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Praticantes de 'cosplay' denunciam assédio sexual em eventos: 'Muito triste'

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Mensagem por Koppe Dom Dez 09, 2018 6:18 pm

Por Beatriz Araujo e Gabriel Bruno
08/12/2018 07h18 - Atualizado há um dia


Grupos virtuais reagem contra abusos e pregam união para garantir liberdade de expressão na cultura ‘geek’.

“As pessoas, hoje em dia, não sabem quando parar. Os assobios e as coisas que falam incomodam, mas isso de colocar a mão é o que mais acaba comigo”. O relato é de Yasmin Alvares, de 22 anos, conhecida como Mindy, que tem de lidar com uma situação ofensiva entre alguns 'intrusos' entre os praticantes de cosplay como ela: o assédio devido às roupas de personagens de animes e mangás.

Cosplayers são fãs que, por meio de fantasias, maquiagem e acessórios, se caracterizam e interpretam personagens dos mais variados tipos, pertencentes ao universo geek. Em sua maioria, são estereótipos que, normalmente, trazem forte apelo visual. Saias curtas, grandes decotes e transparências são recursos comuns. Quando cosplayers se vestem como personagens desse tipo, com freqüência atraem olhares indesejados.

Mindy viveu casos de assédio, inclusive por parte de pessoas conhecidas. Por essa razão, entre outras, nunca teve coragem de fazer denúncias. Ela diz que nos eventos que freqüenta, esses casos não são poucos, e que a união das cosplayers é fundamental nesses momentos. “Pensamos em estratégias durante os eventos. Até procuramos os staffs para que eles adotem alguma medida de segurança. Acho que tentar não ficar sozinha é o melhor jeito”, diz.

Para ela, é ótimo poder representar um personagem do qual gosta e, ao menos por um tempo, ser alguém que admira, mesmo que seja do mundo imaginário. “Acho que, como seres humanos, temos essa necessidade de demonstrar afeto pelas coisas e pessoas que gostamos”, afirma. Ela também já se questionou quanto à sua paixão. “Infelizmente, já pensei em desistir por causa dos assédios. Não desistir do cosplay, em si, mas de representar determinado personagem por ele ser muito sexualizado”, diz Mindy.

“Infelizmente, entendo sobre ser objetificada por ser mulher, e é triste ver que isso também acontece no cenário cosplay”, diz Thalyne Nascimento, conhecida como Tha Misaki. Em eventos, ela já foi agarrada e chamada por nomes ofensivos. “Até pediram para que eu tirasse fotos fazendo poses vulgares”. Por não ter, segundo ela, sofrido casos extremos de assédio enquanto estava fantasiada, nunca pensou em desistir de ser cosplayer.

Naya Goulart, de 23 anos, conhecida como Paark Aya, faz cosplay desde os 15 anos e, por ter sofrido casos de assédio que a marcaram muito, deixou de fazer personagens que “mostram mais a pele”. “Eu fico muito triste com isso. Parece que um pouco da minha liberdade foi tirada. O pior é que, como eu, muitos cosplayers deixam de fazer alguns tipos de personagem por conta dos assédios”, afirma.

Aya diz que ficou com um pouco de medo de freqüentar eventos como cosplayer. Ela relata que uma vez, quando foram tirar foto com ela, ficaram tocando seu corpo. ”Quando eu perguntei o que estavam fazendo, e pedi pra parar, eles riam e fingiam que não tinham feito nada”. Numa outra vez, um homem ficou tocando seus seios, e ela saiu correndo. Logo depois, abandonou o cosplay. A roupa da personagem, utilizada nas lutas, incluía uma saia curta e um casaco decotado.

União
A insegurança, apreensão e inibição que as mulheres desenvolvem por terem sido alvo de assédio começam a ser combatidas pela comunidade cosplayer. Para fortalecer os laços de união, surgiram grupos nas redes sociais. “Percebemos que muitos estavam desamparados pela comunidade que deveria acolhê-los”, afirma Alexandre Damião, 27 anos, administrador da página CosPositivismo. “Existem muitos grupos de cosplay no Facebook que são extremamente tóxicos, cheios de pessoas que humilham e destroem outras por não estarem exatamente iguais aos personagens. Nisso, muitos acabam desistindo. O que era para ser bom, acabava sendo algo ruim”, lamenta.

Inspirado no conceito de cosplay positivity (positividade cosplay), Damião criou, em 2017, o "CosPositivismo" com a intenção de unir, em um só lugar, tudo que o termo representa. “Cosplayers costumam ter a memória curta, quando o assunto é respeito. Por isso, criamos a página para sempre relembrar que a maioria de nós não vai deixar isso passar batido”, afirma.

Uma das primeiras iniciativas do grupo foi a campanha “Cosplay não é consentimento”, que enfatiza o fato de que, seja qual for a roupa, é necessário respeitar o espaço e a integridade moral das mulheres. Damião conta que várias situações levaram à criação da campanha. Para ele, a mais marcante foi quando o humorista de um programa de TV lambeu o braço de uma cosplayer sem o consentimento dela.

Por iniciativa da página, também foi criado o grupo "Reino do CosPositivismo". A proposta é oferecer um espaço seguro para quem sofreu preconceito e humilhação dos próprios cosplayers, assim como debater as coisas que acontecem nesse meio, no Brasil. Alexandre Damião diz que o grupo incentiva os integrantes a encarar seus medos e a interagir com os outros, sem o temor de serem desmoralizados.

‘Cyberbullying’
O assédio moral também está no cotidiano de Juliana Oliveira, 40 anos. Ela tem o cosplay como hobby há 20 anos, e diz que passou por situações desse tipo, principalmente virtuais. “Sofri muito cyberbullying, e por causa disso senti vontade de parar de fazer cosplay”.

Juliana afirma que fica constrangida com isso. “Apesar de termos conquistado muitos direitos, ainda somos vistas como bonecas, objetos de desejo sem vontade própria”. Apesar de ter sofrido cyberbullying, ela ressalta o outro lado. “A velocidade com que uma denúncia de assédio é divulgada pela rede faz o assediador pensar antes de atacar”.

“Não é porque a mulher se expôs, no cenário de fantasia cosplay, que ela abdicou de sua dignidade física”, diz a advogada e professora de Direito Ana Paula Fuliaro. Para ela, alguém que escolhe uma fantasia específica não pode estar sujeita a qualquer tipo de assédio, ou dano, por causa disso.

A advogada explica que só se pode considerar consentimento quando ele fica expresso. “A dúvida não autoriza o abuso”. Segundo Ana Paula, é comum que os assediadores se justifiquem dizendo que as roupas das cosplayers provocaram suas reações. “Infelizmente, esses argumentos, até hoje, muitas vezes, são acolhidos. E isso precisa ser superado”, finaliza.

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Mensagem por elcioch Sex Dez 14, 2018 2:32 pm

bem tem cosplay que tem roupa muito sexy. isso quando não esta quase nu.
Vide Felicia de Darkstalkers.
O ideal escolher um personagem menos sexy.
Pronto problema resolvido.
elcioch
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