Em entrevista, Kajuru comenta sobre vida pessoal, Copa, Socrates, processos e Rede Globo
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Em entrevista, Kajuru comenta sobre vida pessoal, Copa, Socrates, processos e Rede Globo
O que você fez pior na sua vida?
Tentei me suicidar. Tomei 20 comprimidos de Dormonid, remédio para dormir. Estava impotente e havia perdido o globo ocular do meu olho direito. No olho esquerdo já tinha apenas 18% de visão, tudo por causa da diabetes. Teria de colocar prótese. Não queria que ninguém me visse assim. Havia perdido também um programa na tevê e um processo na justiça. Estava sozinho, sozinho, sozinho... Preferi tomar as pílulas e morrer. Mas me encontraram a tempo e levaram para o hospital e me fizeram lavagem estomacal e me salvaram a vida. Hoje compreendo que fui fraco. Sobrevivi e Deus me deu a oportunidade de reconstruir a minha vida. Se eu aceitei me expor para você é para que o eu sirva de exemplo para quem está sofrendo como eu sofri. E pensa na morte como solução. É o maior erro, a maior derrota. É jogar o que temos de melhor: a vida. Foi o que eu fiz de pior para mim mesmo. O meu maior inimigo sempre foi Jorge Kajuru.
Mas você sempre foi uma pessoa muito cercada de amigos, mulheres...
Olha, nesta vida há muita falsidade. Amigos de verdade eu tenho pouquíssimos. Datena, Juca Kfoury são meus irmãos. Mas o maior deles, o que daria tudo que tem por mim, acabou de morrer: o Sócrates. Aliás, eu tenho convicção de que ele se matou...Vou mostrar como eu fui amado. Tive 14 mulheres com quem morei junto. Casei com oito. Quatro no papel. Hoje eu sei que duas amaram o Jorge. As outras 12 amaram o Kajuru. O glamour dos meus relacionamentos com atores, cantores, jornalistas, pessoas famosas. Nunca tive essas mulheres de verdade. Elas queriam a minha companhia para ter acesso a uma vida de badalação, aparecer em tevê, revista, jornal. A pior coisa da vida é perceber que alguém está na sua cama por interesse em qualquer coisa, menos em você. E as pessoas sempre sabem que estão sendo usadas. Eu tentei mentir para mim mesmo e tentar salvar algumas relações. Foi impossível. E vou contar mais. Essas mulheres acabaram com o meu patrimônio. Todas as vezes que me separei deixei casa, carro. Sou um banana na hora de dizer adeus. E encontrei muita aproveitadora, mesquinha. Me acho tão esperto, mas a última mulher por quem me apaixonei eu levei para a minha casa no Rio de Janeiro.
Depois de um mês, a mulher rouba tudo o que tinha pela casa. Eu sou assim, quando eu amo, confio, dou a vida. As mulheres me fizeram de gato e sapato. Dilapidaram o meu patrimônio. Se não fosse por elas, estaria rico.
Explique essa história de que o Sócrates se matou. Ele não bebeu a vida toda?
Bebeu. Eu o conheço desde os 14 anos em Ribeirão Preto. Um gênio, inteligente, talentoso, grande amigo, alegre, o irmão que não tive nesta vida, já que sou filho único. Beber era a sua alegria. Sempre soube disso. Mesmo quando jogava futebol. Quando parou, continuou bebendo. Eu falava, mas nunca dei aquele esporro que ele merecia para parar porque achava que ele era médico. Sabia até onde poderia ir. E a situação estava mais ou menos controlada até que ele se separou de mãe do seu filho Fidel. Ele tinha adoração pelo menino. E a mãe, magoada com o Sócrates, o proibia de ver o garoto. Essas coisas terríveis de separação. Ele ficou desolado. Um dia me chamou para conversar e me disse: "Kajuru, perdi a alegria de viver. Eu quero morrer". Fiquei louco tentando animá-lo. Mas não teve jeito. O Sócrates começava a beber de manhã e só parava de madrugada. Ele ia me visitar no Rio e entrou neste processo. Por isso que eu digo que se suicidou de tristeza por causa do filho. Quando ele soube que estava com cirrose, não se importou. Foi internado quatro vezes e não três.
Uma já em Ribeirão Preto. Quando saiu da última vez, tinha de seguir um regime terrível para tentar se segurar e esperar um transplante de fígado. Mas ele optou por morrer. Continuou a beber. Dias antes da última internação, ele tomou garrafas de vinho. Queria e consegui morrer. Ah, Magrão...Você não sabe a falta que você me faz...Tem uma coisa que eu quero tornar pública sobre a internação dele.
O que é, Kajuru?
Quero revelar a indignação da famílida do Sócrates com o Andres Sanchez. A insensibilidade deste homem não tem tamanho. Não quero nem falar sobre todas as homenagens que o Magrão deveria ter recebido do Corinthians e não recebeu. Esse presidente é pequeno e a história vai colocá-lo no seu devido lugar. O Sócrates nunca quis a menor proximidade dele porque sabia da ligação profunda com o Ricardo Teixera, com o Lula, com o Ronaldo. Gente que não merece o que tem. Na primeira internação, o Sócrates já estava muito mal por causa da cirrose.
