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Congressista aliada do presidente Ollanta Humala é presa por envolvimento com tráfico

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Mensagem por marcelo l. Ter Ago 06, 2013 3:46 pm

Nancy Rufina Obregón Peralta, 43 anos, chegou ao Congresso do Peru em 2006, como influente secretária da Confederação Nacional de Agropecuária, eleita pelo Partido Nacionalista Peruano. Essa organização partidária foi fundada por Ollanta Humala para ancorar sua eleição à Presidência da República em 2011 e atualmente é presidida pela primeira-dama Nadine Heredia, virtual candidata à sucessão do marido, na eleição de 2016.
Há duas semanas, Nancy se tornou sinônimo de dor de cabeça para o casal presidencial peruano. Foi presa como líder de uma quadrilha de três dezenas de pessoas e será levada a julgamento por tráfico internacional de drogas e, também, por vínculos com a narcoguerrilha terrorista que sobrevive na Amazônia peruana.

A ex-congressista, que foi estrela do partido do casal presidencial, foi grampeada pela polícia antinarcóticos na liderança de uma série de negociações com grupos criminosos estrangeiros para suprimento de cocaína. As quantidades ainda não foram divulgadas, mas sabe-se que são significativas porque ela só operava no atacado (Em 2009, um assessor de Nancy foi preso com 140 quilos de droga. Na época, ela integrava o comando da Comissão de Defesa Nacional, Ordem Interna, Desenvolvimento Alternativo e Luta Contra as Drogas do Congresso peruano.)

Há evidências de que os grupos com os quais Nancy negociava tinham a Bolívia como centro operacional. E sabe-se, também, que de cada dez quilos de cocaína exportados da Bolívia, oito são escoados via território brasileiro.

O casal Ollanta e Nadine foram os padrinhos do ingresso de Nancy na política. Em 2006, argumentaram com a justificativa da "necessidade" de ter uma "bancada cocalera" no recém-fundado Partido Nacionalista, para aplainar - com votos no interior - o caminho até à Presidência da República. E escolheram Nancy como "líder setorial".

No Congresso, ela apresentou duas centenas de projetos, quase todos em defesa dos interesses dos grupos que comandam a expansão do tráfico na direção da fronteira do Peru com o Brasil, que partilham a Amazônia.

A narcoguerrilha avança na região de Camisea, o centro de produção gás e petróleo do Peru. Nessa região petroleira atuam três dezenas de empresas estrangeiras. Algumas, como Petrobras, procuram petróleo. Outras, como empreiteiras brasileiras, constroem ramais de gasoduto e estradas ligando o Acre ao Pacífico, via Lima.

A base de Nancy era o Departamento de San Martín, na "boca" do Amazonas peruano. Mais precisamente na vila de Tocache, onde mantinha uma área de produção e maceração de folhas de coca, além de pistas de pouso ocultas na selva.

Ali, ano e meio atrás, foi capturado Florindo Eleuterio Flores Hala, codinome Artemio, o último dos líderes “históricos” do Sendero Luminoso, a mais sanguinária organização terrorista da América do Sul.

O Sendero foi criado em 1980 por um grupo de professores universitários de Direito e Filosofia (Artemio foi o único não graduado admitido no comitê central), inspirados pelas ideias do líder chinês Mao Tse-Tung, que durante três décadas deteve poder absoluto sobre um quarto da população mundial e deixou um rastro de mais de 70 milhões de mortos em tempos de paz.

Artemio viveu a maior parte seus 51 anos na mais absoluta clandestinidade, num perímetro de montanhas e selva 300 quilômetros a nordeste de Lima, e a cerca de 700 quilômetros da fronteira com o Brasil. Sua identidade só foi descoberta quando contava 48 anos. O repórter Oscar Castilla, do jornal "El Comercio", o identificou como o segundo de oito irmãos de uma modesta família de Arequipa, que no início dos anos 80 trocara o Exército pela guerrilha maoísta.

O poder de Artemio esteve assentado sobre um fluxo de caixa de US$ 50 milhões anuais, com um efetivo de 250 homens armados. Dos "impostos" cobrados ao narcotráfico, ele evoluiu para atentados e extorsões contra empresas que perfuravam a selva peruana atrás de petróleo. Os governos do Peru e dos Estados Unidos uniram-se na oferta de um prêmio de US$ 5,5 milhões por sua cabeça.

Num sábado, 11 de fevereiro do ano passado, o “camarada” Artemio caiu ferido nos fundos de um barraco no vilarejo de Pólvora (província de Tocache), em plena Amazônia peruana. Traído e abandonado pelos guarda-costas seduzidos pela recompensa milionária, foi recolhido pelo Exército e levado a julgamento.

No último 9 de junho, "camarada" Artemio foi condenado à prisão perpétua e multa de US$ 150 milhões por 500 atos de terrorismo, assassinato de 60 policiais e um promotor, além de um número impreciso de vítimas civis.

Nancy foi presa cinco semanas mais tarde.

É imprevisível o impacto desse episódio sobre a imagem já desgastada do Partido Nacional e de seus líderes-fundadores, o casal presidencial peruano. Na Justiça, pode ser apenas mais um caso criminal. Na política, tem o potencial de nitroglicerina pura.


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