Após comentários sobre estupro, estúdio rompe com desenhista ...

Chiaroscuro Studios no último sábado (28). A decisão foi tomada pela empresa e explicitada em sua página no Facebook, sem, entretanto, citar o nome do artista.

A atitude foi motivada pela repercussão negativa de um comentário de Goldman sobre um caso de estupro relatado pela imprensa brasileira e internacional na semana passada: uma jovem de 16 anos foi violentada, alegadamente, por 33 homens em uma favela no Rio de Janeiro. O ato foi gravado e divulgado em vídeo pela internet na última quinta (26). Na sexta, dia 27 de maio, Allan divulgou o seguinte texto em seu perfil no Facebook:
A postagem, agora apagada, suscitou centenas de comentários, que mesclavam posições contrárias e de apoio à declaração do artista. No dia seguinte, a decisão da Chiaroscuro se tornou de conhecimento público.

A empresa é agenciadora de vários talentos, tanto brasileiros como estrangeiros, no mercado de quadrinhos dos EUA junto a grandes editoras, como Ivan Reis (Aquaman, Rebirth), Eddy Barrows (Detective Comics), Adriana Melo (Aves de Rapina), Andrei Bressan (Birthright), Diógenes Neves (Cavaleiros do Demônio), Paulo Siqueira (Titans Hunt), entre outros. Juntamente com o site de entretenimento Omelete, a Chiaroscuro também organiza a Comic Con Experience (CCXP) desde 2014, em São Paulo.

A mensagem da Chiaroscuro publicada no sábado foi a seguinte:
Chiaroscuro Studios
há ± 2 semanas
Aos nossos fãs e amigos,
O mais recente caso de violência contra a mulher nos encheu de tristeza e indignação.
Cabe a nós defender, valorizar e apoiar as mulheres, a comunidade LGBT e todas as minorias e causas que representam uma luta pela justiça, liberdade e igualdade, que entendemos como questões que são mais profundas que a simples polarização política..
A postagem não explica se o contrato de agenciamento foi rompido apenas com Allan Goldman, já que são mencionados “artistas”, no plural.

Em nota divulgada no jornal O Globo no domingo (29), Allan alegou estar sendo censurado:

Estou sendo vítima de censura. Se você ler meu post, verá que não faço apologia à violência muito menos ao estupro. Aliás, o estupro nem era o objeto do meu questionamento. Eu fiz uma crítica à ideologia de gênero. Levantei uma questão sobre a relativização moral e judicial que poderiam advir da ideologia de gênero.

Insinuar que eu fiz apologia à violência ou ao estupro é de uma má-fé tremenda. O que acontece é que estou sendo vitimado por uma gangue de “Social Justice Warriors” que não sabem lidar com a opinião alheia, agridem seus opositores da maneira mais baixa e vil possível. No fim o fato de eu ter sido alvo dessa gangue é por causa do meu posicionamento de direita, contra a ideologia de gênero, o socialismo e por eu defender abertamente o candidato à presidência Jair Bolsonaro, que os esquerdistas tanto odeiam.

Aos montes de militantes de esquerda que não sabem o significado de democracia e tentaram me prejudicar fazendo lobby para que eu fosse demitido, digo que fiquem tranquilos, pois a Chiaroscuro representava apenas uma parte menor dos meus trabalhos e eu continuarei conseguindo me sustentar sem a ajuda do Deus Estado que eles tanto amam.

Outros agenciados pela Chiaroscuro também se manifestaram sobre o caso. Eddy Barrows declarou, no final da noite de domingo (29), em sua conta no Facebook, que discordou do aspecto público da cessação da prestação de serviços por parte da empresa, citando os nomes dos sócios do estúdio, Ivan Freitas da Costa e Joe Prado. A postagem, curta, teve elogios e críticas. Mas colegas de trabalho, como Cris Bolson, apoiaram a iniciativa da Chiaroscuro, discordando do comentário, também público, de Barrows. Cerca de uma hora após a publicação, o post foi apagado.

Procurados pelo Terra Zero, representantes da Chiaroscuro Studios não quiseram tecer comentários adicionais sobre o caso. Goldman, por sua vez, prontificou-se a responder algumas das perguntas que fizemos sobre o episódio.

Terra Zero: Além do trabalho que existia com a Chiaroscuro, quais são suas outras iniciativas, citadas em seus comentários posteriores?

Allan Goldman: Na verdade, meus trabalhos permaneceram praticamente intactos. A maioria dos clientes de artes comissionadas, que eu fazia pela agência, já haviam trabalhado diretamente comigo antes e já se dispuseram a continuar, apesar dessa polêmica. E o meu maior trabalho atualmente era produzindo títulos para uma editora chamada Red Anvil Comics e, da mesma forma, o editor me deu total respaldo após o episódio.

Você se sente mal interpretado? Se sim, há algo de diferente que você acha que poderia ter dito, para deixar a questão mais clara?

Não foi má interpretação, foi má-fé mesmo. Qualquer pessoa com o mínimo de entendimento perceberá que o caso da menina nem era o objeto do meu questionamento. Eu fiz uma crítica irônica à ideologia de gênero, à qual eu sou totalmente opositor. O que acontece é que fui deliberada e massivamente atacado, verbal e moralmente, por um grupo radical de esquerda, que já não gostava dos meus posicionamentos de direita e do fato de eu apoiar publicamente o [pré-]candidato à presidência Jair Bolsonaro. Em momento nenhum fiz apologia ao estupro ou à violência, isso foi só um pretexto para calar uma pessoa que se opõe às pautas progressistas.

Você gostaria de deixar uma mensagem aos leitores do Terra Zero sobre o caso?

Aos leitores do Terra Zero que são de direita, ou que, mesmo sendo de esquerda, sabem respeitar a opinião adversa e gostem do meu trabalho, continuem ligados no meu Facebook e blogue, que tem muito material novo vindo por aí!