Quando chega no hospital um pacote imenso. A família pensou que fosse um presente. Quando o pacote foi aberto, a surpresa. Dentro dele estavam milhares de folhas de sulfite com as contas do Corinthians. Andres mandou entregar para o Sócrates quando ele estava recebendo a sentença de morte no hospital. Ele teve milhões de chance de entregar essas contas quando o Magrão estava forte, trabalhando no Cartão Verde. Esperou ele estar à beira da morte. Me dá nojo quando lembro dessa situação. E as homenagens que o Corinthians deveria fazer a ele nunca acontecerão enquanto Andres e seus amigos estiverem mandando no Corinthians. Nunca. Por que o Sócrates nunca se dobrou à essa gente. Não vou falar o que realmente penso sobre o Andres por que não quero mais processos na minha vida. Só lamento o Corinthians estar entregue a essa pessoa. Mas quero falar do Andres e sim lembrar que o Sócrates por exemplo salvou a minha vida. Estava depressivo em um condomínio afastado de Ribeirão Preto. Continuava pensando em morrer, quando o Magrão foi meu herói. Arrombou a porta que eu deixava trancada para não receber ninguém. Arrombou e me levou para a sua casa. Cuidou de mim como um irmão mais novo. Ninguém faria isso, ninguém seria tão solidário. Eu não tenho palavras para agradecer o que esse homem fez por mim.
Vamos falar a sério sobre os processos. Quantos foram e você admite os exageros, até alguma irresponsabilidade nas suas acusações?
Eu fui processado 118 vezes. Nunca falei ou escrevi de ninguém sem que eu soubesse o que fazia era o certo. Mas admito que exagerei. Por tentar dar adjetivos agressivos, grosseiros, perdia a essência das minha acusações. Se eu digo que um político é um ladrão, eu tenho de provar. Aprendi na prática. Fazia o certo da forma errada. E comprei brigas bobas. Como a com a Luciana Gimenez. Falei que ela era tão burra quanto uma mesa. E apontei para a mesa. Ela me processou. E na Sônia Abraão, eu disse que havia pensado muito e tinha decidido pedir desculpas no ar. A Sônia me elogiou. E falou que eu estava tomando uma grande atitude. E eu pedi: pedi para a mesa por ter comparado a sua inteligência a de Luciana Gimenez. Outro processo! Mas essa fase passou. Estou enxergando que só eu me ferrei. Os poderosos estão roubando e vão continuar a vida inteira. Deus me deu a chance de aprender a controlar a minha boca, a minha indignação.
Se eu fosse dono de uma televisão ainda não colocaria ao vivo. Ainda... Porque estou no final do processo de dominar a minha raiva, a minha boca. Estou renascendo como jornalista, como apresentador. Continuo veemente, mas agora sei até onde posso ir. Estou sendo orientado por pessoas que realmente gostam de mim. E só não querem me ver queimar como aconteceu na TV Bandeirantes, por exemplo, quanto fui demitido ao vivo. E da maneira mais injusta possível.
Kajuru, esse foi um marco do jornalismo. O que aconteceu de verdade?
Foi o seguinte. Eu fui para Belo Horizonte cobrir o jogo Brasil e Argentina. O jogo aconteceu em 2004. Estava lá para mostrar o ambiente do jogo. Cheguei bem cedo no Mineirão. E várias e várias pessoas se aproximam de mim denunciando o que o Aécio Neves tinha feito. Havia uma entrada para deficientes com rampas e um grande espaço físico para que eles entrassem tranquilamente no estádio. Só que o Aécio mandou que aquele espaço fosse reservado para as pessoas vips que eram importantes para ele, que sonhava com a presidência. Eram políticos, cantores, atores, milionários. Era uma vergonha. Comecei a denunciar essa situação ainda na hora do almoço. E a sacanagem é que na Bandeirantes todos só me incentivavam. Falavam que eu estava arrebentando. A audiência não parava de subir com a minha denúncia. E eu lá falando. Da hora do almoço, depois fui participar do programa do Datena, às seis da tarde. E mais cacete no Aécio. Os diretores, as pessoas que comandam o programa me colocando pilha, falando que eu estava arrasando. E me deixei levar. Fiz a mesma coisa no Jornal da Band que era apresentado pelo Carlos Nascimento. No intervalo, ele me falou que estava espetacular a denúncia, que eu era o Kajuru que eles queriam. E estava chegando a hora do jogo. E passei a apresentar o programa que apresentava a partida, de lá. De Belo Horizonte.
Direto do lugar que o Aécio tinha reservado para seus convidados. Foi quando às 20h28 me tiraram do ar. Falaram que estavam com problemas técnicos. E na verdade, eu havia acabado de ser demitido pela direção da Band. Só soube no dia seguinte. A tevê não queria ficar contra o Aécio. Hoje eu entendo o envolvimento comercial até da situação, com propagandas. É uma situação nojenta, mas não sou mais ingênuo, consigo perceber como as coisas funcionam. E que há maneiras e maneiras de mostrar os absurdos deste país. A maior sacanagem foi que a Band se recusou a me pagar a multa de R$ 5 milhões que eu tinha no contrato. Qualquer advogado ganharia essa causa. Mas nunca processei ninguém. E muita gente me fez mal. Mas nunca como a Band. Me senti apunhado porque eu era incentivado para fazer as coisas que fiz por lá. Pensei que me orientavam, mas as pessoas só pensavam na audiência. Só na audiência. Me usaram o quanto puderam. E quando viram que exageram, me apunhalaram. Porque não existe alguém que fale tudo o que quer na tevê se não há quem deixe, incentive.
A Band me queria denunciando o Aécio. E a mesma Band me mandou embora sem o que eu tinha direito por denunciar o Aécio.
Você vivia o seu auge de popularidade. Você não havia se perdido com tanto sucesso?
