A má fama de nossa democracia
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A má fama de nossa democracia
O Allkaiser me perguntou se eu acreditava na democracia, esse texto pode ajudar a embasar a minha resposta (que foi NAO):
Por Deonísio da Silva em 13/7/2010
"Hoje todos os jornais do país têm o mesmo pensamento. E até mesmo o estilo começa a ser igual para todos."
Estes e outros alertas de Fábio Konder Comparato estão na revista Insight Inteligência (Ano XII, número 49, junho de 2010).
Diz o professor e profissional de Direito:
"Eu sou um homem marcado pelos meios de comunicação de massa. Meu nome é absolutamente banido. Briguei com o Estadão por uma causa nobre no começo dos anos 70 do século 20. Naquela época, o jornal publicou um artigo deprimente sobre um padre francês que era meu amigo e eu usei o direito de resposta, via Lei de Imprensa, que ainda não havia sido revogada pelo Supremo Tribunal Federal. Entrei com uma ação judicial, ganhei, e eles foram obrigados a publicar. A partir dali, nunca mais mencionaram o meu nome."
Pode um jornal, por mais poderes que tenha – e o Estado de S.Paulo é um dos maiores do país – ser acusado de prejudicar um intelectual do porte de Fábio Konder Comparato por "não mencionar o nome" dele? Se o professor fizer jus a ser objeto de matéria da imprensa, por mais prestigioso que seja um jornal que resolva censurar a simples menção de seu nome, todos os outros, grandes, médios ou pequenos, não precisam acolher a restrição.
Ele prossegue:
"Na Folha de S.Paulo, escrevi durante trinta anos, graças ao convite de Octavio Frias [de Oliveira], um sujeito muito interessante, que não tinha nada de democrata, mas era muito inteligente. Ele gostava muito do que eu escrevia e pediu ao filho (Otavio Frias Filho), de quem eu fui professor na Faculdade de Direito, para eu escrever regularmente no jornal."
Falhas geológicas preocupantes
O tempo passou. Em fevereiro do ano passado, a Folha de S.Paulo publicou um editorial polêmico, no qual afirmava, criando um insólito neologismo, que "o regime militar brasileiro tinha sido uma ditabranda".
Fábio Konder Comparato mandou uma carta ao jornal dizendo que o autor daquele editorial e o diretor de Redação deviam pedir desculpas ao povo brasileiro. E de joelhos. A carta foi publicada, mas com a seguinte resposta, referindo-se a ele e à também professora Maria Victoria Benevides: "Esses professores são cínicos e mentirosos, pois nunca atacaram regimes ditatoriais como o cubano."
O professor publicara no mesmo jornal, fato reconhecido pelo ombudsman, uma carta criticando o regime cubano. Ele processou o jornal, perdeu em primeira instância, recorreu e aguarda uma decisão final.
No depoimento, Fábio Konder Comparato diz também que defende "a criação de ouvidorias populares para acompanhar os trabalhos do Judiciário", que "não se tem ideia do grau de corrupção dos tribunais" e que "o dia em que o grande público tomar conhecimento do nível de corrupção, a casa do Judiciário cai".
Suas afirmações merecem mais do que réplicas ou tréplicas. Merecem repercussões na mídia para que os temas ali levantados sejam amplamente discutidos sem qualquer tipo de censura, pois, a julgar por suas reflexões, a democracia que praticamos tem falhas geológicas preocupantes.
Extraído de:
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Por Deonísio da Silva em 13/7/2010
"Hoje todos os jornais do país têm o mesmo pensamento. E até mesmo o estilo começa a ser igual para todos."
Estes e outros alertas de Fábio Konder Comparato estão na revista Insight Inteligência (Ano XII, número 49, junho de 2010).
Diz o professor e profissional de Direito:
"Eu sou um homem marcado pelos meios de comunicação de massa. Meu nome é absolutamente banido. Briguei com o Estadão por uma causa nobre no começo dos anos 70 do século 20. Naquela época, o jornal publicou um artigo deprimente sobre um padre francês que era meu amigo e eu usei o direito de resposta, via Lei de Imprensa, que ainda não havia sido revogada pelo Supremo Tribunal Federal. Entrei com uma ação judicial, ganhei, e eles foram obrigados a publicar. A partir dali, nunca mais mencionaram o meu nome."
Pode um jornal, por mais poderes que tenha – e o Estado de S.Paulo é um dos maiores do país – ser acusado de prejudicar um intelectual do porte de Fábio Konder Comparato por "não mencionar o nome" dele? Se o professor fizer jus a ser objeto de matéria da imprensa, por mais prestigioso que seja um jornal que resolva censurar a simples menção de seu nome, todos os outros, grandes, médios ou pequenos, não precisam acolher a restrição.
Ele prossegue:
"Na Folha de S.Paulo, escrevi durante trinta anos, graças ao convite de Octavio Frias [de Oliveira], um sujeito muito interessante, que não tinha nada de democrata, mas era muito inteligente. Ele gostava muito do que eu escrevia e pediu ao filho (Otavio Frias Filho), de quem eu fui professor na Faculdade de Direito, para eu escrever regularmente no jornal."
Falhas geológicas preocupantes
O tempo passou. Em fevereiro do ano passado, a Folha de S.Paulo publicou um editorial polêmico, no qual afirmava, criando um insólito neologismo, que "o regime militar brasileiro tinha sido uma ditabranda".
Fábio Konder Comparato mandou uma carta ao jornal dizendo que o autor daquele editorial e o diretor de Redação deviam pedir desculpas ao povo brasileiro. E de joelhos. A carta foi publicada, mas com a seguinte resposta, referindo-se a ele e à também professora Maria Victoria Benevides: "Esses professores são cínicos e mentirosos, pois nunca atacaram regimes ditatoriais como o cubano."
