Mais uma obra de Monteiro Lobato é alvo de denúncia por racismo

Depois de “Caçadas de Pedrinho”, outra obra do escritor Monteiro Lobato é alvo de denúncia. O livro de contos “Negrinha”, adquirido pelo MEC (Ministério da Educação) por meio do Programa Nacional Biblioteca na Escola, também foi considerado racista e sexista pelos mesmos autores da ação contra "Caçadas de Pedrinho", que pedem agora que a CGU (Controladoria Geral da União) investigue a aquisição da obra.

A ação administrativa foi protocolada nesta terça-feira (25) e é assinada por Antonio Gomes da Costa Neto e Elzimar Maria Domingues, mestres em educação, e por Humberto Adami, advogado do Iara (Instituto de Advocacia Racial e Ambiental).

“‘Negrinha’ foi adquirida entre 2009 e 2010 e tem uma nota de apresentação que diz que esse conto afasta a injúria de que Monteiro Lobato seria racista, quando, na verdade, o que vemos é o contrário. A nota é ruim e demonstra a falta de cuidado que o MEC está tendo com o assunto. As obras estão sendo adquiridas sem estar de acordo com a legislação”, afirmou Adami.

Segundo Adami, se a CGU concluir que obra está em desacordo com o programa, ela não pode circular nas escolas. “É preciso verificar se a aquisição cumpriu os termos da legislação específica do programa, que diz que as obras selecionadas não podem apresentar estereótipos e preconceitos”, disse o advogado.

A assessoria de imprensa da CGU confirmou o recebimento da denúncia e informou que a matéria foi encaminhada às áreas técnica e jurídica para um primeiro exame. O MEC disse que ainda não foi notificado da ação.
"Negrinha"

Confira a apresentação da personagem título do conto "Negrinha": "Negrinha era uma pobre órfã de 7 anos. Preta? Não, fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. (...) O corpo de Negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes, vergões. Batiam nele os da casa todos os dias, houvesse ou não motivo."



http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/09/25/mais-uma-obra-de-monteiro-lobato-e-alvo-de-denuncia-por-racismo.htm

A era do Politicamente correto.

Se há uma legislação tem de ser respeitada, ela não foi, por isso do furdúncio.

Ô mania de procurar pelo em ovo para angariar a fama de "coitadinho e desamparado".

Melhorar o nível cultural e educacional deusmelivre, mas passar uma lupa por obras passadas para se fazer de pobrezinho.... daqui a pouco começa o mimimi pelos livros de história terem trechos sobre a escravidão ou querer processar o Globo por exibir o sitio do picapau amarelo pela Tia Nastácia e o Tio Barnabé serem empregados e não os donos do sítio (fora o fato de ter um saci, personagem possivelmente logo proibido legalmente de ser mencionado).

VÃO TRABALHAR... OU PELO MENOS ESTUDAR... E PAREM DE FICAR SE FAZENDO DE VÍTIMAS E MEREÇAM O RESPEITO AO INVÉZ DE EXIGI-LO.

Mês passado assisti a palestra da pessoa responsável por colocar Caçadas de Pedrinho na justiça. Ela é super coerente e em momento nenhum seu desejo era proibir ou censurar o livro. Isso foi manipulação da mídia pra criar polêmica. No livro, na primeira página é dado uma atualização que fala sobre os mal tratos dos animais que era visto como comum na época, mas hoje não é. A proposta da banca era indagar porque na nota não é colocado também a questão racial. Como se chamar um negro de macaco fosse ainda hoje algo natural que não merecesse nota de explicação. Em resumo, o processo não visava proibir o livro e sim simplesmente colocar uma nota explicativa em seu início pra tratar sobre o tema racismo que na obra lançada não tem.

Após assistir tal palestra achei a proposta da adivogada super coerente. Nada a ver com censura ou politicamente correto já que ninguém seria impedido de ler nada.

Por exemplo, um livro de Lovecraft que comprei recentemente tem como nota de rodapé falando sobre o racismo do autor. O livro não foi editado, nem censurado. A obra tá completa pra quem quiser ler e foi colocado um adendo pra quem lesse não achasse que chamar negros e indios de incultos (coisa que o autor faz direto) fosse natural.