Confesso que sim. Desde que a minha santa mãe morreu, eu perdi o rumo. Perdi a única pessoa que me colocava limites. Eu ganhava muito dinheiro. Eram R$ 150 mil por mês que a Band me pagava. Não sabia onde gastar. Fique dois anos lá e não tive a decência de comprar um apartamento para mim. Eu só queria saber de aproveitar. Pagava toda a semana para transar com uma mulher gostosa e famosa. Tinha de ser gostosa e famosa. Pagava mesmo. Uma por semana. Era a minha meta. E cumpri direitinho. Fora as farras que fazia pelas boates da vida, levava os amigos e pagava tudo. Sempre fui mão aberta. Muitas vezes não tinha a menor noção do que havia feito na noite anterior.
Não me droguei. O resto fiz de tudo. Queimei com farra, com mulherada. Pensei que fosse morrer de tanta farra. Me sentia o dono do mundo. Hoje vejo o quanto fui irresponsável e imbecil. Só me prejudiquei. Tinha certeza de que aquilo nunca iria acabar.
Em 2003 você recebeu um famoso convite para trabalhar na TV Globo, não foi?
Foi. E acredito ter sido o único jornalista esportivo do País a dizer não para a Globo. Eu cresci vendo o João Saldanha. Juca Kfoury me ajudou a enxergar o que é realmente a Globo. E como ela usa a sua proximidade do poder para fazer o que quer com o País. Ela mascara tudo. Principalmente o futebol. Fica fazendo lavagem cerebral mostrando dribles, gols, torcida. E esconde da maneira mais indecente possível o que acontece fora do campo. Eu tenho condições de falar porque recebi a proposta de trabalho e sei como é. Fui em quatro reuniões com o Galvão Bueno e a cúpula da Globo para conversar. O diretor de Esportes da Globo, Luiz Fernando Lima, me mostrou como as coisas funcionam por lá. "Você não pode reclamar do horário do jogo. E muito menos falar mal do Eduardo Farah (na época, presidente da Federação Paulista de Futebol). E muito menos de Ricardo Teixeira. Eles são nossos parceiros." Assim. na cara dura. Sem a menor vergonha.
Eu comandaria o Globo Esporte, comandaria uma mesa redonda no Esporte Espetacular. E ainda faria um quadro no Fantástico com a Ana Paula Padrão. Seria a Bela e a Fera. Fui nestas reuniões para saber de verdade como a TV Globo trabalha. Percebi como ela se tornou poderosa. Principalmente no esporte. Disse não à Globo ao vivo, na TV Bandeirantes. Ninguém acreditou. Galvão que é meu amigo, queria me matar. Mas fiz o que a minha consciência, meu coração mandou.
Por falar em TV Globo, que polêmica é essa com o Thiago Leifert?
É simples. Não vou ficar calado vendo um menino posar dizendo que revolucionou a apresentação de jornais esportivos no País. Espera um pouco. Será que o meu trabalho merece ser tão desprezado? Fui o primeiro a falar de uma maneira descontraída, sem roteiro até. Ninguém antes de mim se sentava no estúdio durante a apresentação. Até dobrar a perna como ele faz. O mais revoltante para mim é ele chamar o ponto de 'voz da consciência'. Exatamente como eu fazia na Band. Será que todos estão loucos? O menino que é filho de um diretor da Globo faz a mesma coisa que eu cansei de fazer e é visto como um gênio? E ainda tem a coragem de dizer que não me conhece. Eu não quero mais brigas na minha vida, mas não podia ser humilhado desta forma. A TV Globo pensa que ainda faz e desfaz no País. Só que não é mais assim.
Eu não sou mais irresponsável com o que falo. Mas esse menino tem de ser colocado no seu devido lugar. Se me copia, pelo menos disfarça, diz que é homenagem. Mas ele é o retrato da Globo, prepotente, arrogante e que pensa que está acima do bem e do mal. Só que este período da história já acabou. Graças a Deus!
Kajuru, fale da sua doença...
Quero aproveitar essa entrevista para fazer um alerta público contra a diabetes. É uma doença silenciosa, terrível. Ela mata, consome o ser humano de maneira cruel. E hoje é facilmente detectada. Basta fazer exames periódicos, todos os anos. O governo deveria incentivar, fazer esses exames em massa. Mas vou dar o meu exemplo pessoal que marca mais. Minha avó e minha mãe morreram de diabetes. E eu me achando acima do bem e do mal. Até que um dia caí de cama. Tive um absesso terrível. Pensei que fosse só uma inflamação intestinal. Só que ela não passava. Fiquei de cama. Os médicos me dando antibióticos. Até que o Sócrates foi me visitar. E ele era um médico espetacular.
Me disse que se eu não fosse operado, iria morrer. Me fez chamar um outro médico e fui levado às pressas para o hospital. Iria mesmo morrer. A minha taxa de açúcar no sangue era altíssima. Minha taxa de glicemia chegou a 430. Uma loucura. Sofri uma operação de seis horas para a retirada do absesso. E a retirada afetou a minha potência sexual. Com 40 anos. Isso para o homem é a morte. Depois, mesmo tentando controlar, a doença levou o meu olho direito. E deixou 18% de visão do esquerdo. Tudo isso poderia ter sido evitado se eu me cuidasse. Fiquei depressivo. Foi quando tentei me matar. Mas conheci o médico Aureo Ludovico. Ele fez uma operação no meu intestino.
Mexeu no intestino delgado, duodeno e reduziu parte do estômago. Foi a cura do meu diabetes. Há sim cura e ela não é divulgada por causa do poder econômico dos laboratórios. Não sou mais impotente. A taxa da glicemia está controlada. Deus me deu uma nova chance na vida.
Qual o seu maior erro profissional?