O professor publicara no mesmo jornal, fato reconhecido pelo ombudsman, uma carta criticando o regime cubano. Ele processou o jornal, perdeu em primeira instância, recorreu e aguarda uma decisão final.
No depoimento, Fábio Konder Comparato diz também que defende "a criação de ouvidorias populares para acompanhar os trabalhos do Judiciário", que "não se tem ideia do grau de corrupção dos tribunais" e que "o dia em que o grande público tomar conhecimento do nível de corrupção, a casa do Judiciário cai".
Suas afirmações merecem mais do que réplicas ou tréplicas. Merecem repercussões na mídia para que os temas ali levantados sejam amplamente discutidos sem qualquer tipo de censura, pois, a julgar por suas reflexões, a democracia que praticamos tem falhas geológicas preocupantes.
Extraído de:
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ediv_diVad- Farrista além das fronteiras da sanidade
- Mensagens : 20441
Data de inscrição : 10/06/2010
Re: A má fama de nossa democracia
"o dia em que o grande público tomar conhecimento do nível de corrupção, a casa do Judiciário cai."
Gostaria de ver esse dia, mas o próprio judiciário encobriria o escandalo, pressionando as empresas de comunicação.
Democracia, não. Nós vivemos numa aristocracia.
Convidad- Convidado
Re: A má fama de nossa democracia
Erick Solen escreveu:"o dia em que o grande público tomar conhecimento do nível de corrupção, a casa do Judiciário cai."
Gostaria de ver esse dia, mas o próprio judiciário encobriria o escandalo, pressionando as empresas de comunicação.
Democracia, não. Nós vivemos numa aristocracia.
pensei na msm coisa quando li a frase. Eu não acho q cai. Já sabemos q tem corrupção, e não fazemos mta coisa. parte pq não sabemos o que fazer, e parte pq preferimos não mudar nada com medo da alternativa.
Convidado- Convidado
Re: A má fama de nossa democracia
Erick Solen escreveu:"o dia em que o grande público tomar conhecimento do nível de corrupção, a casa do Judiciário cai."
Gostaria de ver esse dia, mas o próprio judiciário encobriria o escandalo, pressionando as empresas de comunicação.
Democracia, não. Nós vivemos numa aristocracia.
eu diria que vivemos em uma plutocracia, onde você consegue justiça, saúde, educação, acesso a cultura, etc, em proporção a sua condição financeira.
Última edição por zkrk em Sáb Jul 17, 2010 8:18 pm, editado 1 vez(es)
zkrk- Farrista desafio aceito!
- Mensagens : 3093
Data de inscrição : 01/07/2010
Re: A má fama de nossa democracia
zkrk escreveu:Erick Solen escreveu:"o dia em que o grande público tomar conhecimento do nível de corrupção, a casa do Judiciário cai."
Gostaria de ver esse dia, mas o próprio judiciário encobriria o escandalo, pressionando as empresas de comunicação.
Democracia, não. Nós vivemos numa aristocracia.
eu diria que vivemos em uma plutocracia, onde você consegue justiça, saúde, educação, acesso a cultura, etc em proporção a sua condição financeira.
O que seria o "cerne" do estado mínimo, onde saúde, educação e segurança seriam fornecidas pelo mercado ficando o estado (os impostos) apenas para o legislativo (deputados, senadores, prefeito, CARGOS DE CONFIANÇA) e judiciário (juízes, promotores, etc).
Se perdeu espaço no mundo inteiro aqui nos Brasil é cartilha e norte de partidos.
Victor Pax- Farrista já viciei...
- Mensagens : 4157
Data de inscrição : 05/07/2010
Re: A má fama de nossa democracia
Victor Pax escreveu:zkrk escreveu:Erick Solen escreveu:
Gostaria de ver esse dia, mas o próprio judiciário encobriria o escandalo, pressionando as empresas de comunicação.
Democracia, não. Nós vivemos numa aristocracia.
eu diria que vivemos em uma plutocracia, onde você consegue justiça, saúde, educação, acesso a cultura, etc em proporção a sua condição financeira.
O que seria o "cerne" do estado mínimo, onde saúde, educação e segurança seriam fornecidas pelo mercado ficando o estado (os impostos) apenas para o legislativo (deputados, senadores, prefeito, CARGOS DE CONFIANÇA) e judiciário (juízes, promotores, etc).
Se perdeu espaço no mundo inteiro aqui nos Brasil é cartilha e norte de partidos.
A América Latina e Caribe como um todo (exceto Cuba) funcionaram como um grande campo de teste para o neoliberalismo calcado nas idéias da Escola de Chicago e de seu líder, Milton Friedman. Em especial as ditaduras chilena (Chile de Pinochet), argentina, boliviana, brasileira...
Mas isso também foi muito forte em países de outras regiões: Indonésia, África do Sul, Rússia (pós queda da URSS) Polônia (ONDE O ESTRAGO SÓ NÃO FOI MAIOR DEVIDO A MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO POPULAR),etc.
A Naomi Klen trabalha bastante essa questão em seu livro "A Doutrina do Choque- A Ascenção do Capitalismo de Desastre" (editado aqui no Brasil pela Nova Fronteira). Leitura altamente recomendada a todos que se interessam pelo tema.
O ideal seria que TODOS se interessassem... mas enfim...
zkrk- Farrista desafio aceito!
- Mensagens : 3093
Data de inscrição : 01/07/2010
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