Mulher que matou o namorado enforcado no motel por terminar com ela é condenada há 15 anos

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Decisão foi tomada por maioria absoluta entre os jurados. Verônica Verone foi condenada por homicídio triplamente qualificado. Mãe da vítima confessa que queria prisão perpétua

A estudante Verônica Verone, de 18 anos, foi condenada nesta madrugada a 15 anos de reclusão pela morte do empresário Fábio Gabriel Rodrigues, de 33. O crime aconteceu em maio deste ano em um motel em Itaipu, Região Oceânica de Niterói. Apesar da condenação, a família da vítima não saiu satisfeita do Tribunal do Júri. A mãe do empresário, Cacilda Maria Rodrigues, disse que tem medo do que a estudante possa fazer no futuro.

“Uma pessoa que faz o que ela fez, que tem coragem de enforcar meu filho da maneira que foi, friamente, deveria ficar eternamente na cadeia. Daqui a cinco, seis anos ela vai estar livre. Eu temo pela segurança dos meus netos, hoje com 4 e 7 anos”, disse a mãe de Fábio.

Os familiares da vítima preferiram não comentar a sentença. Já o advogado de defesa, Rodolfo Tompson, adiantou que vai entrar com recurso. Ele acredita que sua cliente seja inimputável.

“Ela é doente mental. Eu falei para os jurados que se absolvessem ela estariam errados. Ela não pode ficar livre na rua, mas precisa de tratamento psiquiátrico. Acredito que o caso dela caberia medida de segurança”, disse.

Já o promotor André Farah ainda estuda a possibilidade de o Ministério Público recorrer para tentar aumentar a pena da acusada.

Tumulto - O julgamento de Verônica Verone foi bastante tumultuado. A suspeita teve que ser retirada por alguns momentos da sala depois de gritar e se jogar no chão. A irmã da vítima também foi convidada a se retirar depois de gritar com a acusada. Verônica manteve a sua defesa e disse que não matou o Fábio, e sim o pai, que ela afirmou ter visto no rosto do empresário. O juiz Peterson Barroso Simão, titular da 3ª Vara Criminal de Niterói, ouviu quatro testemunhas e duas informantes de acusação e três informantes de defesa. O julgamento começou às 13h30.

O momento de maior tensão foi durante o interrogatório de Elizabeth Verone de Paiva, mãe da acusada. O promotor questionou se a mesma sabia que apesar das notas baixas da filha nas matérias em geral, a jovem tirava nota 9 em teatro.

Ao ouvir a pergunta, Verônica olhou para seu advogado, Rodolfo Tompson, e reclamou. Visivelmente irritada, a jovem passou a gritar.

“Você está sendo irônico com minha mãe”, gritou ela, repetindo a frase várias vezes enquanto batia na cadeira e se jogava no chão.

A acusada precisou ser retirada do Tribunal do Júri de Niterói, e foi solicitado intervalo para que ela se acalmasse. Na volta, a sua mãe ficou abraçada a ela, o que causou a ira da irmã do empresário.

“Minhã mãe não pode mais abraçar o filho dela, meus sobrinhos não podem mais abraçar o seu pai e eu não posso mais abraçar meu irmão”, disse ela. O juiz pediu para que ela se retirasse.

Testemunho contundente

A acusação apresentou quatro testemunhas: um rapaz de uma lan house que Verônica frequentava, o policial que estava de plantão na 81ª DP (Itaipu) no dia do crime, um perito que trabalhou na coleta de informações e um amigo de Fábio que havia passado o dia todo com a vítima. Além das testemunhas foram ouvidos dois informantes, a ex-esposa de Fábio e o sobrinho dele.

O depoimento mais importante foi o do rapaz que trabalha na lan house e tinha estudado com a jovem. Ele disse que na semana do crime ela perguntou em um grupo de amigos se conheciam alguém que vendia armas ou se conhecia algum matador. Segundo o rapaz, Verônica teria dito que queria se livrar de uma pessoa.

O perito de acusação, José Carlos Brasil Júnior, disse que a vítima pode ter sido enforcada ou estrangulada.

“Fábio apresentava sinais de pressão no pescoço, além disso o seu rosto estava roxo e língua inchada, o que caracteriza enforcamento ou estrangulamento. A acusada afirmou durante a simulação que estrangulou a vítima com o cinto. O exame do IML provou que ele tinha sinais de ferimentos internos na traqueia reforçando a tese dela que ela tinha enforcado”, explicou ele.
De acordo com a polícia, Fábio estava desacordado quando a estudante o estrangulou, possivelmente com um cinto. Ela ainda teria arrastado o corpo do namorado, que pesava 90 quilos, do quarto até a garagem do motel. Para a polícia, Verônica cometeu o crime porque Fábio havia terminado o relacionamento uma semana antes.