos outros, seus pavorosos glóbulos sem cor alguma e que de nada servem não miram a terra, mas sim o céu, como se a solução para a tragédia em que se empenham em piorar viesse das moradas divinas. Sunitas contra xiitas; seculares, contra ortodoxos; militares contra civis; curdos contra todos, rivalizando-se em quem melhor se concentra em matar, explodir ou mutilar com mais intensidade o seu irmão muçulmano, ou de seita inimiga.
A parábola dos cegos
Contempla-os, ó minha alma; eles são pavorosos!
Iguais aos manequins, grotescos, singulares,
Sonâmbulos, talvez, terríveis se os olhares,
Lançando não sei de onde os globos tenebrosos.
Cruzam assim o eterno escuro que os invade,
Esse irmão do silêncio infinito/Digo: que buscam estes cegos ver no Céu?
(C.Baudelaire - La parabole des aveugles)
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Quero Café- Farrista "We are the Champions"
- Mensagens : 7858
Data de inscrição : 12/06/2010
Localização : Às vezes em Marte, às vezes no espaço sideral
Re: Parábola dos cegos: metáfora de uma humanidade
Gostei do texto, da imagem e do poema.
Tudo muito bem escolhido.
Tudo muito bem escolhido.
Quero Café- Farrista "We are the Champions"
- Mensagens : 7858
Data de inscrição : 12/06/2010
Localização : Às vezes em Marte, às vezes no espaço sideral
Re: Parábola dos cegos: metáfora de uma humanidade
Muito bom!
Gosto muito das obras do Pieter Brueghel, nessa aqui, "Provérbios Flamencos", ele também colocou essa de um cego guiando outro (vou deixar pra galera encontrar, tipo um "Onde está Wally"):
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Gosto muito das obras do Pieter Brueghel, nessa aqui, "Provérbios Flamencos", ele também colocou essa de um cego guiando outro (vou deixar pra galera encontrar, tipo um "Onde está Wally"):
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ediv_diVad- Farrista além das fronteiras da sanidade
- Mensagens : 20441
Data de inscrição : 10/06/2010
Re: Parábola dos cegos: metáfora de uma humanidade
A resposta e significado de cada provérbio:
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ediv_diVad- Farrista além das fronteiras da sanidade
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Data de inscrição : 10/06/2010
Re: Parábola dos cegos: metáfora de uma humanidade
Pô! legal, heim.
Não achei o tal cego.
Não achei o tal cego.
Quero Café- Farrista "We are the Champions"
- Mensagens : 7858
Data de inscrição : 12/06/2010
Localização : Às vezes em Marte, às vezes no espaço sideral
Re: Parábola dos cegos: metáfora de uma humanidade
Tão láá no último plano... número 117.Diógenes Laércio escreveu:Pô! legal, heim.
Não achei o tal cego.
ediv_diVad- Farrista além das fronteiras da sanidade
- Mensagens : 20441
Data de inscrição : 10/06/2010
Re: Parábola dos cegos: metáfora de uma humanidade
Só.
Valeu.
Bem mocosado, heim.
Valeu.
Bem mocosado, heim.
Quero Café- Farrista "We are the Champions"
- Mensagens : 7858
Data de inscrição : 12/06/2010
Localização : Às vezes em Marte, às vezes no espaço sideral
Re: Parábola dos cegos: metáfora de uma humanidade
Muito. Um "Onde está Wally" medieval.Diógenes Laércio escreveu:Só.
Valeu. Bem mocosado, heim.
ediv_diVad- Farrista além das fronteiras da sanidade
- Mensagens : 20441
Data de inscrição : 10/06/2010
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