Dizer não à Record. Me dói lembrar o quanto eu fui burro. Sem noção da realidade. Tive uma reunião com a cúpula da tevê. Me chamaram e ofereceram R$ 200 mil por mês. E me disseram que eu iria apresentar o programa Cidade Alerta. A Record iria pagar a minha multa de R$ 650 mil da RedeTV! Mas a proposta era só para mim. E eu estava apresentando um programa com o Juca Kfoury na RedeTV! Ele me falou para eu ir. Só que eu não quis largar o Juca que é para mim um irmão mais velho. E ele insistindo que era bobagem. Disse não. Aí, o Milton Neves aceitou. Entrou no meu lugar. E ganhou um caminhão de dinheiro e seguiu a vida dele. Eu me arrependo profundamente de ter dito não. Minha vida teria mudado. Nunca me perdoei. E depois disso caí na besteira de ficar atacando a Record. Falei um monte de bobagem.
Xinguei sem pensar. Um ataque desnecessário, gratuito. Besta, sem fundamento. Eu realmente devo desculpas à TV Record, que nunca me fez nada de mal. A não ser me oferecer o melhor emprego da minha vida. E eu disse não.
O que você acha da Copa do Mundo no Brasil?
Torço como um desesperado para o Brasil fracassar, seja derrotado. Há um estudo feito pela USP e pouco divulgado mostrando que o Brasil teria um progresso de 20 anos se o dinheiro que será gasto na Copa e na Olimpíada fosse aplicado em obras sociais. Não temos saúde, segurança e educação. Mas colocamos bilhões de dólares em estádios que não precisam ser construídos. Só por causa de pessoas como Ricardo Teixeira e Lula, que só pensam nelas e colocam o interesse de milhões para trás. Eu quero falar que estou extremamente decepcionado com o Ronaldo. Ele se prestar a escudo de Ricardo Teixeira joga no lixo a sua imagem. Sua carreira maravilhosa já lhe deu milhões. Mas ele tem uma ganância inacreditável. Quer ganhar muito mais a qualquer custo. Ele não falou que o Ricardo Teixeira tinha dois caráteres? Quem é que tem dois caráteres agora: ele ou o Ronaldo? O Pelé também é outro. Se juntou ao Teixeira que até tinha processado.
Será que sou louco ou mesmo com apenas 18% da visão estou enxergando mais do que muitos? O Ricardo Teixeira é um câncer para o futebol brasileiro. Pensa que o futebol é dele e faz o que quer. Só que eu aviso agora para quem puder ler essa entrevista. Pior do que ele só o Andres Sanchéz. Ele é dissimulado. Tem ligações poderosas. O estádio de Itaquera, de um bilhão de dinheiro púbico, saiu graças a uma birra com o presidente do São Paulo. Ele vai fazer muito mal ao futebol brasileiro se chegar ao comando. Será pior do que o Teixeira. Eu estou falando publicamente só um pouco do muito que sei.
E do Mano Menezes, o que você acha?
Ele é o técnico do Andres, do Ronaldo, do Ricardo Teixeira. É do time. Não vou falar mais nada para não ser processado. O Muricy Ramalho nunca daria certo trabalhando com esse tipo de gente. Eu lamento demais a Seleção Brasileira por quem o povo é apaixonado estar nas mãos destes homens. Eu lamento.
Como é a sua situação profissional atual?
Eu tenho contrato com o SBT. Falo para as afiliadas do SBT. É um comentário de cinco minutos. O Silvio não me deixa falar para o Rio de Janeiro e São Paulo. Ainda não confia em mim nestas praças. Mas ele vai entender que estou mudado. Comento também para mais de 200 emissoras de rádio do Brasil inteiro. E trabalho com todo o prazer no Esporte Interativo. Faço dois programas todos os dias. E ainda um especial com entrevistas. O Kajuru Pergunta. Além disso, tem o meu trabalho com o blog, facebook, twitter. Eu sou muito ligado em redes socais. Estou muito feliz com o que estou fazendo. Tenho dois convites para voltar de vez para a tevê aberta. Quero pensar até janeiro se aceito ou não. Volto a confirmar que me sinto bem demais no Esporte Interativo.
Que balanço você faz da sua vida, agora aos 50 anos?
Que um menino que, aos 10 anos, anunciava missas, mortes e colocava música para tocar na praça de Cajuru, pequena cidade de São Paulo, fui longe demais. Meu pai era padeiro e a minha mãe era merendeira. E eu convivi muito pouco com meu pai porque logo ele foi internado em um sanatório em Araras por ser alcóolatra. Não convivi com ele. Só quando eu era adulto ele me procurou quando estava fazendo sucesso e me disse: "Filho, você é o meu orgulho. Por você, nunca mais vou beber". E nunca mais bebeu. O exemplo do meu amado pai serve para mim. Errei por não aceitar limites. Alguém que controlasse a minha boca no microfone. Por que, graças a Deus, eu sou um excelente comunicador. As pessoas param para me ouvir desde que me conheço por gente. Sei que me deixei levar, exagerei, mas sempre fui sincero. Nunca me vendi, deixei levar a minha alma por dinheiro, nunca me corrompi. Nunca fui trabalhar onde não acreditava como a TV Globo, por exemplo. Errei, muito. Quase morri por causa dos meus exageros. Gritei, falei bobagens, xinguei quando não precisava. Hoje estou amadurecendo. Sinto ter muito espaço ainda na mídia. E quero aproveitar essa segunda chance que Deus está me dando. Se Ele deu é porque acha que mereço. Nunca tive mal dentro de mim. Muitas vezes fui ingênuo. Acabei usado. Me deixando usar. Mas esta fase acabou.