Como se chamar um negro de macaco fosse ainda hoje algo natural que não merecesse nota de explicação.

Se precisa de explicação para qualquer um que ler não notar que é errado.....

Aliás... ainda bem que na área de educação (fora outras) nada mais precisa de empenho ou melhoria.

Proponho que entremos na justica para enquadramos o livro "Otelo", afinal não tem nenhuma nota dizendo que não se deve matar a esposa por suspeita de adulterio.

Alias considerar que precisa de notas para que as pessoas percebam o que lêm e que não levem textualmente uma generalização/esteriótipo é bem dessa geração incapaz de interpretar um texto.

E para mim um exemplo vale mais que mil palavras e não vejo essas atitudes ou posturas expresas nos livros criticados nos afrodescendetes que conheço, aliás, imagino a nota: “Apesar do texto se referir aos afrodescendentes como pessoas ignorantes, indolentes, brutos e outras definições depreciativas elas não correspondem à verdade.... por mais difícil que possa parecer, acredite em nós”.

Para mim essas notas tem o efeito totalmente oposto.

Quem leu "O Choque" (posteriormente rebatizado para "O Presidente Negro", um nome péssimo que é um spoiler do final e que só serve para vender mais livros) tem certeza que o Monteiro Lobato era racista. Mas concordo com o Victor, o alvo das preocupações não deveria ser com o conteúdo da obra em si, mas com a maneira como os educadores trabalham isso em sala de aula. A leitura desse livro, pode ser por exemplo, uma oportunidade para contextualizá-lo historicamente e iniciar um debate com os alunos sobre a escravidão no Brasil e os efeitos que até hoje são sentidos, como por exemplo o racismo... Mas como a quantidade de professores do ensino fundamental mal preparados é enorme, é mais fácil colocar uma nota ou uma tarja no livro do que capacitar os professores adequadamente...

ghmartins escreveu:

Quem leu "O Choque" (posteriormente rebatizado para "O Presidente Negro", um nome péssimo que é um spoiler do final e que só serve para vender mais livros) tem certeza que o Monteiro Lobato era racista. Mas concordo com o Victor, o alvo das preocupações não deveria ser com o conteúdo da obra em si, mas com a maneira como os educadores trabalham isso em sala de aula. A leitura desse livro, pode ser por exemplo, uma oportunidade para contextualizá-lo historicamente e iniciar um debate com os alunos sobre a escravidão no Brasil e os efeitos que até hoje são sentidos, como por exemplo o racismo... Mas como a quantidade de professores do ensino fundamental mal preparados é enorme, é mais fácil colocar uma nota ou uma tarja no livro do que capacitar os professores adequadamente...

Concordo.

Essa história com o Monteiro Lobato já está virando bullying.

Nota obrigatória: Embora na história os mafiosos sejam italianos, o povo desse país não é uma imensa organização criminosa, são pessoas pacíficas que não resolvem seus problemas em emboscadas regadas a sangue e tiros.



Nota obrigatória: Embora na história muitos franceses se mostrem avarentos, egoístas, brutais e gananciosos os franceses não o são em sua maioria assim e os personagens representam apenas facetas que o autor levanta para conduzir a narrativa.



Nota obrigatória: Apesar do exposto no livro reis e nobres não são sinônimos de tiranos brutais e impiedosos, da mesma forma nem todos os pioneiros das prisões eram inocentes príncipes herdeiros.

Estranho né!
Para vermos como são importantes essas notas.

Mas realmente Monteiro Lobato era racista (até um pouco mais que os demais de sua época), mas, por exemplo, nos livros do sítio do picapau amarelo as passagens racistas provinham da personagem Emilia, que convenhamos está BEM longe de ser considerada exemplo mínimo de conduta (para mim inclusive é bem claro o papel dela de vilâ enrustida nas histórias).
Considerar que qualquer pessoa levaria como verdade ou a sério qualquer manifestação vinda deste personagem levanta sérias dúvidas da consideração do critico sobre a mínima inteligência dos leitores e até da sociedade em que estes fazem parte.

