Armênios continuam a lutar pelo reconhecimento do genocídio de 1915
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Armênios continuam a lutar pelo reconhecimento do genocídio de 1915
22 Abr 2015 - 14h24
A morte de milhares de pessoas na Armênia foi silenciada durante um século, mas as novas gerações de descendentes deste povo segue lutando pelo reconhecimento pela comunidade internacional do genocídio ocorrido em 1915.
Enquanto os armênios de todo o mundo se preparam para recordar os 100 anos do massacre, iniciado em 24 de abril, tentam fazer com que todos os países, especialmente a Turquia, passe a utilizar a palavra genocídio, um termo que continua a provocar polêmica, para referir-se ao acontecido.
Para os armênios, a utilização desta palavra seria a prova definitiva do horror vivido por este povo sob o Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial, apesar de Ancara insistir na tese de que a violência foi o produto de um confronto envolvendo os dois lados, e que dizer que houve um "genocídio" é cruzar uma linha vermelha.
"Para os armênios a palavra 'genocídio' descreve o que se passou com seus antepassados em 1915" e compara o massacre com o Holocausto judeu, explica Thomas De Waal, especialista da organização Carnegie Endowment for International Peace, com sede em Washington.
De Waal explica que a Turquia sempre rejeitou a existência de um genocídio, já que isto equipararia o comportamento do Estado aos crimes da Alemanha nazista, e abriria a possibilidade de ações legais.
Os armênios afirmam que até 1,5 milhão de pessoas foram mortas entre 1915 e 1917 nos massacres realizados pelo Império Otomano, precursor do atual Estado turco.
Ancara insiste que não houve um plano de extermínio da população armênia e que se tratou de um conflito civil, no qual morreram entre 300.000 e 500.000 armênios, mas que houve a mesma quantidade de vítimas turcas.
Durante as três décadas seguintes este termo não foi utilizado, porque não havia sido tipificado. Desta forma, estes fatos se tornaram conhecidos como "a Grande Catástrofe".
No entanto, após o advogado polonês Raphael Lemkin cunhar o termo genocídio, e que este foi tipificado pelas Nações Unidas em 1948, no 50º aniversário, os armênios começaram a exigir o reconhecimento de que os massacres em questão tinham a intenção de destruir esta comunidade.
Na Armênia a questão também era um tabu, mas em 1965 um protesto sem precedentes, em que 100.000 pessoas participaram, forçou as autoridades do Kremlin a rever a sua posição sobre o que aconteceu na República Soviética.
"Foi como liberar o gênio da garrafa", disse à AFP Rolan Manucharyan, um professor de física que participou da manifestação.
O genocídio armênio é reconhecido por vinte países, incluindo Argentina, Uruguai, França, Suíça, Rússia, e desde 1987 pelo Parlamento Europeu.
No último domingo, o papa Francisco causou polêmica ao usar o termo genocídio, numa declaração que provocou indignação na Turquia.
As conseqüências dos massacres continuam a marcar as relações entre a Turquia e Armênia.
"O termo genocídio não é só uma palavra acadêmica, mas tem um significado legal. Isso implica que um crime foi cometido e sugere que deveria haver uma punição e compensação", diz Ruben Safrastyan, diretor do Instituto de Estudos Orientais de Yerevan.
No entanto, os analistas acreditam que é improvável que haja uma restituição de terras, mesmo quando se aproxima o aniversário do massacre. A busca junto às autoridades para o reconhecimento dos fatos é mais intensa do que nunca, um fardo para o país e a diáspora no estrangeiro.
"A dor nos força a olhar constantemente para o passado", afirma o escritor armênio Ruben Hovsepyan, cuja mãe conseguiu fugir dos assassinatos quando era criança. "Isso não nos permite construir plenamente o futuro".
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A morte de milhares de pessoas na Armênia foi silenciada durante um século, mas as novas gerações de descendentes deste povo segue lutando pelo reconhecimento pela comunidade internacional do genocídio ocorrido em 1915.
Enquanto os armênios de todo o mundo se preparam para recordar os 100 anos do massacre, iniciado em 24 de abril, tentam fazer com que todos os países, especialmente a Turquia, passe a utilizar a palavra genocídio, um termo que continua a provocar polêmica, para referir-se ao acontecido.
Para os armênios, a utilização desta palavra seria a prova definitiva do horror vivido por este povo sob o Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial, apesar de Ancara insistir na tese de que a violência foi o produto de um confronto envolvendo os dois lados, e que dizer que houve um "genocídio" é cruzar uma linha vermelha.
"Para os armênios a palavra 'genocídio' descreve o que se passou com seus antepassados em 1915" e compara o massacre com o Holocausto judeu, explica Thomas De Waal, especialista da organização Carnegie Endowment for International Peace, com sede em Washington.
De Waal explica que a Turquia sempre rejeitou a existência de um genocídio, já que isto equipararia o comportamento do Estado aos crimes da Alemanha nazista, e abriria a possibilidade de ações legais.
Os armênios afirmam que até 1,5 milhão de pessoas foram mortas entre 1915 e 1917 nos massacres realizados pelo Império Otomano, precursor do atual Estado turco.
Ancara insiste que não houve um plano de extermínio da população armênia e que se tratou de um conflito civil, no qual morreram entre 300.000 e 500.000 armênios, mas que houve a mesma quantidade de vítimas turcas.
Durante as três décadas seguintes este termo não foi utilizado, porque não havia sido tipificado. Desta forma, estes fatos se tornaram conhecidos como "a Grande Catástrofe".
No entanto, após o advogado polonês Raphael Lemkin cunhar o termo genocídio, e que este foi tipificado pelas Nações Unidas em 1948, no 50º aniversário, os armênios começaram a exigir o reconhecimento de que os massacres em questão tinham a intenção de destruir esta comunidade.
Na Armênia a questão também era um tabu, mas em 1965 um protesto sem precedentes, em que 100.000 pessoas participaram, forçou as autoridades do Kremlin a rever a sua posição sobre o que aconteceu na República Soviética.
"Foi como liberar o gênio da garrafa", disse à AFP Rolan Manucharyan, um professor de física que participou da manifestação.
O genocídio armênio é reconhecido por vinte países, incluindo Argentina, Uruguai, França, Suíça, Rússia, e desde 1987 pelo Parlamento Europeu.
No último domingo, o papa Francisco causou polêmica ao usar o termo genocídio, numa declaração que provocou indignação na Turquia.
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