Fonte: http://esportes.r7.com/blogs/cosme-rimoli/
Tentei me suicidar. Tomei 20 comprimidos de Dormonid, remédio para dormir. Estava impotente e havia perdido o globo ocular do meu olho direito. No olho esquerdo já tinha apenas 18% de visão, tudo por causa da diabetes. Teria de colocar prótese. Não queria que ninguém me visse assim. Havia perdido também um programa na tevê e um processo na justiça. Estava sozinho, sozinho, sozinho... Preferi tomar as pílulas e morrer. Mas me encontraram a tempo e levaram para o hospital e me fizeram lavagem estomacal e me salvaram a vida. Hoje compreendo que fui fraco. Sobrevivi e Deus me deu a oportunidade de reconstruir a minha vida. Se eu aceitei me expor para você é para que o eu sirva de exemplo para quem está sofrendo como eu sofri. E pensa na morte como solução. É o maior erro, a maior derrota. É jogar o que temos de melhor: a vida. Foi o que eu fiz de pior para mim mesmo. O meu maior inimigo sempre foi Jorge Kajuru.
Mas você sempre foi uma pessoa muito cercada de amigos, mulheres...
Olha, nesta vida há muita falsidade. Amigos de verdade eu tenho pouquíssimos. Datena, Juca Kfoury são meus irmãos. Mas o maior deles, o que daria tudo que tem por mim, acabou de morrer: o Sócrates. Aliás, eu tenho convicção de que ele se matou...Vou mostrar como eu fui amado. Tive 14 mulheres com quem morei junto. Casei com oito. Quatro no papel. Hoje eu sei que duas amaram o Jorge. As outras 12 amaram o Kajuru. O glamour dos meus relacionamentos com atores, cantores, jornalistas, pessoas famosas. Nunca tive essas mulheres de verdade. Elas queriam a minha companhia para ter acesso a uma vida de badalação, aparecer em tevê, revista, jornal. A pior coisa da vida é perceber que alguém está na sua cama por interesse em qualquer coisa, menos em você. E as pessoas sempre sabem que estão sendo usadas. Eu tentei mentir para mim mesmo e tentar salvar algumas relações. Foi impossível. E vou contar mais. Essas mulheres acabaram com o meu patrimônio. Todas as vezes que me separei deixei casa, carro. Sou um banana na hora de dizer adeus. E encontrei muita aproveitadora, mesquinha. Me acho tão esperto, mas a última mulher por quem me apaixonei eu levei para a minha casa no Rio de Janeiro.
Depois de um mês, a mulher rouba tudo o que tinha pela casa. Eu sou assim, quando eu amo, confio, dou a vida. As mulheres me fizeram de gato e sapato. Dilapidaram o meu patrimônio. Se não fosse por elas, estaria rico.
Explique essa história de que o Sócrates se matou. Ele não bebeu a vida toda?
Bebeu. Eu o conheço desde os 14 anos em Ribeirão Preto. Um gênio, inteligente, talentoso, grande amigo, alegre, o irmão que não tive nesta vida, já que sou filho único. Beber era a sua alegria. Sempre soube disso. Mesmo quando jogava futebol. Quando parou, continuou bebendo. Eu falava, mas nunca dei aquele esporro que ele merecia para parar porque achava que ele era médico. Sabia até onde poderia ir. E a situação estava mais ou menos controlada até que ele se separou de mãe do seu filho Fidel. Ele tinha adoração pelo menino. E a mãe, magoada com o Sócrates, o proibia de ver o garoto. Essas coisas terríveis de separação. Ele ficou desolado. Um dia me chamou para conversar e me disse: "Kajuru, perdi a alegria de viver. Eu quero morrer". Fiquei louco tentando animá-lo. Mas não teve jeito. O Sócrates começava a beber de manhã e só parava de madrugada. Ele ia me visitar no Rio e entrou neste processo. Por isso que eu digo que se suicidou de tristeza por causa do filho. Quando ele soube que estava com cirrose, não se importou. Foi internado quatro vezes e não três.
Uma já em Ribeirão Preto. Quando saiu da última vez, tinha de seguir um regime terrível para tentar se segurar e esperar um transplante de fígado. Mas ele optou por morrer. Continuou a beber. Dias antes da última internação, ele tomou garrafas de vinho. Queria e consegui morrer. Ah, Magrão...Você não sabe a falta que você me faz...Tem uma coisa que eu quero tornar pública sobre a internação dele.
O que é, Kajuru?
Quero revelar a indignação da famílida do Sócrates com o Andres Sanchez. A insensibilidade deste homem não tem tamanho. Não quero nem falar sobre todas as homenagens que o Magrão deveria ter recebido do Corinthians e não recebeu. Esse presidente é pequeno e a história vai colocá-lo no seu devido lugar. O Sócrates nunca quis a menor proximidade dele porque sabia da ligação profunda com o Ricardo Teixera, com o Lula, com o Ronaldo. Gente que não merece o que tem. Na primeira internação, o Sócrates já estava muito mal por causa da cirrose.