Victor, achei seu comentário perfeito. E só para associar o meu comentário anterior ao seu, devemos lembrar que nas escolas esse livro é lido por crianças do primário, que certamente não tem maturidade suficiente para perceber essas nuâncias que você citou (como a conduta controversa da Emília). É então, papel do professor conduzir essa leitura para que a criança a aproveite e a interprete da melhor forma. Mas para isso, esse professor tem que estar capacitado e motivado...

Realmente, mas concorda que se o leitor não tem discernimento para perceber a nuance da Emilia não vai ser uma nota que vai ajudar.

Embora eu quando li tenha percebido (aliá, a toda hora os demais personagens falavam literalmente) as “besteiras” dos discursos da Emilia.
O que aliás até depõe a favor do escritor.

Victor Pax escreveu:Realmente, mas concorda que se o leitor não tem discernimento para perceber a nuance da Emilia não vai ser uma nota que vai ajudar.

Concordo, essa questão da nota é só para dizer que alguma atitude foi tomada. Mas é perigosa porque abre o precedente que você já citou, todo livro vai ter que ter uma nota dizendo que isso ou aquilo não é correto...
Não é em "O Príncipe" de Maquiavel, que ele diz algum coisa assim: "a sorte é como uma mulher, tem que ser espancada diariamente para que se tenha o controle sobre ela...". Vai ter que por uma nota nesse aí também...

Querem tirar cerebro de nossas crianças e jogar no lixo! Como formar pessoas críticas e concientes se nem podemos trabalhar com os livros que queremos. como mostrar a uma criança atos racistas e ajuda-la a enterder o pq e o pq não se nem obras de autores consagrados podemos esplorar em sala de aula?

Victor Pax escreveu:

Victor Pax escreveu:
Proponho que entremos na justica para enquadramos o livro "Otelo", afinal não tem nenhuma nota dizendo que não se deve matar a esposa por suspeita de adulterio.

Em Gabriela a beata fica indignada com a prisão do coronel que matou a esposa. "Mas que mundo nós estamos que o marido não tem mais nem o direito de matar a esposa que o traiu!"

Deveria ter uma nota explicativa.

Em todos os livros e filmes em que o vilão se dá bem, precisariam ter uma nota explicativa dizendo que aquilo não era o caminho a se seguir.

E porra, agora não posso mais nem comer uma nega maluca?!

E porra, agora não posso mais nem comer uma nega maluca?!

Cuidado com o humor afrodescendente.
Senão a coisa fica cor que é a ausência de todas a cores e aí já viu, né.
E para pagar indenização vai ter que trabalhar como um individuo que trabalha sem remuneração e sem liberdade cuja vida é avaliada em dinheiro.

Victor Pax escreveu:

Nota obrigatória: Embora na história os mafiosos sejam italianos, o povo desse país não é uma imensa organização criminosa, são pessoas pacíficas que não resolvem seus problemas em emboscadas regadas a sangue e tiros.



Nota obrigatória: Embora na história muitos franceses se mostrem avarentos, egoístas, brutais e gananciosos os franceses não o são em sua maioria assim e os personagens representam apenas facetas que o autor levanta para conduzir a narrativa.



Nota obrigatória: Apesar do exposto no livro reis e nobres não são sinônimos de tiranos brutais e impiedosos, da mesma forma nem todos os pioneiros das prisões eram inocentes príncipes herdeiros.

Estranho né!
Para vermos como são importantes essas notas.

Mas realmente Monteiro Lobato era racista (até um pouco mais que os demais de sua época), mas, por exemplo, nos livros do sítio do picapau amarelo as passagens racistas provinham da personagem Emilia, que convenhamos está BEM longe de ser considerada exemplo mínimo de conduta (para mim inclusive é bem claro o papel dela de vilâ enrustida nas histórias).
Considerar que qualquer pessoa levaria como verdade ou a sério qualquer manifestação vinda deste personagem levanta sérias dúvidas da consideração do critico sobre a mínima inteligência dos leitores e até da sociedade em que estes fazem parte.

Achei ótimo isso!

É bem mais fácil colocar notas estúpidas do que ensinar senso crítico.

E senso crítico pode ser ensinado?

Digo, vc pode dar todas as opções pra pessoa, se ela não quiser, não vai aprender.

Será que não querem mesmo?