Quando chega no hospital um pacote imenso. A família pensou que fosse um presente. Quando o pacote foi aberto, a surpresa. Dentro dele estavam milhares de folhas de sulfite com as contas do Corinthians. Andres mandou entregar para o Sócrates quando ele estava recebendo a sentença de morte no hospital. Ele teve milhões de chance de entregar essas contas quando o Magrão estava forte, trabalhando no Cartão Verde. Esperou ele estar à beira da morte. Me dá nojo quando lembro dessa situação. E as homenagens que o Corinthians deveria fazer a ele nunca acontecerão enquanto Andres e seus amigos estiverem mandando no Corinthians. Nunca. Por que o Sócrates nunca se dobrou à essa gente. Não vou falar o que realmente penso sobre o Andres por que não quero mais processos na minha vida. Só lamento o Corinthians estar entregue a essa pessoa. Mas quero falar do Andres e sim lembrar que o Sócrates por exemplo salvou a minha vida. Estava depressivo em um condomínio afastado de Ribeirão Preto. Continuava pensando em morrer, quando o Magrão foi meu herói. Arrombou a porta que eu deixava trancada para não receber ninguém. Arrombou e me levou para a sua casa. Cuidou de mim como um irmão mais novo. Ninguém faria isso, ninguém seria tão solidário. Eu não tenho palavras para agradecer o que esse homem fez por mim.
Vamos falar a sério sobre os processos. Quantos foram e você admite os exageros, até alguma irresponsabilidade nas suas acusações?
Eu fui processado 118 vezes. Nunca falei ou escrevi de ninguém sem que eu soubesse o que fazia era o certo. Mas admito que exagerei. Por tentar dar adjetivos agressivos, grosseiros, perdia a essência das minha acusações. Se eu digo que um político é um ladrão, eu tenho de provar. Aprendi na prática. Fazia o certo da forma errada. E comprei brigas bobas. Como a com a Luciana Gimenez. Falei que ela era tão burra quanto uma mesa. E apontei para a mesa. Ela me processou. E na Sônia Abraão, eu disse que havia pensado muito e tinha decidido pedir desculpas no ar. A Sônia me elogiou. E falou que eu estava tomando uma grande atitude. E eu pedi: pedi para a mesa por ter comparado a sua inteligência a de Luciana Gimenez. Outro processo! Mas essa fase passou. Estou enxergando que só eu me ferrei. Os poderosos estão roubando e vão continuar a vida inteira. Deus me deu a chance de aprender a controlar a minha boca, a minha indignação.
Se eu fosse dono de uma televisão ainda não colocaria ao vivo. Ainda... Porque estou no final do processo de dominar a minha raiva, a minha boca. Estou renascendo como jornalista, como apresentador. Continuo veemente, mas agora sei até onde posso ir. Estou sendo orientado por pessoas que realmente gostam de mim. E só não querem me ver queimar como aconteceu na TV Bandeirantes, por exemplo, quanto fui demitido ao vivo. E da maneira mais injusta possível.
Kajuru, esse foi um marco do jornalismo. O que aconteceu de verdade?
Foi o seguinte. Eu fui para Belo Horizonte cobrir o jogo Brasil e Argentina. O jogo aconteceu em 2004. Estava lá para mostrar o ambiente do jogo. Cheguei bem cedo no Mineirão. E várias e várias pessoas se aproximam de mim denunciando o que o Aécio Neves tinha feito. Havia uma entrada para deficientes com rampas e um grande espaço físico para que eles entrassem tranquilamente no estádio. Só que o Aécio mandou que aquele espaço fosse reservado para as pessoas vips que eram importantes para ele, que sonhava com a presidência. Eram políticos, cantores, atores, milionários. Era uma vergonha. Comecei a denunciar essa situação ainda na hora do almoço. E a sacanagem é que na Bandeirantes todos só me incentivavam. Falavam que eu estava arrebentando. A audiência não parava de subir com a minha denúncia. E eu lá falando. Da hora do almoço, depois fui participar do programa do Datena, às seis da tarde. E mais cacete no Aécio. Os diretores, as pessoas que comandam o programa me colocando pilha, falando que eu estava arrasando. E me deixei levar. Fiz a mesma coisa no Jornal da Band que era apresentado pelo Carlos Nascimento. No intervalo, ele me falou que estava espetacular a denúncia, que eu era o Kajuru que eles queriam. E estava chegando a hora do jogo. E passei a apresentar o programa que apresentava a partida, de lá. De Belo Horizonte.
Direto do lugar que o Aécio tinha reservado para seus convidados. Foi quando às 20h28 me tiraram do ar. Falaram que estavam com problemas técnicos. E na verdade, eu havia acabado de ser demitido pela direção da Band. Só soube no dia seguinte. A tevê não queria ficar contra o Aécio. Hoje eu entendo o envolvimento comercial até da situação, com propagandas. É uma situação nojenta, mas não sou mais ingênuo, consigo perceber como as coisas funcionam. E que há maneiras e maneiras de mostrar os absurdos deste país. A maior sacanagem foi que a Band se recusou a me pagar a multa de R$ 5 milhões que eu tinha no contrato. Qualquer advogado ganharia essa causa. Mas nunca processei ninguém. E muita gente me fez mal. Mas nunca como a Band. Me senti apunhado porque eu era incentivado para fazer as coisas que fiz por lá. Pensei que me orientavam, mas as pessoas só pensavam na audiência. Só na audiência. Me usaram o quanto puderam. E quando viram que exageram, me apunhalaram. Porque não existe alguém que fale tudo o que quer na tevê se não há quem deixe, incentive.
A Band me queria denunciando o Aécio. E a mesma Band me mandou embora sem o que eu tinha direito por denunciar o Aécio.
Você vivia o seu auge de popularidade. Você não havia se perdido com tanto sucesso?
Confesso que sim. Desde que a minha santa mãe morreu, eu perdi o rumo. Perdi a única pessoa que me colocava limites. Eu ganhava muito dinheiro. Eram R$ 150 mil por mês que a Band me pagava. Não sabia onde gastar. Fique dois anos lá e não tive a decência de comprar um apartamento para mim. Eu só queria saber de aproveitar. Pagava toda a semana para transar com uma mulher gostosa e famosa. Tinha de ser gostosa e famosa. Pagava mesmo. Uma por semana. Era a minha meta. E cumpri direitinho. Fora as farras que fazia pelas boates da vida, levava os amigos e pagava tudo. Sempre fui mão aberta. Muitas vezes não tinha a menor noção do que havia feito na noite anterior.
Não me droguei. O resto fiz de tudo. Queimei com farra, com mulherada. Pensei que fosse morrer de tanta farra. Me sentia o dono do mundo. Hoje vejo o quanto fui irresponsável e imbecil. Só me prejudiquei. Tinha certeza de que aquilo nunca iria acabar.
Em 2003 você recebeu um famoso convite para trabalhar na TV Globo, não foi?
Foi. E acredito ter sido o único jornalista esportivo do País a dizer não para a Globo. Eu cresci vendo o João Saldanha. Juca Kfoury me ajudou a enxergar o que é realmente a Globo. E como ela usa a sua proximidade do poder para fazer o que quer com o País. Ela mascara tudo. Principalmente o futebol. Fica fazendo lavagem cerebral mostrando dribles, gols, torcida. E esconde da maneira mais indecente possível o que acontece fora do campo. Eu tenho condições de falar porque recebi a proposta de trabalho e sei como é. Fui em quatro reuniões com o Galvão Bueno e a cúpula da Globo para conversar. O diretor de Esportes da Globo, Luiz Fernando Lima, me mostrou como as coisas funcionam por lá. "Você não pode reclamar do horário do jogo. E muito menos falar mal do Eduardo Farah (na época, presidente da Federação Paulista de Futebol). E muito menos de Ricardo Teixeira. Eles são nossos parceiros." Assim. na cara dura. Sem a menor vergonha.
Eu comandaria o Globo Esporte, comandaria uma mesa redonda no Esporte Espetacular. E ainda faria um quadro no Fantástico com a Ana Paula Padrão. Seria a Bela e a Fera. Fui nestas reuniões para saber de verdade como a TV Globo trabalha. Percebi como ela se tornou poderosa. Principalmente no esporte. Disse não à Globo ao vivo, na TV Bandeirantes. Ninguém acreditou. Galvão que é meu amigo, queria me matar. Mas fiz o que a minha consciência, meu coração mandou.
Por falar em TV Globo, que polêmica é essa com o Thiago Leifert?
É simples. Não vou ficar calado vendo um menino posar dizendo que revolucionou a apresentação de jornais esportivos no País. Espera um pouco. Será que o meu trabalho merece ser tão desprezado? Fui o primeiro a falar de uma maneira descontraída, sem roteiro até. Ninguém antes de mim se sentava no estúdio durante a apresentação. Até dobrar a perna como ele faz. O mais revoltante para mim é ele chamar o ponto de 'voz da consciência'. Exatamente como eu fazia na Band. Será que todos estão loucos? O menino que é filho de um diretor da Globo faz a mesma coisa que eu cansei de fazer e é visto como um gênio? E ainda tem a coragem de dizer que não me conhece. Eu não quero mais brigas na minha vida, mas não podia ser humilhado desta forma. A TV Globo pensa que ainda faz e desfaz no País. Só que não é mais assim.
Eu não sou mais irresponsável com o que falo. Mas esse menino tem de ser colocado no seu devido lugar. Se me copia, pelo menos disfarça, diz que é homenagem. Mas ele é o retrato da Globo, prepotente, arrogante e que pensa que está acima do bem e do mal. Só que este período da história já acabou. Graças a Deus!
Kajuru, fale da sua doença...
Quero aproveitar essa entrevista para fazer um alerta público contra a diabetes. É uma doença silenciosa, terrível. Ela mata, consome o ser humano de maneira cruel. E hoje é facilmente detectada. Basta fazer exames periódicos, todos os anos. O governo deveria incentivar, fazer esses exames em massa. Mas vou dar o meu exemplo pessoal que marca mais. Minha avó e minha mãe morreram de diabetes. E eu me achando acima do bem e do mal. Até que um dia caí de cama. Tive um absesso terrível. Pensei que fosse só uma inflamação intestinal. Só que ela não passava. Fiquei de cama. Os médicos me dando antibióticos. Até que o Sócrates foi me visitar. E ele era um médico espetacular.
Me disse que se eu não fosse operado, iria morrer. Me fez chamar um outro médico e fui levado às pressas para o hospital. Iria mesmo morrer. A minha taxa de açúcar no sangue era altíssima. Minha taxa de glicemia chegou a 430. Uma loucura. Sofri uma operação de seis horas para a retirada do absesso. E a retirada afetou a minha potência sexual. Com 40 anos. Isso para o homem é a morte. Depois, mesmo tentando controlar, a doença levou o meu olho direito. E deixou 18% de visão do esquerdo. Tudo isso poderia ter sido evitado se eu me cuidasse. Fiquei depressivo. Foi quando tentei me matar. Mas conheci o médico Aureo Ludovico. Ele fez uma operação no meu intestino.
Mexeu no intestino delgado, duodeno e reduziu parte do estômago. Foi a cura do meu diabetes. Há sim cura e ela não é divulgada por causa do poder econômico dos laboratórios. Não sou mais impotente. A taxa da glicemia está controlada. Deus me deu uma nova chance na vida.
Qual o seu maior erro profissional?
Dizer não à Record. Me dói lembrar o quanto eu fui burro. Sem noção da realidade. Tive uma reunião com a cúpula da tevê. Me chamaram e ofereceram R$ 200 mil por mês. E me disseram que eu iria apresentar o programa Cidade Alerta. A Record iria pagar a minha multa de R$ 650 mil da RedeTV! Mas a proposta era só para mim. E eu estava apresentando um programa com o Juca Kfoury na RedeTV! Ele me falou para eu ir. Só que eu não quis largar o Juca que é para mim um irmão mais velho. E ele insistindo que era bobagem. Disse não. Aí, o Milton Neves aceitou. Entrou no meu lugar. E ganhou um caminhão de dinheiro e seguiu a vida dele. Eu me arrependo profundamente de ter dito não. Minha vida teria mudado. Nunca me perdoei. E depois disso caí na besteira de ficar atacando a Record. Falei um monte de bobagem.
Xinguei sem pensar. Um ataque desnecessário, gratuito. Besta, sem fundamento. Eu realmente devo desculpas à TV Record, que nunca me fez nada de mal. A não ser me oferecer o melhor emprego da minha vida. E eu disse não.
O que você acha da Copa do Mundo no Brasil?
Torço como um desesperado para o Brasil fracassar, seja derrotado. Há um estudo feito pela USP e pouco divulgado mostrando que o Brasil teria um progresso de 20 anos se o dinheiro que será gasto na Copa e na Olimpíada fosse aplicado em obras sociais. Não temos saúde, segurança e educação. Mas colocamos bilhões de dólares em estádios que não precisam ser construídos. Só por causa de pessoas como Ricardo Teixeira e Lula, que só pensam nelas e colocam o interesse de milhões para trás. Eu quero falar que estou extremamente decepcionado com o Ronaldo. Ele se prestar a escudo de Ricardo Teixeira joga no lixo a sua imagem. Sua carreira maravilhosa já lhe deu milhões. Mas ele tem uma ganância inacreditável. Quer ganhar muito mais a qualquer custo. Ele não falou que o Ricardo Teixeira tinha dois caráteres? Quem é que tem dois caráteres agora: ele ou o Ronaldo? O Pelé também é outro. Se juntou ao Teixeira que até tinha processado.
Será que sou louco ou mesmo com apenas 18% da visão estou enxergando mais do que muitos? O Ricardo Teixeira é um câncer para o futebol brasileiro. Pensa que o futebol é dele e faz o que quer. Só que eu aviso agora para quem puder ler essa entrevista. Pior do que ele só o Andres Sanchéz. Ele é dissimulado. Tem ligações poderosas. O estádio de Itaquera, de um bilhão de dinheiro púbico, saiu graças a uma birra com o presidente do São Paulo. Ele vai fazer muito mal ao futebol brasileiro se chegar ao comando. Será pior do que o Teixeira. Eu estou falando publicamente só um pouco do muito que sei.
E do Mano Menezes, o que você acha?
Ele é o técnico do Andres, do Ronaldo, do Ricardo Teixeira. É do time. Não vou falar mais nada para não ser processado. O Muricy Ramalho nunca daria certo trabalhando com esse tipo de gente. Eu lamento demais a Seleção Brasileira por quem o povo é apaixonado estar nas mãos destes homens. Eu lamento.
Como é a sua situação profissional atual?
Eu tenho contrato com o SBT. Falo para as afiliadas do SBT. É um comentário de cinco minutos. O Silvio não me deixa falar para o Rio de Janeiro e São Paulo. Ainda não confia em mim nestas praças. Mas ele vai entender que estou mudado. Comento também para mais de 200 emissoras de rádio do Brasil inteiro. E trabalho com todo o prazer no Esporte Interativo. Faço dois programas todos os dias. E ainda um especial com entrevistas. O Kajuru Pergunta. Além disso, tem o meu trabalho com o blog, facebook, twitter. Eu sou muito ligado em redes socais. Estou muito feliz com o que estou fazendo. Tenho dois convites para voltar de vez para a tevê aberta. Quero pensar até janeiro se aceito ou não. Volto a confirmar que me sinto bem demais no Esporte Interativo.
Que balanço você faz da sua vida, agora aos 50 anos?
Que um menino que, aos 10 anos, anunciava missas, mortes e colocava música para tocar na praça de Cajuru, pequena cidade de São Paulo, fui longe demais. Meu pai era padeiro e a minha mãe era merendeira. E eu convivi muito pouco com meu pai porque logo ele foi internado em um sanatório em Araras por ser alcóolatra. Não convivi com ele. Só quando eu era adulto ele me procurou quando estava fazendo sucesso e me disse: "Filho, você é o meu orgulho. Por você, nunca mais vou beber". E nunca mais bebeu. O exemplo do meu amado pai serve para mim. Errei por não aceitar limites. Alguém que controlasse a minha boca no microfone. Por que, graças a Deus, eu sou um excelente comunicador. As pessoas param para me ouvir desde que me conheço por gente. Sei que me deixei levar, exagerei, mas sempre fui sincero. Nunca me vendi, deixei levar a minha alma por dinheiro, nunca me corrompi. Nunca fui trabalhar onde não acreditava como a TV Globo, por exemplo. Errei, muito. Quase morri por causa dos meus exageros. Gritei, falei bobagens, xinguei quando não precisava. Hoje estou amadurecendo. Sinto ter muito espaço ainda na mídia. E quero aproveitar essa segunda chance que Deus está me dando. Se Ele deu é porque acha que mereço. Nunca tive mal dentro de mim. Muitas vezes fui ingênuo. Acabei usado. Me deixando usar. Mas esta fase acabou.
Fonte: http://esportes.r7.com/blogs/cosme-rimoli/
Chusma- Farrista Cheguei até aqui. Problem?
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